Vírus da Aids pode curar leucemia? Estudo diz que sim
Tratamento com 30 pacientes mostra que HIV desativado inserido em células brancas combate o câncer
O americano Marshall Jensen, 30 anos, recebeu o diagnóstico de leucemia linfoblástica aguda em 2012 e passou os últimos dois anos em busca de um tratamento eficaz. Na Penn Medicine, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, participou de um experimento que consiste no implante de células brancas do sangue com o vírus HIV, causador da Aids, desativado. Dos 30 pacientes envolvidos no estudo, 23 estão vivos, sendo que 19 estão em remissão, incluindo Jensen. Os dados são do jornal Daily Mail.
A ligação entre leucemia e o vírus HIV foi descoberta em 2006, quando um homem soropositivo chamado Timothy Wood foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda. Depois de receber um transplante de medula óssea de um doador com uma mutação genética rara, o câncer de Wood entrou em remissão e o HIV desapareceu do seu sistema, tornando-se o primeiro homem a ser totalmente curado do vírus.
Desde então, o médico Carl June e sua equipe têm trabalhado no desenvolvimento de um tratamento à base de HIV para a leucemia e, em outubro deste ano, publicaram um estudo mostrando o sucesso da terapia em 30 pacientes com câncer. Extraíram linfócitos T, que pertencem a um grupo de glóbulos brancos do sangue, dos pacientes e implantaram HIV desativado. As células foram, então, inseridas no corpo para lutar contra o câncer e permanecem dormentes até que a doença reapareça.
É um vírus desativado, mas mantém a característica essencial do HIV, que é a capacidade de inserir novos genes nas células”, explicou June. Os especialistas querem desenvolver tratamento com o vírus HIV contra outras formas de câncer.
“Parecia a coisa certa. Nós não sabíamos como iríamos chegar lá, o que iríamos fazer, mas funcionou. Pela graça de Deus, fui capaz de voltar”, disse Jensen, que recebeu uma festa ao voltar para casa depois de dois anos de viagem em busca de uma cura. Emma Whitehead, de 7 anos, foi a primeira criança a receber o tratamento em 2012 e está livre do câncer há dois anos.
Crédito das fotos: Marshall Jensen/Facebook/Reprodução