Dia do Orgulho Autista: como é feito o diagnóstico em adultos?
Dificuldade em interação social, padrão de comportamento e interesses específicos são sinais comuns do TEA
Nesta terça-feira (18), é celebrado o Dia do Orgulho Autista, data criada para reduzir o estigma ao redor do transtorno do espectro autista. Esta é uma condição marcada pela dificuldade na interação e comunicação social, com reações desproporcionais aos estímulos sensoriais.
Segundo a ONU, 1% da população mundial possui o transtorno. Seguindo esta estimativa, o Brasil teria cerca de 2 milhões de autistas – porém, vale reforçar que o número não é oficial e o país não conta com uma base de dados única sobre o transtorno. Já os EUA tem uma pesquisa realizada pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), que mostra que uma em cada 36 crianças americanas são portadoras de TEA.
A maior parte dos diagnósticos de TEA são realizados ainda na infância, porém, em alguns casos, principalmente quando o grau de autismo é leve, o transtorno pode passar despercebido até a vida adulta. Mais recentemente, com o aumento da conversa ao redor da condição, esse diagnóstico tardio tem crescido.
"Com o conceito de espectro, o diagnóstico de TEA em adultos tem crescido. Muitas pessoas encontram uma resposta, um nome, para várias dificuldades que levavam consigo durante toda a vida. Geralmente associadas a relacionamentos interpessoais, a lidar com situações adversas ou mesmo estímulos externos. É um processo de autoconhecimento no final das contas", explica a médica psiquiatra Cíntia Braga.
A seguir, falamos sobre os sinais que podem ajudar a realizar o diagnóstico do autismo em adultos.
Sinais do TEA em adultos
Em 2023, a atriz Letícia Sabatella revelou ter recebido o diagnóstico de autismo aos 52 anos. Ela não foi a única famosa a ter feito a descoberta já na vida adulta. Adultos com TEA podem ser altamente funcionais, tendo tido a capacidade de aprender a disfarçar os sinais do transtorno. São eles:
- Dificuldades com a responsividade social: percepção, cognição, comunicação, interação e motivação sociais;
- Padrões restritos e repetitivos, que se alterados, provocam intenso sofrimento;
- Dificuldades importantes com estímulos externos: sonoros, luminosos ou de temperatura, por exemplo;
- Interesses específicos.
Como é realizado o diagnóstico de autismo em adultos?
A médica Cíntia Braga diz que com o advento das redes sociais ocorreu uma banalização de diagnósticos: "nem tudo que se tem em comum com sintomas possíveis do TEA vão configurar um diagnóstico. Se determinadas questões trazem sofrimento, é importante procurar um profissional habilitado", diz.
No caso dos adultos, o diagnóstico é feito através do teste neuropsicológico, aplicado por um profissional da psicologia habilitado.
De acordo com a profissional, o paciente portador do TEA deve ser acompanhado, idealmente, por uma equipe multidisciplinar. "Além do psiquiatra, o acompanhamento psicoterápico e da terapia ocupacional são tão importante quanto, bem como o acompanhamento nutricional e de educadores físicos", indica a especialista.