Dia Mundial de Cuidados Paliativos: o que são e como se diferem de outros tipos de tratamento?
Dados mostram que apenas 12% dos quase 60 milhões de adultos e crianças que precisam de serviços de cuidados paliativos os recebem.
Todos os anos, no segundo sábado de outubro, é celebrado o Dia Mundial de Cuidados Paliativos, data criada para reconhecer a importância desses cuidados e promover ações para garantir que todas as pessoas que precisam, tenham acesso a eles.
O Atlas Global de Cuidados Paliativos, divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), mostrou que apenas cerca de 12% dos quase 60 milhões de adultos e crianças que precisam de serviços de cuidados paliativos os recebem. Cerca de 18 milhões de pessoas morrem todos os anos com dor e sofrimento, devido à falta de acesso a cuidados paliativos e alívio da dor.
Mas, o que são os cuidados paliativos e como eles se diferem de outros tipos de tratamento? Para responder essas e mais dúvidas sobre o assunto, o Terra Você conversou com a médica paliativista da Saúde no Lar, Michele Andreata.
Principais objetivos
A médica explica que os cuidados paliativos visam melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves ou ameaçadoras à vida, abordando não apenas os sintomas físicos, mas também os aspectos emocionais, sociais e espirituais.
“Ao contrário dos tratamentos curativos, que têm como objetivo eliminar a doença, os cuidados paliativos focam no alívio dos sintomas e no suporte integral ao paciente, independentemente do estágio da enfermidade”, define.
Como é feito o tratamento?
A equipe de cuidados paliativos trabalha de forma interdisciplinar, colaborando com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais.
Esse trabalho conjunto visa criar um plano de cuidados centrado no paciente, integrando o manejo de sintomas, suporte emocional e planejamento antecipado de decisões, ajustando os cuidados conforme as necessidades de cada paciente.
A médica conta que a abordagem inclui o uso de analgésicos, como opioides para controle da dor, e medicamentos específicos para outros sintomas, como dispneia, náuseas ou ansiedade.
Técnicas não farmacológicas, como fisioterapia respiratória e terapias complementares, são frequentemente utilizadas para maximizar o conforto do paciente.
A família também é cuidada
Andreata ressalta que os cuidados paliativos proporcionam alívio do sofrimento, maior conforto e melhor qualidade de vida, mesmo em estágios avançados da doença. Para as famílias, o suporte oferecido ajuda a lidar com o estresse emocional, facilita a comunicação e promove o entendimento sobre a evolução da enfermidade, além de preparar para o luto.
“A comunicação clara e empática é fundamental para entender as preferências dos pacientes e tomar decisões compartilhadas. O apoio emocional é uma parte central dos cuidados paliativos, pois contribui para reduzir a ansiedade, melhorar a adesão ao tratamento e proporcionar um espaço seguro para expressar sentimentos e preocupações, tanto para o paciente quanto para a família”, conclui a médica.