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Estudo aponta que energéticos aumentam o risco de desenvolver dependência de álcool

Pesquisa desenvolvida pela Unifesp mostra que a mistura de bebidas pode aumentar a chance de 'binge drinking'

17 mar 2023 - 15h10
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O consumo de destilados misturados com energéticos aumenta as chances de "binge drinking", ou seja, quando se bebe muito em um curto período de tempo, o que pode resultar em mais casos de dependência de álcool. É o que indica uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que está em fase de revisão e será submetida para publicação no próximo mês. Segundo dados inéditos do estudo, os episódios de binge drinking ocorrem três vezes mais com quem faz uso da mistura com energético frequentemente.

A prática corresponde a um consumo de pelo menos 60g de álcool puro em um período de até 2h. Considerando as variáveis, isso equivale a cinco ou seis doses de álcool, conforme a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera 10g de etanol puro como dose padrão. No caso dos destilados, como vodca e gim, seriam doses de cerca de 45 ml, levando em conta que essas bebidas têm teor alcoólico de aproximadamente 40%.

Foram consultados para a pesquisa da Unifesp mais de 800 jovens, a maioria de 18 a 25 anos, em levantamento online. Os entrevistados responderam questões como os motivos pelos quais criaram o hábito de tomar bebidas alcoólicas combinadas com energéticos. Mais da metade afirmou que prefere a mistura pelo gosto do energético, que neutraliza o sabor forte do destilado; 21,6% responderam que gostam da combinação porque reduz o efeito de sonolência do álcool e outros 13% relataram que adotaram a prática para beber mais álcool.

De acordo com Maria Lúcia Oliveira de Souza Formigoni, professora do Departamento de Psicobiologia da Unifesp que está conduzindo o trabalho, ao fazer a mistura as pessoas percebem por mais tempo os efeitos estimulantes do álcool. "As bebidas alcoólicas têm um efeito bifásico. A primeira fase é uma sensação de estimulação, de euforia. O segundo momento tem um efeito mais depressor. O energético mascara essa sensação de sono, e o indivíduo fica em alerta", diz a pesquisadora, que é doutora em Farmacologia e coordena a Unidade de Dependência de Drogas da Escola Paulista de Medicina. Isso faz com que as pessoas tenham uma falsa impressão de que não estão tão bêbadas assim, e pensem que estão em condições de beber ainda mais.

Estadão
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