Caso Pedro Leonardo: entenda falta de oxigenação no cérebro
Depois de um acidente de trânsito, Pedro Leonardo, filho do cantor Leonardo, segue internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o último dia 20 de abril. Na manhã desta quarta-feira (9), o médico do cantor, Roberto Kalil Filho, falou com a imprensa e afirmou que o quadro atual de Pedro é o de oxigenação do cérebro, o que pressupõe uma recuperação lenta e passível de sequelas.
O Terra conversou com dois especialistas que esclareceram como o corpo reage a essa situação. De acordo com o neurologista Abouch Krymchantowski, do Rio de Janeiro, as células nervosas são nutridas de oxigênio e glicose. Quando são privadas de glicose, elas podem encontrar outras fontes de energia, mas o mesmo não acontece quando há a falta de oxigênio por mais de quatro ou cinco minutos. Sem oxigênio, as células do cérebro acabam morrendo. "Quando morre uma parte do cérebro, o paciente pode vir a morrer ou ter sequelas permanentes", explica.
A oxigenação do cérebro geralmente acontece como consequência de um evento mais grave, como um trauma craniano direto ou indireto; certos tipos de hemorragia cerebral; causas metabólicas ou reação à alguma medicação específica. No caso de Pedro, o problema é decorrente do trauma. "O cérebro está em uma caixa fechada, que é o crânio. Quando leva uma pancada, a defesa dele é inchar, só que ele incha em um lugar que não tem para onde crescer. Com o inchaço, o cérebro sofre com a compressão e isso prejudica a chegada de oxigênio", pontua Abouch.
Tratamento e sequelas
De acordo com o neurocirurgião Emílio Fontoura, do Hospital San Paolo, em São Paulo, o paciente que apresenta o quadro de oxigenação no cérebro, como Pedro Leonardo, não sente dor e nenhum outro sintoma físico. "É possível acordar daqui a 50 anos e não saber o que se passou. Fisicamente ele não sente nada, esse é um mecanismo de proteção cerebral", pontua.
A partir do diagnóstico, são tomadas várias providências para tentar minimizar os efeitos do problema. Segundo explica Emílio, entre as medidas clínicas estão os cuidados com a pressão arterial do paciente, o uso de medicação vasodilatadora, a diminuição da pressão intracraniana, entre outras.
Para que o paciente não tenha sequelas graves e volte a ter uma vida normal, muitos fatores estão envolvidos, como o quanto e quais áreas do cérebro foram lesionadas, além das ocorrências durante o tratamento como paradas cardíacas ou embolias, situações que podem complicar o quadro clínico.
De acordo com o especialista, a incidência ou não de sequelas também está diretamente ligada à agilidade com a qual o problema é identificado e passa a ser tratado. "A urgência no atendimento é determinante na positividade ou negatividade do resultado final".
Entre as consequências mais comuns estão as sequelas motoras ou distúrbios de fala permanentes, demências, perda de funções, perda da visão, perda de memória. Entre as sequelas mais graves está o coma vigil, no qual o cérebro pode passar anos sem responder a estímulos.
Como a oxigenação do cérebro normalmente decorre de outros problemas ou traumas, os especialistas são unânimes em dizer que a maior forma de prevenção é evitar se colocar em situações de risco no trânsito, minimizando assim as chances de acidentes. "O cérebro é um órgão intocável. Você não pode traumatizá-lo, pois ele sempre vai cobrar o seu preço", reforça Abouch.