Diabetes deve ser controlada para evitar riscos ao bebê
Os efeitos do diabetes materno também impactam o bebê. Muitos deles podem, no entanto, ser evitados com o controle durante a gravidez.
A doença é caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar. Isso acontece em virtude da deficiência da produção da insulina ou a resistência à ação desse hormônio, responsável por facilitar a entrada do açúcar nas células. Existem três tipos de diabetes: o tipo 1, o tipo 2 e o diabetes gestacional, exclusivo da gravidez.
Os dois primeiros apresentam maior risco de má formação congênita quando não tratados desde o início da gravidez. No primeiro trimestre, são desenvolvidos todos os órgãos do bebê - fase em que o diabetes gestacional normalmente ainda não se manifestou.
A partir do terceiro trimestre, o principal efeito da doença é o aumento do tamanho do feto, que pode apresentar o peso de 39 semanas, mesmo estando com 32, por exemplo. Também pode aumentar a quantidade de líquido amniótico (que envolve o bebê), o que eleva o risco de infecções.
Com esses fatores, o risco de parto prematuro também é maior. "Se o bebê tem peso maior que o esperado, o útero vai entender que está na hora de entrar em trabalho de parto", explica Alex Leite, endocrinologista do Hospital e Maternidade São Luiz, de São Paulo.
Na hora do parto, é possível que seja difícil retirar o bebê, em cesárea ou parto normal. Após o nascimento, ele pode apresentar hipoglicemia. "O bebê estava acostumado com uma quantidade excessiva de açúcar que ele recebia da mãe e, quando nasce, isso acaba", diz o médico. Há também o risco de problemas respiratórios, devido ao excesso de peso, e icterícia.
Criança diabética e obesa
Estatísticas mostram que filhos de mães que tiveram diabetes gestacional têm maior predisposição a obesidade e diabetes tipo 2 na infância - tipo que é mais comum em adultos, porém cuja recorrência tem aumentado entre as crianças.
"Durante a gestação, o feto não é diabético e ele também não nasce diabético. Só que a mesma predisposição genética para desenvolver a doença que a mãe tem é passada para a criança e, em algum momento da vida dela, ela pode ter a doença", afirma Alex. Quem desenvolve diabetes gestacional teria a mesma predisposição genética de quem tem diabetes tipo 2.
Há, no entanto, a hipótese de que os altos níveis de açúcar na gravidez possam programar o organismo do bebê durante sua vida intrauterina, o que o levaria a ter diabetes no futuro. Essa relação, no entanto, não foi comprovada cientificamente.
Uma pesquisa em andamento feita por Karen Logan, da Imperial College London, na Inglaterra, pode ajudar a identificar os riscos dos filhos de mulheres que desenvolveram a doença na gestação terem diabetes tipo 2. Com financiamento da organização beneficente britânica Action Medical Research, a pesquisadora irá comparar grupos de bebês cujas mães tiveram diabetes gestacional com aqueles cujas mães não tiveram. A intenção é procurar as "impressões digitais" metabólicas que levam os filhos a ter a doença e, assim, entender melhor como tratá-la.
Tratamento
Os riscos que a doença apresenta na gestação podem ser minimizados com tratamento adequado. "Os riscos que ela corre durante a gestação serão semelhantes aos riscos de uma gestação normal", afirma o endocrinologista.
Em muitos casos de diabetes gestacional, o controle é feito apenas com dieta balanceada, evitando abuso de carboidratos, doces e alimentos muito calóricos. Se a mulher tiver diabetes tipo 1 ou 2, o uso de insulina é necessário na maioria das vezes. "Ela não apresenta riscos ao bebê porque não atravessa a placenta e pode ser usada em qualquer situação", explica o médico.
A alimentação balanceada pode ajudar a prevenir o desenvolvimento do diabetes, em qualquer etapa da vida. Não há, no entanto, como evitar a doença. Por isso, é importante que a mulher realize exames dos níveis de açúcar no sangue antes e durante a gravidez, para controlar a doença.
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