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Entenda a fertilização in vitro (FIV), usada por Zezé Di Camargo para ser pai após vasectomia

Graciele Lacerda, de 43 anos, e o cantor, de 61, tentavam a gravidez há quatro anos; no procedimento, embrião é formado em laboratório e posteriormente transferido para o útero da mulher

12 jul 2024 - 18h30
(atualizado às 19h15)
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Graciele Lacerda e Zezé di Camargo anunciam gravidez
Graciele Lacerda e Zezé di Camargo anunciam gravidez
Foto: Reprodução/Instagram

O cantor Zezé Di Camargo, de 61 anos, anunciou nesta quinta-feira, 11, que ele e sua noiva, a influenciadora Graciele Lacerda, de 43, estão esperando um bebê. O artista e a companheira tentavam conceber a criança por meio de fertilização in vitro (FIV) ao longo de quatro anos e, desta vez, o procedimento foi bem-sucedido.

A influenciadora já havia comentado publicamente o sonho de ser mãe. O documentário sobre a família Camargo disponível na Netflix, por exemplo, mostra Graciele em uma clínica de reprodução humana acompanhada do sertanejo, que é vasectomizado.

Além dos desafios impostos pela idade de ambos, a vasectomia - procedimento médico de esterilização masculina - tornava inviável a gestação de forma natural, por isso eles optaram pela FIV. "Nosso milagre", celebrou o casal ao noticiar a gravidez nas redes sociais.

O que é fertilização in vitro?

A fertilização in vitro (FIV) é um método de reprodução assistida. Nesse processo, a união do óvulo com o espermatozoide ocorre em um ambiente de laboratório, resultando na formação de um embrião que posteriormente é transferido para o útero da mulher.

O procedimento é indicado para pessoas que enfrentam dificuldades ou a impossibilidade de conceber um bebê de maneira natural. Geralmente, a técnica é sugerida para casais que tentaram engravidar por um ano sem sucesso e não conseguiram bons resultados com outros tratamentos, como a inseminação artificial.

Algumas das principais indicações para o uso da FIV incluem mulheres acima de 35 anos; aquelas que desejam engravidar por produção independente; pacientes que têm problemas de ovulação, endometriose em estágio moderado a avançado ou obstrução das trompas de Falópio; e homens com baixa contagem ou ausência de espermatozoides na ejaculação.

De acordo com a médica Larissa Matsumoto, especialista em reprodução assistida da clínica Vida Bem Vinda, unidade do Fertgroup, a taxa de sucesso do procedimento é de 40%, em média O resultado do tratamento é especialmente influenciado por três fatores: a idade da mulher, a reserva ovariana (quantidade de folículos, estruturas que contêm os óvulos, presente no corpo) e a qualidade do espermatozoide.

Passo a passo

O processo da FIV envolve quatro etapas: estimulação ovariana, coleta dos gametas, fecundação e transferência dos embriões.

A ginecologista Silvana Chedid, do Centro de Reprodução Assistida do Hospital Sírio-Libanês, explica que, antes de iniciar o tratamento, o casal passa por uma consulta na qual são solicitados exames para ambos.

Após as análises, a primeira etapa clínica consiste na estimulação dos ovários para aumentar a produção de folículos. Para isso, são aplicadas injeções de medicamentos hormonais estimulantes por um período de 10 a 12 dias. Quando os folículos chegam ao estágio considerado "maduro", é programada a aspiração (coleta) dos óvulos. O procedimento é feito em centro cirúrgico, dura até 30 minutos e é indolor.

Simultaneamente à coleta dos óvulos, é feita a coleta dos gametas masculinos. Em seguida, no laboratório, os óvulos e os espermatozoides são colocados em placas de cultivo e, com o uso de uma agulha ultrafina, o embriologista injeta um espermatozoide em cada óvulo.

Os óvulos fertilizados ficam em cultura no laboratório, onde se transformam em embriões e, por fim, são transferidos para o útero da mulher.

Custos do tratamento

Segundo Chedid, o valor do tratamento pode variar de acordo com o tipo e quantidade de medicação para a estimulação ovariana e conforme os custos do laboratório de fertilização in vitro. Os gastos com este último variam entre R$ 12 mil e R$ 20 mil e o preço da medicação depende da idade da paciente.

"Mulheres mais jovens usam menos medicação, então gastam menos. Elas podem gastar de R$ 2 mil a R$ 4 mil. Mulheres mais velhas, que têm uma reserva ovariana mais baixa, precisam de uma dose mais alta e podem gastar mais, entre R$ 7 mil e R$ 10 mil", afirma.

Efeitos da paternidade tardia

Ao falarmos da relação entre idade e fertilidade, a atenção geralmente se volta para o organismo da mulher. De fato, o impacto do tempo é mais expressivo no corpo feminino. A partir dos 35 anos, a quantidade e a qualidade dos folículos diminuem e, com o passar dos anos, a reserva ovariana se esgota.

Para o homem, a história é diferente. A vida reprodutiva masculina se estende por mais tempo, mas a qualidade dos espermatozoides também declina, geralmente a partir dos 50 anos. Essa queda pode ser acelerada por fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool e obesidade.

"Muitas vezes, colocamos o peso apenas na idade materna, que, claro, é um dos principais fatores que comprometem a chance de gravidez. No entanto, sabemos que a idade paterna também exerce influência, assim como os hábitos de vida, tanto da mãe quanto do pai", destaca Larissa Matsumoto.

Com o avanço da idade do pai, é possível que haja uma redução na chance de gravidez e aumento do risco de aborto porque o tempo impacta na expressão dos genes, influenciando na produção de proteínas.

De acordo com a médica, duas condições associadas a esses fatores são o autismo e a esquizofrenia nas crianças. Os estudos têm atribuído maior risco desses quadros quando o pai tem mais de 45 anos, mas principalmente acima dos 50.

Embora não haja um consenso sobre quando a paternidade pode ser considerada "tardia", sabe-se que a qualidade do sêmen diminui com o avanço do tempo, especialmente a depender do estilo de vida. "Pais que têm bons hábitos estão sujeitos a menor processo deletério em relação à idade", diz a médica.

FIV em homens vasectomizados

A vasectomia interrompe a circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos e conduzidos para os canais que desembocam na uretra. O bloqueio da saída dos gametas, porém, não impede que continuem sendo produzidos, explica Chedid.

"Nós podemos obter os espermatozoides diretamente do testículo e fertilizar os óvulos no laboratório, in vitro, transferindo os embriões para a cavidade uterina", afirma. É por isso que a fertilização in vitro permite que homens vasectomizados sejam pais.

A amostra é retirada por meio de punção e, na maioria dos casos, uma parte é congelada para uso em futuras tentativas de FIV, evitando que o homem precise passar novamente pelo procedimento.

Estadão
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