Detergente feito com bagaço de cana pode matar Aedes aegypti
Produtos naturais também podem ajudar a combater o mosquito
A criatividade também tem sido uma aliada no combate ao Aedes aegypti. A novidade do momento é um detergente feito com bagaço de cana que pode matar o mosquito transmissor do zika vírus, da febre chikungunya e da dengue. O produto, inclusive, já foi patenteado e só aguarda o investimento de empresas para entrar definitivamente no mercado.
A invenção surgiu em 2012, quando ainda era um inseticida. A descoberta foi feita por um grupo de alunos da Universidade de São Paulo (USP), no campus de Lorena. Depois de quase quatro anos, o detergente à base de bagaço de cana finalmente ficou pronto. Entenda o experimento.
Bagaço de cana não agride o meio ambiente
Segundo um dos responsáveis pelo projeto, o objetivo inicial da pesquisa era criar um inseticida que não atingisse o meio ambiente ou os animais, tanto na produção quanto no uso. Por isso, a escolha pela matéria-prima já mencionada.
O detergente é, na verdade, à base de micro-organismos que são cultivados com o bagaço da cana de açúcar. Funciona da seguinte forma: em contato com a água, o produto reduz a tensão da superfície, o que desestabiliza as larvas do Aedes aegypti, fazendo com que elas afundem. Além disso, elas se desfazem em até 48 horas.
A eficácia do produto já foi comprovada, segundo o doutorando em biomedicina Paulo Franco, um dos responsáveis pelo projeto. O trabalho rendeu ao pesquisador a seleção para a final do prêmio Idea to Product, organizado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos. De acordo com Franco, desde o ano passado, o inseticida já está disponível para laboratórios.
Repelente caseiro pode funcionar
Outra que pode ajudar no combate ao Aedes aegypti é um repelente à base de citronela. Segundo o farmacêutico e professor da Unopar Rafael Honório e Silva, a substância natural é indicada tanto para uso tópico quanto no ambiente.
“Os princípios ativos têm eficácia de aproximadamente duas horas, mas o intervalo de reaplicação tende a ser menor, caso a pessoa seja exposta ao sol e à água”, explicou o professor.
De acordo com o especialista, o repelente não deve ser aplicado em ferimentos e mucosas e não é indicado para crianças menores de 2 anos. Conforme Silva, a contraindicação não se dá por toxicidade, mas por falta de estudos nessa faixa etária. Portanto, repelentes tópicos, mesmo sendo naturais, possuem restrições.
Vale lembrar que tanto o detergente feito de bagaço de cana quanto o repelente à base de citronela podem ajudar a combater o Aedes aegypti, mas, sozinhos, têm sua eficácia comprometida. Por isso, você não deve se esquecer dos cuidados básicos de prevenção contra o mosquito e as doenças que esse vetor causa.
Os principais cuidados são com os criadouros do inseto. Procure evitar qualquer recipiente que possa reter água. Pneus, piscinas, vasos de plantas, caixas d’água e calhas são os lugares preferidos do mosquito para colocar suas larvas.