Distúrbios alimentares atingem pacientes cada vez mais jovens
Novos números sobre a anorexia trazem ainda mais preocupação com relação à doença. Os hospitais do Reino Unido vêm regisrando um aumento cada vez maior de pacientes com este quadro, algumas delas com apenas nove anos de idade. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail. Toda noite, uma média de 350 camas de hospitais ingleses são preenchidas com pessoas vítimas de anorexia, bulimia ou outros distúrbios alimentares. Os números dobraram em uma década.
No ano passado, 15 crianças com idades entre cinco e nove anos deram entrada em hospitais com desordens alimentares, o que mostra que os temores e obsessões relacionados à comida estão começando a se desenvolver muito cedo. Há também uma preocupação de que o National Health Service (NHS) – o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido – esteja agravando a crise, uma vez que algumas clínicas passaram a se recusar a tratar pacientes que não são considerados "suficientemente magros".
Muitos locais não aceitam pacientes que não estão abaixo de determinado peso. Os números vieram à tona depois que o NHS foi duramente criticado em um relatório por uma associação de pacientes. O documento indica que uma jovem de 19 anos morreu depois de falhas de médicos e psicólogos. Averil Hart deveria ter feito check-ups semanais, mas acabou ficando tão magra que foi encontrada em colapso na casa estudantil onde morava. Pacientes com anorexia, bulimia ou outros transtornos alimentares contabilizaram mais de 122 mil leitos entre 2012 e 2013.
O número foi maior do que os 100.550 de 2011/12, de acordo com o Health and Social Care Information Centre. Em contrapartida, entre 2002/3 foram contabilizadas 51.878 entradas relacionadas a estas desordens. Um total de 2.381 pacientes foram admitidos neste hospital no mês passado, sendo 3/4 com anorexia. O número é maior do que os 2.287 registrados nos últimos 12 meses.
Garotas na faixa dos 15 anos são as mais propensas a sofrerem com o problema, com 200 admissões no ano passado. As instituições alertam que esta é só a "ponta do iceberg", uma vez que muitas pacientes sofrem sozinhas em casa. Os números também não consideram pacientes que se tratam em clínicas privadas e que desistiram do serviço público depois de longa espera.
Leanne Thorndyke, na instituição de desordens alimentares Beat, disse que as pessoas geralmente relatam que, ao recorrerem ao serviço público, acabam ouvindo que o índice de massa corporal não está baixo o suficiente. “Os transtornos alimentares são doenças mentais graves”, ressaltou. Este ano, uma pesquisa com 500 pacientes feita pelo órgão mostrou que um quarto deles teve que esperar pelo menos seis meses por tratamento, enquanto aproximadamente uma em 10 teve que aguardar por mais de um ano.
Kat Pugh, 24, de Londres, tem anorexia desde os 11 anos. “Estou tentando conseguir um tratamento pelo NHS, mas não sou considerada doente o suficiente. Isto é um incentivo perverso para ficar ainda pior”, afirmou. Cerca de 3% dos adultos podem ter algum tipo de desordem, mas este número pode chegar até 6,5%. As mulheres representam 90% dos casos.
As mortes de 50% das pessoas que sofrem de anorexia são causadas por complicações devido à privação de comida, incluindo danos a alguns órgãos e falhas no coração. A proliferação de websites pró-anorexia tem sido culpada também por aumentar o quadro em jovens, especialmente em meninas. Existem entre 400 e 500 endereços deste tipo, onde usuários trocam dicas sobre como passar fome ou se vangloriam por terem consumido poucas calorias.