Culpa do sexo oral? Médicos explicam relação com câncer de garganta
Infecção sexualmente transmissível está associada a diversos tipos de câncer, o que alerta para a necessidade de proteção
A notícia de que o sexo oral seria um dos principais fatores de risco para o câncer de garganta foi repercutida internacionalmente. Mas dá para culpar meramente a prática sexual tão popular? A resposta é "não exatamente".
O que o artigo que disseminou o assunto aponta é que o HPV (Vírus do Papiloma Humano), que pode ser transmitido via sexo oral, é uma das principais causas do câncer ororfaríngeo, um tipo comum de câncer de garganta. O estudo foi publicado pelo professor Hisham Mehanna, do Instituto de Câncer e Ciências Genômicas da Universidade de Birmingham, na Inglaterra.
De acordo com Mehanna, 70% dos casos de câncer na garganta nos Estados Unidos estão relacionados a essa infecção. "HPV é sexualmente transmissível. Para o câncer orofaríngeo, o principal fator de risco é o número de parceiros sexuais, especialmente de sexo oral", disse o professor, segundo o portal Daily Mail.
Como ocorre a transmissão de HPV?
Procurada pelo Terra, a ginecologista e obstetra Juliana Schablatura Vera explica que a transmissão de HPV ocorre por contato direto com a pele ou mucosas infectadas pelo vírus. Geralmente, esse contato é feito por meio de relação sexual desprotegida, seja ela oral, vaginal ou anal.
O também ginecologista Marcelo Cavalcante complementa ao pontuar que há vários subtipos de HPV, de baixo e de alto risco. Os de menor gravidade podem causar lesões como a condiloma acuminado, nome científico para as verrugas que geralmente aparecem nas regiões genitais.
"Outros subtipos são considerados de alto risco oncológico. Então, essas subsdivisões estão relacionadas a uma probabilidade aumentada de desenvolver diferentes formas de câncer, especialmente o câncer de colo uterino na mulher, mas podendo, também ocorrer câncer de pênis, da região anorretal e na cavidade oral". Segundo o Ministério da Saúde, quase 100% dos casos de câncer de colo de útero são decorrentes de infecção por HPV.
Não precisa parar de transar, basta se proteger
Dito isso, as formas de se prevenir da doença não passam por evitar o sexo oral, mas sim por transar com segurança, como orientam os médicos. "Como é impossível detectar a olho nu se o parceiro sexual apresenta o vírus, é muito importante usar preservativo em todas as práticas sexuais", frisa a ginecologista.
Cavalcante lembra ainda que o preservativo funciona como um método de barreira contraceptivo e que pode evitar o risco de transmissão de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece as vacinas contra HPV gratuitamente para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Pessoas fora dessa faixa etária que não se vacinaram na época ideal também conseguem se imunizar na rede privada.