Excluir carboidrato 2 dias na semana pode ser alternativa à dieta da proteína
Uma pesquisa feita pela Genesis Prevention Center, de Manchester, na Grã-Bretanha, e divulgada em novembro de 2011, concluiu que excluir carboidratos durante dois dias na semana, priorizando os alimentos ricos em proteínas - carnes e queijo, por exemplo - poderia gerar os mesmos resultados do que adotar uma dieta regular semanal.
Com isso, surgiu uma nova alternativa à conhecida dieta da proteína, que elimina totalmente o consumo de carboidratos por quinze dias, gera perda de peso rápido, mas não é muito recomendada pelos médicos. O novo cardápio, como um método não tão agressivo e acelerado, sobrecarregaria menos o corpo da abstinência de carboidratos – componente encontrado em alimentos como massa, arroz, batata, doces e, em menor quantidade, em frutas e verduras.
“A ideia é a mesma entre as duas dietas, mas a perda de peso tende a ser menor ou mais lenta, pois nos dias que for incluído o carboidrato na dieta, o organismo irá estocar mais energia para momentos de necessidade de glicose como fonte de energia. Porem é necessário mais estudos para podermos afirmar qual a diferença que elas podem causar a curto, médio e longo prazo”, explicou o nutricionista clínico do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Danilo Hessel Sanches do Prado.
A nutricionista especialista em nutrição clínica funcional, fitoterapia e ortomolecular, Dra. Roseli Rossi, concorda que a exclusão de carboidratos por um período menor pode ser menos agressiva ao sistema metabólico. “Com certeza é um pouco mais amena que a dieta proteica restrita. Mas por sofrer restrições, qualquer que seja ela, o corpo sempre vai sofrer estresse”, explicou.
Uma nova dieta?
No entanto, há médicos que dizem que este cardápio pode ser considerado um novo tipo de regime e, não, uma vertente da dieta da proteína. “Com certeza, ficar dois dias sem comer carboidrato apresentará menos sintomas do que quinze dias. Mas, neste caso, você está perdendo peso porque está comendo menos do que costuma comer, menos calorias do que gasta e não está seguindo o mesmo princípio da dieta da proteína”, explica o especialista em endocrinologia e metabologia pela USP, Dr. Bruno Halpern.
A ideia também é a mesma da Diretora da Abeso (Associação Brasileira do Estudo de Obesidade), Dra. Claudia Cozer. “Este novo método é mais fácil de aderir porque o paciente não considera como uma dieta regular. Por isso, consideramos uma outra dieta, na qual você modera a quantidade”.
Ela acrescentou ainda que restringir o super consumo de proteína para dois dias na semana pode atenuar os efeitos negativos no organismo. “Os efeitos diminuem com certeza. A pessoa sentirá menos fraqueza, dor de estômago, por isso fica mais fácil de tolerar este cardápio alternativo”, comentou a Dra. Claudia Cozer.
Dieta da proteína convencional
No geral, os médicos evitam a dieta da proteína porque ela sobrecarrega o organismo, principalmente o rim e o sistema cardiovascular, além de poder causar prejuízos no trabalho devido a dificuldade de concentração, dores no corpo, dor de cabeça, náuseas e mau hálito. Pessoas que praticam exercícios físicos com frequência devem evitá-la devido à necessidade de energia gerada pelos carboidratos.
A dieta da proteína, que restringe alimentos da família dos pães, massas, doces e bebidas que contenha açúcar e priorizam as comidas proteicas, como carnes, leite e queijo, gera mais saciedade por isso garante resultados rápidos. “A proteína dá mais saciedade, as pessoas ficam com menos fome, mas ao mesmo tempo não ingerem muitas frutas e verduras e podem faltar sais minerais e vitaminas e outros”, explica Dr. Paulo Rosenbaum, endocrinologista e metabologista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Além disso, ele explica que não há muita perda de gordura, o que pode significar maior recuperação dos quilos perdidos depois. “Os indivíduos perdem massa muscular e líquido, elas desincham, enquanto o ideal é perder gordura. Além disso, a curto prazo eles perdem massa muscular, componente muito importante para o metabolismo, e depois podem levar as pessoas a terem o metabolismo mais lento. Além disso, e quando tem uma dieta muito restritiva, quando volta a comer, a pessoa normalmente exagera muito e a longo prazo pode não funcionar”, explicou o Dr. Rosenbaum.
O endocrinologista Dr. Bruno Halpern também concorda que o grande nível de restrição pode deletar os efeitos a longo prazo. “Não que seja uma dieta proibida, é que pode ser simplesmente inútil porque quando voltar a comer carboidrato, vai exagerar”, concluiu.