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Dezembro Vermelho: uso de PrEP não pode substituir o preservativo, alerta infectologista

Campanha mobiliza a sociedade na luta contra o HIV; no Brasil, cerca de 1 milhão de pessoas vivem com o vírus, segundo o Ministério da Saúde

3 dez 2024 - 10h15
(atualizado às 10h16)
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Dezembro Vermelho visa mobilizar a sociedade na luta contra o HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Dezembro Vermelho visa mobilizar a sociedade na luta contra o HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Foto: iStock

Com a chegada do Dezembro Vermelho, campanha instituída pela Lei nº 13.504/2017 para mobilizar a sociedade na luta contra o HIV, Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), é importante estar atento aos casos no Brasil. HIV é a sigla em inglês para Vírus da Imunodeficiência Humana.

Apesar da redução nas infecções por HIV, os casos de outras ISTs, como sífilis, clamídia e gonorreia, estão em alta. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um milhão de ISTs curáveis e não virais ocorrem diariamente no mundo, principalmente em pessoas entre 15 e 49 anos. 

No Brasil, dados divulgados pelo Ministério da Saúde em outubro de 2023 apontaram um aumento de 23% nos casos detectados de sífilis por 100 mil habitantes.

Avanços no combate ao HIV

De acordo com um boletim da UNAIDS, programa conjunto das Nações Unidas que tem como objetivo liderar e coordenar a resposta global à epidemia de HIV/AIDS, foram registrados globalmente cerca de 39,9 milhões de pessoas vivendo com HIV em 2023. Entre eles:

  • 1,3 milhão foram infectadas naquele mesmo ano. 
  • 38,6 milhões tinham 15 anos ou mais; 
  • 1,4 milhão tinham menos de 15 anos;
  • 53% de todas as pessoas vivendo com HIV eram mulheres e meninas; 
  • Cerca de 5,4 milhões de pessoas não sabiam que estavam vivendo com HIV em 2023.

Embora as novas infecções tenham caído 39% desde 2010, a redução está aquém da meta para 2025, que é de menos de 370 mil novos casos por ano. No Brasil, a mortalidade por Aids caiu 25,5% na última década, mas ainda há cerca de 30 mortes diárias relacionadas à doença.

Apesar desses avanços, o infectologista e patologista clínico Celso Granato, da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), reforça a necessidade de ampliar o acesso à educação e prevenção. “É muito importante passar a mensagem de que a proteção deve ser ampla”, afirma o especialista.

Uso da PrEP e aumento de outras ISTs

O uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), medicação preventiva contra o HIV, pode estar contribuindo para o aumento de outras ISTs. Segundo o médico, embora a PrEP seja eficaz contra o HIV, seu uso não pode substituir o preservativo, que é essencial para prevenir outras infecções.

“A PrEP tem enorme importância, mas é para um público muito restrito dentre essa população que corre mais risco. Não basta usar um medicamento para evitar a contaminação pelo HIV e se descuidar para outras doenças. As pessoas precisam, primeiramente, eleger o preservativo como melhor método de precaução”, alerta o médico.

Estigmas e preconceitos ainda são desafios

Décadas após o surgimento do HIV, o estigma em torno do vírus ainda é uma barreira para a prevenção e o tratamento. Muitas mulheres e pessoas heterossexuais, por exemplo, não se protegem por acreditarem estar fora do grupo de risco. 

“O fato de as mulheres estarem se contaminando só pode ser falta de cuidado na prevenção e da disseminação entre pessoas heterossexuais. Elas têm que tomar todo cuidado e exigir do parceiro que faça uso de preservativo”, ressalta Granato.

Como agir em caso de exposição de risco?

Exames para detectar o HIV geralmente podem ser realizados de duas a três semanas após a exposição, mas, no caso de outras ISTs, o período varia. “Se a pessoa tiver uma ferida, no caso da sífilis, ela pode fazer exame após 5 a 10 dias. Já em situações como secreção vaginal alterada, o exame deve ser feito assim que a mudança for percebida”, explica o especialista.

O especialista reforça que os médicos precisam estar atentos às características de diferentes infecções para realizar o diagnóstico precoce. 

“Infelizmente, essas situações estão ficando cada vez mais comuns. O médico deve saber quando pedir os exames e como orientar o paciente”, conclui.

O Dezembro Vermelho é uma oportunidade para refletir sobre a importância de adotar medidas de prevenção, desmistificar preconceitos e reforçar a necessidade de tratamentos contínuos e eficazes no combate ao HIV e às ISTs.

Fonte: Redação Terra Você
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