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Diretor da OMS fala em risco real de pandemia de coronavírus

Novo coronavírus já contaminou mais de cem mil pessoas em mais de cem países; diretor-geral da OMS afirmou, no entanto, que essa não seria a primeira pandemia a ser contida na história

9 mar 2020 - 14h43
(atualizado às 15h43)
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SÃO PAULO - Com a ocorrência do novo coronavírus em mais de cem países e a contaminação de mais de cem mil pessoas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta segunda-feira, 9, que o risco de uma pandemia é real.

"É certamente perturbador que tantas pessoas em tantos países tenham sido afetadas tão rapidamente. Agora que o vírus está presente em tantos países, a ameaça de uma pandemia se tornou real. Mas seria a primeira pandemia na história que poderia ser controlada. Não estamos à mercê deste vírus", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em seu comunicado diário à imprensa.

"A grande vantagem que temos é que as decisões que todos tomamos, como governos, negócios, comunidades, famílias e indivíduos podem influenciar a trajetória dessa epidemia. Precisamos lembrar que, com uma ação decisiva e rápida, podemos desacelerar o coronavírus e prevenir infecções. Entre aqueles que estão infectados, a maioria vai se recuperar", afirmou. Ele lembrou que na China, entre 80 mil casos reportados, mais de 70% das pessoas se recuperaram.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde.
Foto: Twitter/OMS / Estadão

O diretor-geral da OMS também afirmou que o número total de casos e de países onde ocorre a covid-19 não conta a história completa. "De todos os casos reportados globalmente até agora, 93% estão em apenas quatro países", disse, referindo-se a China, Coreia do Sul, Itália e Irã.

Monitoramento em tempo real que vem sendo feito pela OMS apontava até as 14h desta segunda a ocorrência da doença em 105 países, 110.029 casos confirmados e 3.817 mortes.

O diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, explicou que é momento de parar para pensar se trata-se de uma pandemia. Ele explicou que não existe uma regra clara para definir uma pandemia e que há uma preocupação em como governantes vão reagir a isso.

"Não temos problema com a palavra, ela é importante, mas pode fazer com que os países comecem a agir só na mitigação de casos. A palavra não é o problema, mas qual vai ser a reação do mundo: usar isso como uma chamada para agir ou vão desistir?"

Ghebreyesus frisou que independentemente dessa definição, "a regra do jogo é nunca desistir" em tentar desacelerar a expansão de casos. Ele afirmou que a OMS ficou encorajada com as medidas que considerou "agressivas" que a Itália está tomando para conter sua epidemia de covid-19. "Esperamos que essas medidas se provem eficazes nos próximos dias", disse.

Mesmo se a OMS declarar uma pandemia, o diretor-geral insistiu em dizer que os países devem continuar agindo para contê-la. "O que estamos falando é que declarar pandemia não significa dizer que podemos viver com isso. Não devemos aceitar viver com isso. Ainda podemos agir para conter a expansão da doença", afirmou.

Ele apontou que em 43 países que registraram a covid-19, há menos de 10 casos e que em 79 há menos de cem, recomendando que nesses locais, especialmente, os governantes precisam continuar trabalhando em detecção rápida, contenção, isolamento para evitar novas ocorrências. "Seis países tem mais de mil casos, mas mesmo nesses é possível tentar reverter a maré, como a China fez", disse.

De acordo com a OMS, a China tem 80.904 casos; a Coreia do Sul, 7.382; a Itália, 7.375; o Irã, 6.566; a França, 1.116 e a Alemanha, 1.112. A Espanha, que mais que dobrou o número de casos em 24 horas, já aponta 999 casos, podendo em breve passar a barreira dos mil casos.

Sobre a proibição de viagens na Itália, Ryan comentou que a estratégia serve especialmente para dar tempo para que outras regiões do país consigam se preparar para receber casos. Ele aponta que a medida não é exatamente para evitar expansão de casos na zona vermelha - região da Lombardia e mais 14 províncias que entraram em quarentena na madrugada de domingo -, mas para que o atendimento de saúde possa se concentrar lá, visto que o sistema local já está sob pressão.

Ele compara com a situação da China. Com a quarentena de Wuhan, epicentro da epidemia, impediu-se que as outras províncias do país tivessem muitos casos. Nesses outros locais, o vírus chegou, mas a epidemia foi manejável. Se todas as províncias tivessem sofrido a epidemia como Wuhan, diz Ryan, a China teria colapsado, mas isso não aconteceu. "Nossa esperança é que na Itália possa ocorrer a mesma coisa."

A OMS reforça que as pessoas com mais risco são as mais velhas, especialmente as com mais de 80 anos, em que a taxa de mortalidade passou de 20% nos casos da China. E recomendou que, geral, as pessoas evitem estar em multidões e contatos próximos.

Estadão
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