Dia da Mentira: como funciona o cérebro de um mentiroso?
Neurocientista explica que o processo de contar uma mentira se divide em diferentes etapas, usando diversas regiões do cérebro
Neste sábado (1º) é comemorado o Dia da Mentira, tradição introduzida no Brasil em 1828, com o noticiário impresso mineiro "A Mentira". O periódico trazia em sua primeira edição a morte de Dom Pedro I na capa, e a publicação foi justamente em 1º de abril. Desde então, se tornou comum na data o uso de histórias falsas com tom humorístico, pregar peças e brincar com amigos e familiares contando mentiras. Mas você sabe o que acontece no seu cérebro quando você mente?
De acordo com o pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu, nosso cérebro utiliza diversas áreas para mentir e tornar a fala crível. "Para contarmos uma mentira são necessárias algumas etapas: primeiro, decidir que irá mentir; segundo, formular uma mentira verossímil; e terceiro, aparentar verdade", explica.
Segundo ele, a primeira etapa tem ligação direta com o córtex pré frontal, ventromedial e orbitofrontal. Essas são áreas do cérebro responsáveis pela análise de valores para tomar uma decisão. Nesse caso, a decisão de omitir um fato e substituí-lo por algo mais favorável.
"A segunda etapa, formular uma mentira verossímil, é a mais complexa. Utilizamos o lobo temporal para analisar as memórias, emoções e imagens visuais, o córtex cingulado anterior para o autocontrole e o lobo frontal para adicionar pitadas de racionalidade na nova narrativa, deixando-a mais crível", detalha o neurocientista.
"Para finalizar, é necessário passar a imagem de verdade. Para isso, a área mais utilizada é o córtex cingulado anterior, responsável pelo autocontrole para 'domar' o sistema límbico. Ele está relacionado à culpa por contar a mentira e pode gerar sinais físicos de nervosismo", afirma o Dr. Fabiano, sobre informações contidas em um estudo realizado sobre a "Mitomania".
Mitomania: a vontade compulsiva de contar mentira
Mitomania é um transtorno que atinge crianças e adultos. Ela gera uma compulsão por contar mentiras, mesmo que elas não estejam relacionadas a quaisquer benefícios, explica o neurocientista. O transtorno pode causar diversas consequências para a vida social do indivíduo, e também pode estar associado a outras condições, como personalidade antissocial, ansiedade e hiperatividade.
Por isso, da próxima vez que pensar que contar uma mentira pode ser o caminho mais simples para determinada situação, lembre-se que seu cérebro trabalha muito mais contando uma mentira, do que contando a verdade.