Divulgado 1º tratamento eficaz contra câncer de bexiga
Em estudo, 43% dos pacientes viram o tamanho de seus tumores reduzido. O carcinoma de bexiga é o nono tumor mais comum no mundo
Uma equipe internacional de pesquisadores apresentou neste sábado o primeiro tratamento imunológico de nova geração capaz de reduzir os tumores em câncer de bexiga, doença na qual não foram alcançados avanços terapêuticos em quase 30 anos.
Esta é a principal conclusão de um estudo divulgado na 50ª reunião da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, segundo o qual 43% dos pacientes que participaram do trabalho viram o tamanho de seus tumores reduzido. O carcinoma de bexiga metastásico é associado a uma má previsão e opções terapêuticas limitadas. É o nono tumor mais comum no mundo.
Trata-se de um tratamento dirigido e um avanço em imunoterapia, tratamento de doenças mediante a potencialização ou enfraquecimento dos mecanismos imunológicos.
Concretamente, os pesquisadores, de centros dos EUA, França e Espanha, usaram um fármaco - um anticorpo monoclonal - em pesquisa projetado para bloquear uma proteína chamada PD-L1.
De um total de 68 pacientes selecionados para este estudo, 30 previamente tinham recebido tratamento padrão e cujos tumores tinham sido caracterizados como positivos para PD-L1 (que têm alterada essa proteína).
O trabalho se encontra em uma primeira fase, primeiros testes com pacientes nos quais se medem, entre outros, a taxa de resposta e a segurança do fármaco, neste caso propriedade da Roche.
As células tumorais são capazes de evadir o sistema imune e o fazem de múltiplas maneiras.
Cada tipo de impedimento que a célula tumoral cria ao sistema imune se chama ponto de controle.
Cristina Cruz, investigadora do Hospital Vall d'Hebron de Barcelona - único centro espanhol neste estudo -, explicou a um grupo de jornalistas que neste trabalho o que se testou é como resistir um desses pontos de controle (o PD-L1).
"É a primeira vez que uma destas imunoterapias de nova geração é pesquisada em câncer de bexiga e resulta especialmente surpreendente a eficácia que o tratamento consegue", segundo a especialista,.
Assim, comprovou-se que se este anticorpo for usado nos pacientes com PDL1 positivo "consegue-se um benefício que é substancialmente maior que se esta proteína fosse negativa" (não aparece alterada).
"A maioria das respostas, com redução do tamanho do tumor, aconteceram muito rápido, em torno das seis semanas, apesar de alguns pacientes terem precisado de um pouco mais de tempo para responder".