Ele teve AVC aos 27 anos e foi operado acordado: 'Fiquei muito tranquilo'
Dançarino completa 10 anos de uma cirurgia inusitada após ser surpreendido por um AVC no auge de sua juventude
A história de superação de Paulo Meyer Júnior, bailarino e professor de dança de 37 anos, completa uma década em agosto, desde que ele sobreviveu a um acidente vascular cerebral (AVC).
Paulo contou sua trajetória ao portal Metrópoles. Ele enfrentou o desafio em 2014, quando já atuava como coreógrafo e era um atleta dedicado.
O homem foi surpreendido por um AVC aos 27 anos sem causa física aparente. Ele atribui o incidente a um período emocionalmente difícil após o término de um relacionamento conturbado, que o deixou em um estado depressivo e ansioso.
“Eu me alimentava bem, dava aulas de dança o dia todo, mas com o término me fechei e fiquei sofrendo sozinho. Pouco depois, em uma manhã de segunda, não consegui levantar para dar minhas aulas. Comecei a sentir dores de cabeça como se fossem pontadas”, relembra em depoimento ao portal.
Inicialmente confundindo os sintomas com uma enxaqueca devido às dores de cabeça intensas, Paulo só buscou ajuda médica após três dias.
“Ele [o médico] me pediu que eu olhasse para cima, mas tive muita dificuldade. Fiquei tentando olhar o teto, e ele me pediu que fechasse os olhos e tentasse de novo. Acabei desmaiando”, conta.
No hospital, foi diagnosticado o rompimento de uma veia no lobo frontal direito do cérebro, que levou os médicos a realizarem uma cirurgia delicada e incomum em casos de AVC. O procedimento foi realizado com o crânio aberto para retirar o excesso de sangue do cérebro, e durou cerca de 4h. Tudo foi feito com Paulo acordado, sob anestesia local, para garantir que suas respostas pudessem ser monitoradas e avaliadas durante a operação.
“Fiquei até muito tranquilo ao realizar o procedimento. Não me lembro muito, mas estava calmo e tinha entregue a Deus a minha situação para manter a serenidade”, disse o dançarino.
Normalmente, os pacientes com AVC são tratados de forma emergencial para estabilizar sua condição e evitar danos adicionais ao cérebro. Isso pode envolver o uso de medicamentos para dissolver coágulos (no caso de AVC isquêmico) ou procedimentos para controlar o sangramento e aliviar a pressão intracraniana (no caso de AVC hemorrágico).
Após 11 dias na UTI e uma recuperação minuciosa, ele voltou às suas paixões: dar aulas de dança e viver uma vida plena, sem sequelas permanentes.
AVC
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea.
De acordo com o Ministério da Saúde, é uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo.
Existem dois tipos de AVC, o isquêmico ocorre quando há obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais, que acabam morrendo. Ele é o mais comum e representa 85% de todos os casos.
Já o AVC hemorrágico ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico.
Existem alguns sinais que o corpo dá que ajudam a reconhecer um AVC, os principais sinais de alerta são:
- Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
- Confusão mental;
- Alteração da fala ou compreensão;
- Alteração na visão (em um ou ambos os olhos);
- Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;
- Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
Alguns fatores também aumentam a probabilidade de ocorrência de um AVC, seja ele hemorrágico ou isquêmico. Os principais fatores são:
- Hipertensão;
- Diabetes tipo 2;
- Colesterol alto;
- Sobrepeso;
- Obesidade;
- Tabagismo;
- Uso excessivo de álcool;
- Idade avançada;
- Sedentarismo;
- Uso de drogas ilícitas;
- Histórico familiar;
- Ser do sexo masculino.