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Estudo diz que mortes por covid no Brasil poderiam ser maiores sem vacina contra tuberculose

Trabalho revelou que taxas mais baixas de infecção e morte se repetem em todos os países onde a vacinação é obrigatória

10 ago 2020 - 10h10
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RIO DE JANEIRO - O número de mortes registradas por covid-19 no Brasil poderia ser 14 vezes maior do que o atual se a vacina contra o bacilo Calmette-Guérin (BCG), que causa a tuberculose, não fosse obrigatória no País. A conclusão é de um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicado na semana passada na Science.

O trabalho revelou que taxas mais baixas de infecção e morte se repetem em todos os países onde a vacinação é obrigatória. Em 15 de abril, o número de mortes registrado no Brasil era de 1.736. No entanto, poderia ter chegado a 24.399 se o País não adotasse a política de vacinação obrigatória na infância.

Pesquisas sugerem que a vacina tem efeitos benéficos na imunidade contra muitas infecções pulmonares, o que a tornaria uma candidata importante na prevenção da covid-19. O principal autor do estudo, Shinobu Kitayama, afirmou em entrevista por telefone: "O Brasil está com um problema horrível, mas poderia ser pior."

Por que vocês resolveram estudar a eficácia da vacina BCG na prevenção da covid-19?

Vários estudos no passado indicavam que a proteção oferecida pela BCG se estendia a outros problemas pulmonares, além da tuberculose, como o câncer de pulmão. A covid, essencialmente, causa problemas no pulmão. Seria um bom candidato a ser examinado neste contexto.

O senhor recomendaria uma vacinação em massa com a BCG como uma forma de reduzir a gravidade dos casos de covid-19 e sua letalidade, enquanto um imunizante específico não for descoberto?

No sentido de ser recomendada a vacinação nos próximos meses? Não. Não sabemos se a vacina é eficaz em adultos, é uma vacina tipicamente dada a crianças. Ela poderia até aumentar temporariamente a vulnerabilidade à covid, não sabemos. Seria uma conclusão muito prematura tomar essa decisão sem nenhum teste clínico. Mas acho que, a longo prazo, recomendaria a países que não têm o sistema de vacinação obrigatória na infância que começassem a fazer isso. Acho que é uma boa estratégia para o futuro.

O Brasil está enfrentando uma epidemia muito grave de covid-19 a despeito de ter uma vacinação obrigatória de BCG na infância. Como o senhor explica isso?

Sim, vocês estão com um problema horrível, a despeito de tomarem a BCG. Mas poderia ser muito pior. A vacina reduz a probabilidade de infecção, a gravidade dos sintomas e a letalidade no futuro, mas não adianta achar que porque tomou não precisa se preocupar. Não é uma proteção completa.

Estadão
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