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Aids cresce entre homens gays no Brasil

Cada vez mais os homens têm relações sexuais sem proteção, "porque a nova geração não viveu a epidemia dos anos 80", segundo o Luiz Loures, diretor-executivo adjunto da Unaids

16 jul 2014 - 10h38
(atualizado às 12h13)
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Foto: Getty Images

O número de contágios do vírus do HIV entre homens homossexuais está crescendo no mundo todo, uma tendência mundial que deveria está alertando especialistas sobre a capacidade de controlar a epidemia. "Há uma tendência global que é o crescimento da epidemia entre os gays, entre homens que têm relações sexuais com outros homens. Está acontecendo em todas as regiões, sem exceção", afirmou em entrevista à Agência Efe Luiz Loures, diretor-executivo adjunto da Unaids, a agência das Nações Unidas que luta contra a doença.

Os fatores para que isso aconteça são muitas e inter-relacionadas. Cada vez mais os homens têm relações sexuais sem proteção, "porque a nova geração não viveu a epidemia dos anos 80". No entanto, o tratamento com antirretrovirais existe e funciona, o que frequentemente reduz o medo da morte após o contágio da doença. "Há certa complacência com a doença, o que é muito perigoso porque ela pode ser mortal", alertou Loures.

Segundo alguns estudos, 60% dos encontros sexuais acontecem após algum contato na internet. "Devemos desenvolver a formas de se prevenir nesses 'dating sites'", assumiu Loures, dizendo que por enquanto pouco se avançou nesse processo. Outro problema ligado à prevenção é o fato de que na comunidade gay é comum os homens terem muitos parceiros.

O diretor-executivo adjunto da Unaids participou da apresentação em Genebra do relatório anual da instituição, que destaca que em geral os contágios diminuíram. Em 2013 entre 1,9 milhão e 2,4 milhões de pessoas contraíram o vírus.

Quinze países concentraram 75% dos novos contágios: Brasil, Camarões, China, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Quênia, Moçambique, Nigéria, Rússia, África do Sul, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue. Os contágios pelo vírus diminuíram em 38% em 2013 em relação a 2001. A queda foi ainda maior entre a população menor de idade: 58%.

Em 2013, cerca de 240 mil crianças se infectaram com o vírus, em comparação aos 580 mil que o contraíram em 2001.

A má notícia é em relação ao acesso ao tratamento. O relatório destaca que enquanto 38% dos adultos recebe tratamento antirretroviral, apenas 24% das crianças têm acesso a ele.

"Os tratamentos atuais não são adequados para crianças. A quantidade, o sabor, o tipo. É muito difícil conseguir que as crianças tomem o coquetel", explicou Mariângela Simão, Diretora do Departamento de Gênero, Direitos e Prevenção da Unaids.

"Estamos trabalhando para desenvolver novos tratamentos mais adequados para crianças, mas é difícil, porque quanto mais diminuem os contágios de crianças, menos interesse as farmacêuticas têm em desenvolver um produto para um mercado que diminui", acrescentou Simão.

A respeito da população geral, em 2013 cerca de 12,9 milhões de pessoas puderam ter acesso aos antirretrovirais, o que representa 37% (entre 35 e 39%) de todas as pessoas que convivem com o vírus.

Em relação aos óbitos, desde o pico registrado em 2005, caíram 35%. No ano passado, 1,5 milhão de pessoas morreu por causas relacionadas à aids em comparação com 2,4 milhões em 2005.

Atualmente, entre 33,2 e 37,2 milhões de pessoas sobrevivem infectados com a doença.

No entanto, a Unaids estima que 19 milhões dos 35 milhões de pessoas que vivem com o vírus desconhecem que são soropositivas.

"Se for acelerada a luta de agora até 2020 poderemos avançar rumo ao fim da epidemia em 2030. Caso contrário, nos arriscamos a prolongar uma década ou mais".

Desde o início da epidemia, cerca de 78 milhões de pessoas se infectaram com o vírus e aproximadamente 39 milhões morreram por causa da doença.

EFE   
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