Câncer de mama ainda é o mais frequente no mundo; saiba detectá-lo
- Priscila Tieppo
Os monumentos do País se "vestem" de rosa e camisetas em campanha contra o câncer de mama começam a aparecer. Outubro é um mês em que se intensificam as iniciativas de conscientização sobre a doença, que é mais frequente no mundo entre as mulheres, segundo dados oficiais do INCA (Instituto Nacional do Câncer).
São 49 mil novos casos por ano no Brasil, onde as taxas de mortalidade continuam elevadas por câncer de mama, apesar dos inúmeros alertas dos médicos sobre importância da inclusão da mamografia como exame de rotina a partir dos 35 anos.
Antes desta idade, é recomendado o autoexame e a avaliação clínica de cada paciente em particular. Porém, só a palpação não tem sido suficiente para salvar vidas, já que quando o nódulo é sentido pode estar com 2 cm ou mais. "A mamografia consegue identificar o nódulo com um milímetro. Para as mulheres que têm menos de 35 anos, o ideal é confirmar com ultrassonografia ou ressonância das mamas, caso haja a suspeita do câncer pela palpação ou exame clínico. Estes métodos não devem ser adotados como exames de rotina. A mamografia deve ser feita a cada ano, após os 35, 40 anos", explicou o Dr. Joaquim Teodoro de Araújo Neto, mastologista do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC).
A ressalva de confirmar o nódulo com outros exames que não a mamografia se deve ao fato de que, antes dos 35 anos, a pele do seio da mulher ainda é muito densa, o que dificulta a constatação da doença. Já a ultrassonografia e a ressonância são mais assertivas.
Sem precedentes
Descobrir um câncer nunca é algo confortável, mas quanto mais cedo ele é encontrado, as chances de cura são muito maiores. O autoexame não tem ajudado na diminuição da mortalidade, mas ajuda a mulher a conhecer o próprio seio e identificar alterações. "Fazer a mamografia é muito importante. Só o autoexame não assegura que você não tem câncer, mas qualquer alteração deve ser informada ao médico", disse o Dr. Ricardo Caponero, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
V.T.P., de 37 anos, descobriu que estava com câncer de mama aos 33 anos, jovem para os parâmetros médicos (que atesta que os casos aumentam após os 40 anos), mas não impossível. Ao realizar seus exames periódicos, sua médica pediu um ultrassom de rotina para analisar um espessamento na mama esquerda. "O nódulo foi encontrado naquele momento, mas os médicos acharam que não era nada porque eu tive filho cedo, não fumo, não bebo e tenho alimentação saudável. Não foi pedida uma biópsia, que confirmaria o câncer. O nódulo não era palpável, porque era pequeno. Fui procurar outros médicos e, quando fiz a cirurgia, o estágio do nódulo já exigia quimioterapia como tratamento", contou V., que não preenchia as características de quem costuma ter câncer.
Ela fez a cirurgia para retirada da mama e a reconstrução do seio foi feita no mesmo procedimento. "Eu acho que ficou até melhor do que era antes. O mais triste é fazer a quimioterapia, porque derruba o cabelo, né? E o cabelo é muito importante para a mulher. Por outro lado, não tive nenhum efeito colateral com o tratamento", disse. Por ter descoberto cedo, o nódulo não era agressivo e as chances de cura, bem grandes.
Caso na família
Já o caso de Silvania de Souza Santos, de 48 anos, foi diferente. Ao fazer um carinho, o marido dela sentiu um caroço e a avisou. "Fui à medica e ela não sentiu nada no exame clínico, na apalpação. Daí, insisti para fazer uma mamografia, que eu já fazia desde os 36 anos. Neste exame não apareceu nada, eu conversei com ela e fizemos um ultrassom, onde apareceu o nódulo por baixo da mama, de difícil visualização. Ele tinha 1,2 cm", disse ela, que descobriu o câncer com 43 anos.
Silvania passou por três cirurgias para a retirada no nódulo e disse que, quando soube que estava com a doença, era como se um filme estivesse se repetindo em sua vida. "Minha irmã tinha morrido há dois anos e meio de câncer e foi tudo muito rápido, pois ela foi induzida ao coma e morreu depois de 40 dias, com nódulos no seio e no tórax". A irmã de Silvania, Simone, tinha 37 anos.
Quando a mulher tem casos de câncer na família, é necessário acompanhamento médico mais de perto. Porém, a maioria dos casos não tem essa ligação. "Se ela tem parentes de primeiro grau que tiveram câncer, o risco é maior, mas não é uma obrigatoriedade ela ter", explicou Dr. Ricardo.
Nesses casos, o acompanhamento deve acontecer 10 anos antes da idade do paciente da família mais jovem acometido. "Ou seja, se a irmã dela teve com 35 anos, ela deve fazer os exames desde os 25 anos", orientou o Dr. Joaquim.
Recado
Um recado importante que fica dos médicos é: faça seus exames regularmente e não tenha medo do autoexame. "Quem procura acha cedo e tem maiores chances de cura. A mulher deve exigir a mamografia em casos de suspeita e, depois dos 35, 40 anos, todos os anos, porque o câncer não vai ficar quietinho lá se você não encontrá-lo, ele vai crescer", disse o Dr. Ricardo.
É importante, também, ficar atenta ao seio, se ele apresenta alterações, secreção, dores ou abaulamento da pele para dentro ou para fora. Busque sempre um médico em caso de dúvidas.