Dia do Combate ao Álcool: conheça 8 perigos da bebida para o organismo
Especialistas explicam como a ingestão excessiva dessa substância pode causar sérios danos ao corpo
Com o objetivo de conscientizar a população sobre os danos causados ao corpo pela ingestão exagerada de bebidas alcoólicas, no dia 18 de fevereiro é celebrado o 'Dia Nacional do Combate ao Álcool'. Considerando que o Brasil está entre os 10 países com maior consumo de álcool no mundo, segundo dados do Ministério da Saúde, a data ressalta a importância de restringir o consumo dessa bebida para a saúde e o bem-estar do corpo.
"O álcool é uma substância tóxica para o organismo humano e pode provocar doenças mentais, cânceres, problemas hepáticos como a cirrose, alterações cardiovasculares, com risco de infarto e acidente vascular cerebral, e a diminuição de imunidade; além de favorecer a desidratação, a inflamação e o acúmulo de líquidos", explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Se você ainda não está convencido sobre os perigos do álcool, confira, a seguir, 8 motivos pelos quais você deve evitar o consumo de bebidas alcoólicas. Veja!
1. Redução da capacidade do metabolismo
O fígado é o responsável por digerir as bebidas alcoólicas. Porém, esse mesmo órgão é o responsável pelo metabolismo de gordura. "O fígado trabalha diariamente quebrando as gorduras da sua alimentação e eliminando as toxinas. Quando você bebe álcool, acaba adicionando mais uma tarefa na função do órgão. Dessa forma, seu fígado não consegue processar a gordura de maneira tão rápida e eficientemente, pois estará, também, trabalhando para expelir o álcool. Como consequência, ocorre a desaceleração do metabolismo, levando, inclusive, ao acúmulo de gordura", explica a Dra. Marcella.
Logo, como o fígado já estará sobrecarregado na tentativa de metabolizar o álcool, o recomendado é que, depois de consumir bebidas alcoólicas, você evite alimentos pesados, como carnes vermelhas. Dê preferência a carnes brancas cozidas e grelhadas, além de muita salada e fruta.
2. Pele desidratada
A perda d'água causada pelo álcool afeta a saúde da pele. "A pele também é um dos tecidos periféricos de onde o organismo retira água para metabolizar o álcool. Como resultado, o tecido cutâneo pode sofrer com desidratação, descamação e perda de viço e brilho", afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Além de desidratar, o álcool também pode levar a um processo inflamatório da pele. Para manter a saúde da pele em dia, é interessante, além de ingerir bastante água e evitar o consumo de álcool, apostar na utilização de cremes hidratantes com antioxidantes para ajudar na recuperação do tecido cutâneo.
3. Inflamação e manchas na pele
O açúcar presente nas bebidas alcoólicas tem altíssimo índice glicêmico e, em excesso, pode provocar um fenômeno chamado de glicação. "Ligado a processos altamente inflamatórios no corpo, o açúcar (quando ingerido em excesso) é um vilão para as fibras de colágeno e elastina, que se tornam endurecidas, perdendo maleabilidade, flexibilidade e capacidade de sustentação, quando ocorre um processo chamado glicação", diz a Dra. Valéria Campos, Pós-Graduada em Laser e Dermatologia pela Harvard Medical School.
Além desses, a médica ressalta que o açúcar no sangue também pode favorecer a pigmentação excessiva da pele. "O açúcar também está ligado ao aparecimento de manchas. Essa inflamação constante pelo excesso de açúcar, comum na dieta ocidental, leva a um acúmulo de radicais livres ou AGEs (espécies avançadas de glicação). Eles são altamente inflamatórios e envelhecem precocemente o sistema, sendo necessários produtos tópicos e orais para ação antiglicante e desglicante", explica a profissional.
4. Dificuldade para engravidar
Mesmo o consumo moderado de álcool pode ter diversos efeitos maléficos no organismo, incluindo prejuízos à fertilidade. Segundo o ginecologista obstetra Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, um estudo do ano passado mostrou que as mulheres que desejam engravidar devem evitar o consumo excessivo de álcool. "Na segunda metade do ciclo menstrual, mesmo o consumo moderado de álcool está relacionado a chances reduzidas de gravidez, segundo o trabalho", explica o especialista.
Segundo o médico, os possíveis mecanismos biológicos que podem explicar a associação entre o consumo de bebida e a redução das chances de engravidar podem estar relacionadas à alteração nos processos envolvidos na ovulação devido à ingestão de álcool, de modo que nenhum óvulo é liberado durante a parte ovulatória do ciclo. Além disso, o especialista explica que o álcool também pode afetar a capacidade de um óvulo fertilizado se implantar no útero.
5. Dores nas articulações
O álcool também é um fator de risco para dores articulares. "Pode causar o aumento do ácido úrico no sangue, condição esta chamada hiperuricemia, que leva à inflamação das articulações e, quando não tratada, pode ocasionar lesões da cartilagem articular, que evoluem para a artrose", explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
6. Problemas na circulação
Por favorecer a desidratação, o álcool, além de aumentar a incidência de câimbras e dores musculares, também pode fazer com que o organismo retenha mais líquidos. "Como resultado, ficamos mais inchados e a pressão sobre as veias e artérias aumenta, o que pode contribuir para o surgimento de problemas vasculares como varizes e trombose", destaca a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
7. Cicatrização lenta
O consumo de álcool também é especialmente prejudicial para pessoas que acabaram de passar por cirurgias invasivas. "Isso porque o processo inflamatório provocado pelo álcool dificulta o processo de cicatrização e favorece o surgimento de cicatrizes inestéticas. Além disso, a substância afina o sangue, aumentando o risco de o paciente sofrer com sangramento e prolongando a tempo de recuperação", explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
8. Doenças bucais
Outra estrutura afetada pela perda d'água causada pelo álcool é a boca (e os dentes). "O processo de desidratação causado pelo álcool provoca a diminuição na produção de saliva. Como resultado, ficamos mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças como cáries, gengivites e erosão dental, visto que uma das principais funções da saliva é justamente proteger os dentes e as mucosas orais", afirma Dr. Hugo Lewgoy, cirurgião-dentista e doutor em Odontologia pela USP.
Por isso, além de ingerir bastante água, é interessante que você carregue consigo um kit portátil composto de uma escova de dentes, creme dental e escovas interdentais para realizar a higienização oral durante eventuais compromissos em que você vá beber.
Medidas para evitar os danos causados pelo álcool
A melhor dica é apostar na moderação e não tornar o ato esporádico de beber em um hábito rotineiro. "No geral, recomenda-se limitar o consumo diário a, no máximo, uma taça de até 150 ml e optar sempre pelas variedades que apresentam funcionalidades, como o vinho tinto e o seco. O vinho tinto, na verdade, figura entre as bebidas alcoólicas mais saudáveis, pois, é fermentado e rico em polifenóis, como o resveratrol, que são substâncias com grande poder antioxidante", esclarece a Dra. Marcella.
A médica afirma que evitar o consumo de bebidas destiladas é fundamental para manter a saúde do corpo. "Os destilados, por sua vez, não são fontes de polifenóis e possuem maior concentração de álcool em sua composição, o que reduz seus benefícios à saúde. Além disso, bebidas como cachaça, vodca, whisky e tequila tendem a ser absorvidas mais rapidamente e, no geral, são mais agressivas para o fígado. Ou seja, devem ser evitadas ou limitadas a quantidades menores que uma dose diária", finaliza a especialista.
Por Pedro Del Claro