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Comer menos não resolve questões emocionais da obesidade

De acordo com especialista, bebemos e comemos pra comemorar, mas também recorremos à comida quando estamos tristes

1 ago 2014 - 12h11
(atualizado às 12h22)
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Foto: Getty Images

Diminuir a quantidade de comida ou mesmo eliminar determinado alimento da dieta pode não surtir efeito na perda de peso, mas, ao contrário, até piorar o quadro já que para algumas pessoas, perder peso interfere em mecanismos emocionais desencadeados por questões pessoais que precisam ser tratados.

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É o que explica o psiquiatra Arthur Kaufman, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com ele, é possível tratar distúrbios alimentares e emagrecer sem deixar de comer um doce ou tomar um refrigerante. "Comer pode representar, mais do que uma necessidade do organismo, uma questão emocional", afirma o especialista ao destacar que a comida, em todos os tempos, sempre esteve associada a sentimentos.

"Há pessoas para quem a comida exerce o mesmo efeito - excitante ou calmante - da droga e ela é capaz de desenvolver um distúrbio alimentar que a leva a comer mesmo sem fome, por tristeza, alegria ou ansiedade".

Nesses casos, o tratamento deve ser focado no distúrbio alimentar e em sua causa emocional e não na doença "obesidade" em si, explica.

"Bebemos e comemos pra comemorar, mas também recorremos à comida quando estamos tristes - sobretudo às mais calóricas. Costumamos nos dar o direito aos excessos por achar que naquele dia merecemos. Quem nunca disse: comi tudo o que tinha direito?", observa.

Segundo Kaufman, a comida está associada a coisas boas não apenas pela questão da alimentação, mas porque as comemorações - aniversários, celebrações, casamentos - são sempre feitas com comida calórica.

"Ninguém comemora uma conquista ou se consola por uma perda comendo alface. Interpretamos que por estarmos feliz merecemos comer o que queremos, e o mesmo ocorre quando estamos tristes", comenta.

Por isso, é um distúrbio difícil de tratar, sendo necessário desfazer essas associações e conter os impulsos que já estão automatizados no comportamento.

"Indico aos meus pacientes que criem um 'kit emergência' para os momentos em que estiverem chateados, porque a tristeza é má conselheira", sugere o especialista.

Outra dica do psiquiatra é organizar um diário alimentar: anotar o que come de acordo com os dias, horário e quantidade, o local e o que está sentindo, e se comeu sozinho ou com alguém.

"A companhia é importante porque há pessoas que nos deixam mais tensos e fazem com que comamos mais", alerta.

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EFE   
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