Entenda por que não é normal sentir dor durante a relação
Sentir dor no ato sexual pode ter várias razões, desde problemas de saúde como endometriose à falta de conhecimento do próprio corpo
Estima-se que entre 10% e 30% das mulheres estadunidenses podem experienciar algum grau de dor durante a relação sexual. É o que aponta o "National Survey of Sexual Health and Behavior" (NSSHB), uma das principais fontes sobre comportamento sexual nos Estados Unidos. O DSM da Associação Americana de Psiquiatria mostra que 15% delas sentem dor recorrente durante o sexo.
As razões que levam à dor durante o ato sexual são muitas, e podem envolver até mesmo problemas de saúde. Estima-se que dois terços das mulheres que têm endometriose sofram de algum tipo de disfunção sexual, principalmente a dispareunia - isto é, dor de maior ou menor intensidade durante a relação.
"Esse quadro leva a relações sexuais não satisfatórias e a mulher passa a evitá-las, porque o cérebro acaba associando sexo a desconforto. Com isso, tem-se a diminuição da libido, da excitação e da lubrificação, gerando ainda mais dor e impactos psicológicos, como baixa autoestima", aponta o ginecologista Dr. Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Endometriose e dor durante o sexo
A endometriose atinge 10% da população feminina em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela ocorre quando o tecido endometrial, que deveria estar presente apenas no útero, se espalha para além do órgão, atingindo ovários, trompas, tecido pélvico, bexiga, trato gastrointestinal e outras partes do corpo. Durante a relação sexual com penetração, os implantes endometrióticos podem ser esticados e causar dores.
"A gravidade da dor depende de vários fatores. Entre eles está a postura, a profundidade da penetração, e o momento do ciclo pelo qual a mulher está passando. Em alguns casos, elas podem tornar o sexo uma experiência insuportável, especialmente quando os implantes estão localizados nos nervos", explica o especialista.
Bellelis ressalta a importância de buscar tratamento o quanto antes. Além do acompanhamento ginecológico, é aconselhável consultar um fisioterapeuta especializado em assoalho pélvico, que pode aplicar técnicas para o fortalecimento da região.
"É fundamental ainda que a mulher tenha um diálogo aberto com o parceiro, sem medo de que o relacionamento possa ser prejudicado. Em casos mais graves, buscar ajuda de um psicólogo ou sexólogo também pode ser indicado", destaca.
Falta de conhecimento sobre o próprio corpo dificulta o orgasmo
Além da endometriose, a falta de conhecimento sobre o próprio corpo também pode levar a desconfortos durante o sexo, como a falta de um orgasmo, por exemplo. Segundo a fisioterapeuta pélvica e educadora sexual Débora Pádua, este é um dos fatores que impedem as mulheres de chegar ao auge.
"Muitas delas nunca tocaram nem o clitóris - considerado o principal ponto de estímulo feminino. Além disso, tão pouco conhecem ou têm a percepção da região pélvica", afirma a especialista em tratamento de vaginismo e dor na relação sexual.
Para Débora, as mulheres precisam se permitir experimentar o prazer. "O prazer está ao alcance de qualquer mulher e o sexo tem que ser prazeroso sempre. Basta encontrar o ponto de prazer que muitas vezes está escondido em cada uma de maneira bem individual", destaca a profissional.
Sex toys podem ajudar
A ONU define saúde sexual como um "estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade, não é meramente a ausência de doenças, disfunções ou enfermidades". Nesse contexto, o uso de vibradores pode se tornar um verdadeiro aliado a fim de aproveitar os momentos de prazer.
"O uso regular de vibradores promove o fortalecimento do assoalho pélvico, reduzindo e prevenindo a incontinência urinária. Além disso, diminui a ocorrência de dores na região. Também pode ajudar no aumento de libido e autoestima sexual, redução do estresse e melhora da qualidade do sono. Até mesmo cólicas menstruais são aliviadas com o uso de vibradores", afirma Isabela Cerqueira, especialista em sexualidade, fundadora e CEO da Good Vibres.
Para quem deseja escolher um sex toy para chamar de seu, a especialista recomenda experimentar produtos com estímulo externo primeiro. Em seguida, avance para outros modelos que incluam mais funcionalidades.
"Modelos que estimulam principalmente a região do clitóris, como sugadores ou bullets, são os mais pedidos e recomendados, pois não necessitam da penetração para levar ao orgasmo, além de serem mais confortáveis um número maior de mulheres durante o uso", aconselha.