População brasileira desconhece efeitos do sedentarismo, diz especialista
O índice de sedentarismo tem aumentado entre a população brasileira e já é o segundo fator de risco no país, onde a maioria das pessoas ainda desconhece os reais impactos causados pela falta de atividades físicas, afirmou nesta terça-feira (15) uma especialista. "Isso acontece porque não há uma percepção de que o sedentarismo mata. Para as pessoas, o que mata é a hipertensão, o diabetes e o câncer", disse a médica Sandra Matsudo, do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs).
Sandra explicou que, atualmente, de cada sete calorias consumidas, gasta-se apenas uma. Historicamente, essa relação já foi bem menor. Na Era Paleolítica, gastava-se uma a cada três consumidas. "Acredito no equilíbrio. As pessoas têm que buscar o seu balanço energético, ou seja, gastar o que consomem. Não tem mágica para isso, é uma simples soma", relatou.
Segundo a especialista, o estilo de vida é responsável por 50% das causas das principais doenças que mais matam, como infarto, AVC e câncer. "Temos 50% de chance de evitar essas doenças. Basta optar por mudanças de hábitos que incluam atividades físicas", avaliou. Em 2004, o sedentarismo era o quarto fator de risco e hoje só perde para a hipertensão arterial. E nem sempre o sedentarismo está relacionado ao excesso de peso, uma vez que a inatividade já se tornou um fator de risco mais grave do que o peso.
"No geral, um gordo ativo tem menos risco de morte do que um magro sedentário", ressaltou. A recomendação é de pelo menos 30 minutos de atividade física moderada, de forma contínua ou acumulada - duas sessões de 15 minutos ou três sessões de 10 - pelo menos cinco vezes por semana. "Essa rotina diminui em 84% os riscos de infarto e em 36% os casos de câncer, além de reduzir os riscos cardiovasculares e de hipertensão, mesmo no caso de fumantes", destacou.
Mas, mesmo quem faz atividade física regularmente deve se preocupar com o tempo que permanece sentado ao longo do dia, já que dados recentes mostram que esses casos apresentam um aumento de 40% nos fatores de risco de doenças cardiovasculares.
Segundo uma pesquisa, uma média de seis horas todos os dias sentado em frente ao computador ou à TV corresponde a cinco anos a menos de expectativa de vida. "A orientação é se movimentar por 10 minutos a cada uma hora sentado. Atender ao telefone andando ou colocar o notebook numa mesa mais alta para digitar em pé são boas dicas para quem trabalha em escritório", sugeriu a médica.
"Não há uma área da medicina em que a atividade física não esteja relacionada a benefícios à saúde, tanto como prevenção quanto tratamento", considerou. De acordo com a médica, isso se aplica também a crianças e idosos, sendo que crianças ativas melhoram os índices de raciocínio e linguagem, mesmo aquelas que apresentam excesso de peso.
"A atividade física aumenta o fluxo sanguíneo que favorece a comunicação cerebral entre os neurônios, melhorando o processo cognitivo", explicou. Nos idosos, a atividade física é fundamental para aumentar a resistência e força musculares, naturalmente perdidas no processo de envelhecimento. "As vantagens são muitas, mesmo para aqueles que nunca fizeram exercício físico ao longo da vida. O uso de medicamentos diminui na mesma proporção que se aumenta a prática de atividades físicas", finalizou.