Dezembro Vermelho: vamos falar de ISTs?
Os mais jovens estão abandonando o uso de preservativos, enquanto o número de infectados aumenta e preocupa Dezembro Vermelho é a campanha nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids, e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Há quem pense que esse assunto já está batido, mas isso é fácil de ser refutado. Basta observarmos […]
Os mais jovens estão abandonando o uso de preservativos, enquanto o número de infectados aumenta e preocupa
Dezembro Vermelho é a campanha nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids, e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Há quem pense que esse assunto já está batido, mas isso é fácil de ser refutado. Basta observarmos o aumento do número dos casos no Brasil e no mundo. De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2022 do Ministério da Saúde, esse crescimento foi de 15% entre 2020 e 2021 - a sífilis, por exemplo, passou de uma taxa de 59,1 casos a cada cem mil para 78,5 neste intervalo de tempo.
Número maior entre os jovens
O crescimento foi observado em todas as faixas etárias, mas os jovens entre 15 e 24 anos estão mais suscetíveis devido a um padrão preocupante: o abandono do uso de preservativos durante as relações sexuais. Dentre as possíveis motivações para isso estão problemas como mudanças comportamentais, falta de educação sexual adequada e dificuldade de acesso à informações e métodos de prevenção.
Dados do Ministério da Saúde apontam que 52 mil jovens com HIV passaram a desenvolver AIDS na última década. Paralelamente, o uso de preservativos nesta faixa de idade caiu de 47% em 2017 para 22% em 2019. No período de pandemia da Covid-19, saltou o número de aplicativos de relacionamento que incitavam a prática de sexo sem camisinha indiscriminadamente.
Diferente tipos de ISTs
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) podem variar em sintomas e gravidade, como esclarece o ginecologista e obstetra Alexandre Silva e Silva. "Alguns exemplos incluem clamídia, gonorreia, sífilis, herpes genital, HPV e HIV. Cada uma tem características distintas, mas é importante notar que algumas podem ser assintomáticas. O uso de proteção, como preservativos, é crucial para prevenir a transmissão."
Em termos de gravidade, ISTs como HIV e sífilis são frequentemente consideradas mais preocupantes, devido às consequências que elas podem causar na saúde a longo prazo. "O HIV pode levar à AIDS, comprometendo o sistema imunológico, enquanto a sífilis, se não tratada, pode causar danos graves a órgãos internos. No entanto, a gravidade também depende do estágio da doença e de fatores individuais", alerta o médico.
"Todas as ISTs merecem atenção, e a prevenção, detecção precoce e tratamento adequado são essenciais."
Tem diferença entre homens e mulheres?
Silva responde que sim, a gravidade das ISTs pode variar entre homens e mulheres. Isso se deve, principalmente, às diferenças anatômicas e biológicas. "Em mulheres, algumas ISTs podem levar a complicações ginecológicas, como doença inflamatória pélvica e complicações na gravidez. Em homens, certas infecções podem afetar a próstata."
Porém, o especialista enfatiza que as infecções podem ter impacto significativo em ambos os sexos. A gravidade, segundo ele, muda de acordo com fatores como a detecção precoce e o acesso ao tratamento adequado, independentemente do gênero.
Como reconhecer os sintomas comuns das ISTs?
De acordo com Silva, os sintomas variam, mas ele lista alguns sinais comuns.
- Corrimento anormal: pode ser amarelado, esverdeado ou com odor forte
- Coceira ou irritação genital: pode indicar infecções como candidíase ou tricomoníase;
- Dor ao urinar ou durante o sexo: sintoma comum em infecções como gonorreia e clamídia;
- Lesões ou feridas genitais: herpes genital pode causar úlceras dolorosas;
- Erupções cutâneas: podem ocorrer em várias ISTs, incluindo sífilis;
- Sintomas de resfriado: algumas ISTs, como o início do HIV, podem causar sintomas semelhantes a uma gripe.
"É importante lembrar que algumas ISTs podem ser assintomáticas. Se houver preocupações, é crucial procurar a orientação de um profissional de saúde para testes e aconselhamento adequados."
Assintomáticas, como assim?
Sim, algumas ISTs podem ser assintomáticas. Isso significa que uma pessoa pode estar infectada sem apresentar sinais evidentes. "Exemplos incluem clamídia, gonorreia, HPV e HIV em seus estágios iniciais. Isso pode afetar o diagnóstico, pois alguém pode não perceber que está infectado e, portanto, não procurar tratamento", explica o profissional.
Sendo assim, podemos reafirmar que o diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações. Testes regulares, especialmente para aqueles em grupos de maior risco, são essenciais. "O tratamento oportuno, quando necessário, não apenas ajuda o indivíduo afetado, mas também contribui para a prevenção da propagação das ISTs. A conscientização sobre a importância do teste regular e o uso de proteção são medidas fundamentais na gestão das ISTs", orienta.
Com que frequência devo realizar exames?
A frequência dos exames de rastreamento para ISTs depende de vários fatores, incluindo idade, atividade sexual, e se há parceiros sexuais novos ou múltiplos. Silva lista algumas recomendações gerais.
- Clamídia e Gonorreia: recomenda-se teste anual para adultos sexualmente ativos com múltiplos parceiros ou novos parceiros.
- Sífilis: Teste regular pode ser anual ou mais frequente, dependendo dos fatores de risco.
- HIV: testes regulares são recomendados para pessoas sexualmente ativas, especialmente se estiverem em grupos considerados de maior risco.
- HPV: o rastreamento pode incluir exames Papanicolau e teste de HPV, geralmente iniciando na idade adulta e seguindo as orientações médicas.
Como as ISTs são tratadas
O tratamento varia de acordo com o tipo de infecção. Algumas opções comuns incluem os antibióticos, utilizados para tratar infecções bacterianas como clamídia, gonorreia e sífilis; antivirais, recomendados para infecções virais, como herpes genital e HIV; e os medicamentos antifúngicos, usados em casos de infecções fúngicas, como a candidíase.
Já o tratamento do HIV/AIDS geralmente envolve terapia antirretroviral (TAR). "Essa terapia visa suprimir a replicação do vírus, reduzindo a carga viral no organismo", descreve o especialista. Nada substitui o olhar médico Mesmo que hoje as informações sejam de fácil acesso, o acompanhamento médico é insubstituível, especialmente as orientações quanto à dosagem e duração do tratamento para garantir a eficácia. "Efeitos colaterais podem variar, e é importante discutir qualquer preocupação com o médico, mas muitos tratamentos são bem tolerados", finaliza Silva.