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Estudo estima ao menos 4,2 milhões de contaminados no Brasil

Epidemia é exponencial e Brasil precisa de mais medidas de controle, alerta estudo do Imperial College feito por brasileiros e ingleses;

8 mai 2020 - 12h50
(atualizado às 13h16)
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Cerca de 3,3% da população da cidade de São Paulo e 10,6% da população do Amazonas já devem ter se infectados com o novo coronavírus, aponta uma estimativa divulgada nesta sexta-feira (8) pelo Grupo de Resposta a Covid-19 do Imperial College de Londres. Para São Paulo, isso representa cerca de 1,5 milhão de pessoas. No Amazonas, são cerca de 448 mil contaminados. Em 16 Estados para os quais foram feitas as contas, a estimativa é de mais de 4,2 milhões de pessoas contaminadas.

Pessoas esperam em fila em frente a agência da Caixa para receber auxílio emergencial durante o surto do Covid-19
15/04/2020
REUTERS/Ricardo Moraes
Pessoas esperam em fila em frente a agência da Caixa para receber auxílio emergencial durante o surto do Covid-19 15/04/2020 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

O estudo, que conta com três autores brasileiros, avaliou especificamente como deve estar a taxa de transmissão da doença no País. Eles afirmam que intervenções de isolamento social foram capazes de derrubar em 54% o número de reprodução do coronavírus (para quantas pessoas uma contaminada é capaz de transmitir), mas ela ainda está ativa. Veja o estudo, em inglês.

"Apesar de medidas tomadas até agora terem reduzido o número de reprodução, os dados sugerem que a epidemia continua em aumento exponencial em todos os 16 Estados brasileiros analisados", disse ao Estado o médico Ricardo Schnekenberg, doutorando da Universidade de Oxford, que assina a análise.

Segundo os autores, o número de reprodução mais alto é observado no Pará, de 1,90. No Estado, os pesquisadores estimam que 5,05% da população já foram infectados. Belém iniciou nesta quinta-feira um regime de lockdown. Em São Paulo, onde políticas de isolamento foram adotadas em 24 de março, a taxa de reprodução é de 1,47.

"Condicional aos padrões de mobilidade observados até o momento no Brasil, concluímos que a transmissão do vírus SARS-CoV-2 ainda não está sob controle. Se esse padrão for mantido, é esperado um colapso no sistema de saúde de alguns estados", afirmou o estatístico brasileiro Henrique Hoeltgebaum.

A taxa está acima de 1 em todos esses Estados, o que indica que a epidemia ainda não está controlada. O trabalho lembra que a distribuição da doença é altamente heterogênea no País, com cinco Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e Amazonas) sendo responsáveis por 81% das mortes reportadas no Brasil. Até esta quinta, de acordo com o Ministério da Saúde, 9.146 pessoas já haviam morrido em decorrência da covid-19. A doença já foi diagnosticada em mais de 135 mil pessoas.

"Essas tendências estão em forte contraste com outras grandes epidemias de covid-19 na Europa e na Ásia, onde bloqueios forçados levaram com sucesso o número de reprodução para abaixo de 1. Embora a epidemia brasileira ainda seja relativamente incipiente em escala nacional, nossos resultados sugerem que ações adicionais são necessárias para limitar a propagação e impedir a sobrecarga do sistema de saúde", escrevem os autores.

O Imperial College é um dos institutos de pesquisa mais conceituados do mundo em modelagem matemática e vem publicando projeções desde que a epidemia chegou à Europa. Foi por conta dos números apresentados pela instituição que o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, se convenceu de que o isolamento social era a única medida possível para evitar um número catastrófico de mortes no país.

Estadão
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