Dieta da tênia? Veja regimes perigosos do tempo da bisavó
Fazer loucuras para ver o ponteiro da balança descer não é coisa de hoje. Conheça as loucuras que sua bisavó já fazia para perder uns quilinhos, como a Dieta da Bela Adormecida
Não existe um mês que passe sem surgir um novo método para perda de peso, com vários adeptos, e vendido como o verdadeiro segredo para emagrecer. Mas apesar de surgirem e virarem moda mais rapidamente agora do que no início do século passado, dietas nada saudáveis não são novidade. O site Daily Mail reuniu as técnicas mais bizarras para eliminar alguns quilos, desde 1800 até hoje.
1820: Dieta do vinagre e água
O poeta Lord Byron aparentemente tinha uma “mórbida propensão a engordar”. Para tentar manter a forma, ele adotava uma dieta no mínimo esquisita. Água, vinagre, ovos cozidos e biscoito de água e sal eram as únicas coisas que podiam entrar na boca dele.
Lord Byron mantinha um registro do próprio peso em uma loja de vinhos de Londres. Segundo os documentos, ele chegou a perder mais de 30 quilos com esse regime extremo. Por ser famoso e influente, a fixação do poeta com o próprio peso acabou infestando a sociedade, fazendo com que mulheres jovens de todo o Reino Unido adotassem seu plano alimentar e iniciando a obsessão atual com dietas.
Hoje, ele certamente seria diagnosticado com um transtorno alimentar. O regime nada saudável era intercalado com períodos de compulsão, ingerindo quantidades exageradas de comida.
Byron também costumava se enrolar em várias camadas de roupa, em uma tentativa de suar até perder peso.
Início de 1900: Dieta de mastigar e cuspir
Também conhecida como “dieta da Mastigação”, ela envolve encher a boca a cada garfada, mastigar várias vezes e jogar fora tudo o que permanecer na boca. Baseado na ideia de que liquidificar a comida impede que você engorde e desenvolvido por um empresário norte-americano, Horace Fletcher, o regime permite que você “coma” qualquer coisa que desejar, mastigue pelo menos 100 vezes e cuspa o que sobrar.
A porta-voz da Associação Dietética Britânica, Sioned Quirke, diz: “imagina a dor no maxilar depois de fazer isso! Nós encorajamos as pessoas a mastigar bem a comida, porque não só ajuda o sistema digestivo mas também com a perda de peso, já que elas se sentem saciadas com menos comida. Mas não necessariamente 100 vezes.”
1925: Dieta do fumo
Antes dos perigos do cigarro ser conhecidos, acreditava-se que ele poderia ajudar com alguns problemas de saúde. E, na década de 1920, as pessoas começaram a usá-los como supressores de apetite em tentativas de perder peso.
Em 1925, a marca Lucky Strike chegou a lançar uma campanha que dizia para as pessoas procurarem por “um Lucky, em vez de um doce”. Os anúncios aconselhavam explicitamente a fumar e não comer.
Segundo Sioned Quirke, a nicotina de fato suprime o apetite, e quem para de fumar pode ganhar alguns quilos por causa disso. “Mas fumar para perder peso não é justificável, principalmente levando-se em conta as altas taxas de mortalidade que o hábito de fumar traz no Reino Unido.”
1930: Dieta da toranja
A toranja, ou grapefruit, é uma fruta mais comum no hemisfério norte. Por isso, como o nome sugere, esse regime consistia em consumir uma quantidade exagerada dessa fruta.
Apesar de também defender um baixo consumo calórico, a principal ideia por trás dessa dieta era comer pelo menos uma toranja com cada refeição, já que a fruta supostamente ajudaria o corpo a queimar gordura.
Ainda que comer bastante frutas e vegetais traga benefícios para o corpo, certamente não existe neles uma enzima que sugue a gordura do seu organismo.
1940: Dieta da sopa de repolho
Talvez você já tenha até ouvido falar nessa maluquice, já que ela é constantemente reinventada desde que surgiu, na década de 1940. Consiste em cozinhar e bater um caldo simples, à base de água e repolho, e comer isso – apenas isso. Você pode comer quantas tigelas dessa sopa quiser, desde que não ingira calorias de nenhum outro lugar.
Além dos efeitos colaterais nada agradáveis (que incluem fome extrema, desejos incontroláveis, dores de cabeça, falta de concentração, mudanças bruscas de humor e letargia) e da pouca qualidade nutricional da dieta, todo o peso perdido com essa maluquice é de água e massa muscular. “Assim que a pessoa retornar a uma alimentação normal, os números da balança subirão novamente”, diz Sioned.
