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Superbactérias: saiba como evitar as infecções hospitalares

Uso errado de antibióticos e falta de cuidados com a higiene de funcionários da saúde levam aos problemas

25 nov 2014 - 17h11
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Você já ouviu falar sobre superbactérias? Sabe o que realmente são e qual é a ligação com o uso de antibióticos? Elas e outros micro-organismos podem causar as temidas infecções hospitalares. “No País, a infecção hospitalar é uma das principais causas de morte, junto com doenças cardiovasculares, neoplasias e doenças respiratórias”, alerta a infectologista Rosana Richtmann, presidente da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) das maternidades Pro Matre e Santa Joana, e do Instituto Emílio Ribas.

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A seguir, tire suas dúvidas sobre o assunto com informações das infectologistas Rosana e Raquel Muarrek, do Hospital Leforte:

O que são superbactérias?

São bactérias resistentes ao tratamento com antibióticos disponíveis. “Não são necessariamente mais agressivas ou causadoras de doenças mais graves. Há menos condição de tratá-las”, disse a infectologista Rosana.

As superbactérias surgem a partir do uso inadequado de antibióticos?

Sim, o uso desnecessário de antibióticos, a utilização prolongada deles, o não seguimento da prescrição médica e a indicação de um tipo de classe de medicamentos mais potente para tratar infecções simples favorecem o problema. “O uso de antibióticos de forma indiscriminada pode selecionar as bactérias com algum mecanismo de resistência, que passam a ser predominantes, levando a doenças por germes multirresistentes”, disse a infectologista Raquel.

“Somos mais bactérias que células e vivemos em harmonia com elas. Quando o paciente toma um antibiótico de largo espectro (que atinge grande número de microrganismos), mata as bactérias sensíveis e facilita a replicação de bactérias resistentes à droga usada. A população resistente começa a aumentar, pode sofrer mutações para se defender dos antibióticos. O antibiótico não cria superbactérias, ele favorece a sobrevivência das resistentes”, completou Rosana.   

Como deve ser o uso do antibiótico para evitar superbactérias?

O uso deve ser racional, só sendo indicado quando realmente necessário. Por exemplo, se a pessoa tem uma infecção por vírus, não há necessidade alguma de antibiótico, que combate bactérias. “Se tem uma infecção por bactéria sensível a penicilina, não precisa de droga de geração mais avançada. O uso de um antibiótico que mata essa determinada bactéria e outras mais, quando não necessário, pode favorecer o surgimento de superbactérias”, afirmou a infectologista Rosana.

Há outras maneiras de tratar infecção por bactéria além do uso de antibiótico?

Não. Por isso, o uso do antibiótico deve ser feito de maneira racional para evitar problemas. De acordo com Rosana, para prevenir, muitas vezes é recomendado o uso de vitamina C com o objetivo de deixar o pH mais ácido, o que dificulta o crescimento bacteriano.

O que uma superbactéria pode causar de diferente de uma bactéria comum?

A infecção por um germe multirresistente não necessariamente leva a uma infecção mais grave, no entanto, seu tratamento é mais difícil, explicou a infectologista Raquel. “Não é possível diferenciar pelo quadro clínico, só com exames de cultura. O médico pode até desconfiar quando trata com antibiótico comum e o paciente não melhora”, acrescentou a Rosana. 

Como combater superbactérias?

Há várias maneiras para evitá-las. “Uma é tentar desenvolver novas drogas, mas é questão de tempo para também se tornarem ineficazes. Desenvolver vacinas contra elas seria muito eficaz, mas é algo a longo prazo. A outra linha é a prevenção, que é o caminho mais simples, com a higiene adequada das mãos, além do uso racional de antibióticos”, disse a infectologista Rosana.

Qual é o risco da existência de superbactérias?

“Se tiver uma infecção do trato urinário, sanguínea, mais disseminada, pode acabar não tendo como tratá-la por dificuldade de encontrar antibiótico eficaz. Isso pode levar à morte por falta de tratamento adequado”, comentou Rosana.  

Toda infecção hospitalar é causada por superbactéria?

Não. “A definição de infecção hospitalar é quando ela ocorre 48 horas após admissão do paciente no ambiente hospitalar, e nem sempre é causada por germes multirresistentes”, disse a infectologista Raquel. Essa infecção também pode ser causada por vírus, bactérias, fungos, parasitas, como listou a infectologista Rosana.

A superbactéria KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase)   já causou surtos de infecção hospitalar. Que bactéria é essa?

“Trata-se de bactérias que produzem uma enzima que inativa os antibióticos comumente utilizados em infecções hospitalares. Elas aumentam a mortalidade hospitalar, pois acometem pacientes com doenças graves e com procedimentos intra-hospitalares invasivos, além de restarem poucas opções terapêuticas devido à presença de resistência”, explicou a infectologista Raquel. Pode causar infecção urinária, sanguínea, no pulmão, acrescentou Rosana.

Quais são os riscos de infecções hospitalares?

Podem aumentar o risco de desfecho ruim, como a morte, segundo Rosana. “O risco é maior a depender da gravidade do paciente e do número de procedimentos realizados durante a internação”, afirmou Raquel.

Como prevenir infecções hospitalares?

Por meio de medidas de higiene, como lavagem adequada das mãos dos funcionários de saúde e limpeza de equipamentos.

Quando se constata infecção hospitalar, quais são as medidas adotadas pelo hospital?

Tudo depende do micro-organismo causador da infecção. “Se for por uma bactéria resistente, o paciente fica no isolamento”, exemplificou Rosana. Os cuidados com a higiene são fundamentais, além da parlamentação adequada para cada caso.

Quem tem Aids tem mais chances de contrair infecções hospitalares?

Segundo a infectologista Rosana, esse paciente está mais vulnerável às infecções porque a doença afeta o sistema imunológico. Pessoas com respostas imunodeficientes por outros motivos, como transplantados ou que passaram por outros procedimentos invasivos, também são mais vulneráveis.

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Fonte: Ponto a Ponto Ideias Ponto a Ponto Ideias
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