Entenda o câncer de Preta Gil: metástase é mais difícil de ser tratada, mas há chance de cura
Preta detalhou que o seu câncer voltou em forma de metástase no peritônio, lesão no ureter e 2 linfonodos; oncologista explica o diagnóstico
Após anunciar que estava internada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para a retomada do tratamento oncológico após exames de rotina, Preta Gil usou seu perfil nas redes sociais, neste domingo (25), para compartilhar seu quadro de saúde com seus fãs e seguidores.
A cantora revelou que o câncer, diagnosticado primeiramente no intestino em 2023, voltou em quatro partes diferentes do corpo. Preta contou que tem dois linfonodos, uma metástase, que fica no peritônio, e uma lesão no ureter.
“Todos nós fomos surpreendidos por esse novo diagnóstico. É mais comum do que se imagina, mas é um grande susto”, disse a cantora.
Em entrevista ao Terra Você, Sergio Roithmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento (RS), explicou o diagnóstico da artista.
De acordo com o médico, quando ocorre uma recidiva de um tumor, são feitos exames para detectar o local e a extensão da recidiva. Se um câncer retorna após o tratamento inicial, isso significa que células tumorais já haviam se espalhado, de forma oculta e indetectável, no momento do diagnóstico inicial e resistiram a esse tratamento.
As células tumorais podem escapar do tumor original do intestino por vasos linfáticos e sanguíneos e chegar aos linfonodos e outros tecidos do organismo. Isso deu origem à recidiva nos linfonodos e no peritônio, que foram descritas pela cantora.
“A lesão no ureter, em geral, é derivada das lesões peritoneais. Isso tudo significa que será necessário um tratamento sistêmico para tentar eliminar todas essas células residuais, que aparentemente estão crescendo em diferentes locais. Às vezes, uma cirurgia também pode ajudar nesse quadro”, diz o oncologista.
O que é metástase?
Quanto à metástase, o especialista explica que ela é a disseminação do câncer a partir do tumor inicial. Algumas células cancerígenas têm a capacidade de se desprender da lesão original e invadir vasos sanguíneos. Nesses casos, elas podem se implantar em qualquer outro órgão do organismo.
O tipo de tratamento deverá ser decidido num consenso entre diferentes profissionais, principalmente o oncologista clínico e o cirurgião oncológico. Outros profissionais como radioterapeutas e especialistas em radiologia intervencionista, podem ser incluídos. Em casos de implantes no ureter, urologistas podem ser chamados a participar para preservar a função dos rins.
O médico conta que no caso do câncer de intestino, os locais mais frequentes para metástases são os linfonodos abdominais, o peritônio, o fígado e os pulmões. No entanto, também é possível que outros locais, como os ossos e o sistema nervoso central, sejam afetados.
"Doenças metastáticas podem ser tratadas, mas sempre representam um desafio maior que o tratamento inicial. Quanto mais precoce o tratamento, maiores são as chances de cura"
Sergio Roithmann, médico oncologista
O oncologista diz que o tratamento do câncer de intestino metastático é bastante individualizado. Ele depende da extensão da recidiva, dos órgãos atingidos, das características da doença e do paciente como um todo.
O tratamento passa inicialmente por uma avaliação detalhada das características das células tumorais. Em alguns casos uma nova cirurgia pode ser o melhor tratamento. Atualmente, a avaliação mais decisiva é sobre a sensibilidade do tumor à imunoterapia.
“Temos testes que são feitos sobre o material da cirurgia inicial ou numa nova biópsia. Isso vai definir se o tratamento será baseado em imunoterapia ou quimioterapia. Temos outros tratamentos chamados de biológicos, que dependem de testes moleculares. Felizmente as alternativas de tratamento vêm aumentando nos últimos anos”, conta o especialista.
No vídeo que divulgou no domingo, Preta esclareceu também que já iniciou o novo tratamento assim que os exames identificaram as novas células cancerígenas.
“No mesmo dia, começamos o tratamento. Na quarta, fiz exames complementares e na quinta comecei a quimioterapia, que acabou hoje o primeiro ciclo. Sigo no hospital mais 24 horas em observação. Vou para casa, fico em casa mais 12 dias e volto para o hospital. Ou seja, minha rotina de tratamento oncológico voltou”, explicou a artista.