1950: Dieta da tênia
Possivelmente uma das piores ideias da história das tentativas de perder peso: deixar-se infectar com uma solitária – geralmente engolindo um filhote de verme vivo, ou tomando uma pílula recheada de ovos do bicho.
Uma vez dentro do intestino humano, a tênia vai crescer usando os nutrientes ingeridos e deixando o hospedeiro malnutrido e indisposto, o que significa que você não consegue absorver calorias dos alimentos e perde peso. Há rumores de que a famosa cantora de ópera Maria Callas teria perdido quase 30 quilos com essa “dieta”.
Mas os vermes também depositam milhões de ovos nos seus órgãos e podem chegar a 6 metros de comprimento, e viver por anos dentro do seu corpo. O método de emagrecimento é tão eficiente quanto deixar uma pessoa passando fome até a morte. Além disso, as larvas do parasita podem mastigar um caminho para fora do intestino e parar na corrente sanguínea, causando cistos perigosos, inclusive nos olhos e no cérebro.
1970: Dieta da Bela Adormecida
Usando a lógica de que se você está dormindo, não consegue consumir nenhuma caloria e, portanto, perderá peso, essa dieta era supostamente usada por Elvis Presley.
Ainda que dormir bastante seja ótimo para a saúde e que estudos mostrem que sim, ajuda a emagrecer, a estratégia da Bela Adormecida promovia quantidades excessivas de sono – essencialmente, a maior parte do dia deveria ser passada na cama, para garantir que as calorias consumidas se manteriam extremamente baixas.
Além disso, o uso de sedativos e remédios para dormir era comum nessa dieta para fazer com que seus seguidores caíssem no sono artificialmente, o que pode causar dependência, danos nos órgãos e até a morte.
2000: Dieta da bola de algodão
Em outra extremamente perigosa dieta da moda, aqueles que esperavam eliminar alguns quilos substituíam refeições completas e saudáveis por... bolas de algodão. As bolas, que poderiam ser molhadas em suco ou café para terem algum gosto, eram comidas para criar a sensação de estômago cheio, fazendo com que seus adeptos consumissem menos alimentos de verdade – e, portanto, menos calorias.
Esse regime chegou às manchetes dos jornais, também chamado de “dieta do tecido”, e era comum entre modelos. É extremamente perigosa devido à composição das bolinhas de algodão. “Nosso corpo foi desenvolvido para digerir comida, e não poliéster e outros produtos químicos”, diz Sioned Quirke. “No mínimo, vai causar uma grande obstrução do sistema digestivo.”
2000: Dieta do hCG
Essa dieta extremamente controversa combina um remédio para fertilidade com um regime restritivo de 500 a 800 calorias por dia. Existem muitas variações dessa dieta, mas quase todas incluem refeições bem específicas e rigorosas, como uma fruta, um vegetal e um pão. Em algumas delas, os adeptos só podem comer duas vezes por dia.
Mais preocupante ainda é a injeção de gonadotrofina coriônica humana (hCG) que está inclusa no cardápio, usada medicamente como marcadora de tumores para alguns tipos de câncer e no tratamento de fertilidade para induzir a ovulação.
O médico que desenvolveu a dieta, um endocrinologista britânico chamado Albert T. W. Simeons, alegava que ela agia no hipotálamo para prevenir que o corpo queimasse músculos em dietas de baixíssimas calorias – em vez disso, estimularia a queimar gordura.
O hCG nunca foi aprovado como um tratamento eficiente para perda de peso e cuidado com obesidade. Não há evidências de que ele acelere o emagrecimento, “melhore “ a distribuição de gordura corporal ou diminua a fome e desconforto que acompanham dietas de poucas calorias.
2006: Dieta super detox
Na onda da desintoxicação, a Master Cleanse é, de longe, a mais pesada: sobreviver à base de uma combinação de água quente, limonada, xarope de bordo e pimenta caiena.
A ideia é que, além da óbvia quantidade quase nula de calorias, o limão e a pimenta ajudariam a acelerar o metabolismo (embora não haja qualquer evidência disso), enquanto o xarope impede que você tenha um nível tão baixo de açúcar no sangue que mal consiga funcionar.
A dieta ficou famosa depois de ser utilizada por Beyoncé, que perdeu nove quilos para o papel em Dreamgirls. Mas essa, como todo regime extremo, apenas elimina água dos fígados e massa muscular muito antes de começar a perder alguma gordura.