Encefalopatia traumática crônica: o que é a doença que matou o lutador Maguila?
Saiba mais sobre os sintomas, causas e tratamento do mal que também é conhecido como demência pugilística, já que lutadores costumam tê-la
Nesta quinta-feira (24), morreu o boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, também conhecido como Maguila. A causa da morte foi encefalopatia traumática crônica, que se chama demência pugilística também. Saiba mais sobre a doença, sintomas, causas e tratamento abaixo:
O que é a encefalopatia traumática crônica?
O segundo nome da doença (demência do pugilista) é justamente por alguns dos boxeadores mais conhecidos, como Maguila, Éder Jofre e Muhammad Ali, a terem. O professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Vitor Tumas, disse ao Jornal da USP que "a encefalopatia traumática crônica foi, inicialmente, descoberta em lutadores de boxe no início do século 20, mas atletas de outros esportes que possuem repetitivos traumas na cabeça, como o rugby, o futebol americano e até mesmo o futebol, podem ser alvos da doença". Ademais, veteranos militares também já tiveram o diagnóstico da mesma.
Quais as causas da doença de Maguila?
O profissional e outras pessoas de sua área acreditam que a causa encefalopatia traumática crônica conecta-se com a exposição repetitiva ao traumatismo de crânio. Por exemplos, pancadas, golpes e sacudidas violenas na cabeça podem fazer com que o cérebro se mova bruscamente dentro da caixa craniana. "Esse tipo de movimento súbito de aceleração e desaceleração pode provocar estiramento das fibras nervosas, romper pequenos vasos e causar pequenas lesões no tecido cerebral. Esses traumatismos são mais evidentes na chamada concussão cerebral, quando, logo após o trauma, o paciente fica meio confuso, desorientado ou perde os sentidos por alguns segundos", explicou ao site. Assim, os traumas repetitivos vão acumulando alterações no órgão que tendem a inflamar. E este processo torna-se irreversível a longo prazo.
Quais os sintomas?
Entre os sintomas, estão tonturas, dores de cabeça crônicas, perda de memória, dificuldade de raciocínio e problemas motores, como lentidão, rigidez dos músculos, alterações na fala e desequilíbrio. As características principais são "alterações comportamentais de depressão, ansiedade, agressividade, impulsividade e até paranoia". Ademais, algumas manifestações se parecem com doenças psiquiátrias, tais quais o Alzheimer e a depressão, correndo o risco de vontade de se suicidar.
Como é feito o diagnóstico?
Tumas afirmou que ainda não há exames que possam confirmar o diagnóstico clínico. Os médicos têm que se basear na suspeita clínica e no histórico de traumatismo craniano repetitivo. "Geralmente, a doença costuma afetar adultos e idosos, com início dos sintomas ainda na fase adulta. Existem alguns casos também de jovens que desenvolveram a doença. A frequência ainda não é bem estabelecida, e depende do diagnóstico por autópsia", detalhou. Por fim, vale ressaltar que a doença não tem cura.