Estudos indicam benefícios da vitamina D na fertilidade
Estudos médicos desenvolvidos nos últimos anos apontam a relação entre a vitamina D e a fertilidade. Receptores dessa vitamina estão presentes em células importantes do sistema reprodutor, tanto masculino quanto feminino - o que sugere que ela pode ter um papel nesse sistema.
Já são conhecidos alguns benefícios da vitamina D na formação dos ossos e dentes. Mais recentemente, as pesquisas têm apontado seu possível efeito em diversos sistemas do corpo, como o imunológico e circulatório. E, entre eles, também o reprodutor. "Começaram a surgir alguns trabalhos mostrando alguma relação entre a vitamina D e a fertilidade desde 2008 e 2009", afirma Jorge Haddad, especialista em reprodução assistida da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A revista médica
European Journal of Endocrinologypublicou uma revisão conduzida por pesquisadores da Universidade Médica de Graz, na Áustria, que coletou estudos de relevância sobre a relação da vitamina D com a fertilidade publicados até outubro de 2011. Eles consistiam principalmente em trabalhos realizados com animais, ou observações de grupos com baixos índices de vitamina D em comparação com aqueles com índices regulares.
A revisão apontou que há uma correlação entre menores níveis de vitamina D e a baixa fertilidade. "Até hoje, não se achou a relação de causa e efeito. Mas, estatisticamente, parece que, se a vitamina D está equilibrada, a taxa de gravidez é melhor", diz Jorge. "Como a vitamina ajuda em todos os órgãos, quando há falta, o corpo vai agir melhor se ela for suprida. A melhora da reprodução seria um aspecto da melhora geral", acredita o médico.
Embora não se saiba exatamente o efeito da vitamina na fertilidade, a presença de receptores de vitamina D nos ovários, no folículo ovariano (conjunto de células que inclui o ovócito), no endométrio (tecido que reveste o interior do útero), na placenta e na hipófise (glândula que produz hormônios importantes para a reprodução), na mulher, e no espermatozoide, no homem, indicaria que ela pode ter papel nessas células e tecidos.
A revisão aponta que, na mulher, a vitamina D poderia reduzir as chances de abortamento. "Como há receptores no endométrio, provavelmente a vitamina D nesse tecido favorece a implantação", explica o médico. Nas mulheres, a vitamina D poderia ainda melhorar a frequência menstrual e controlar os distúrbios metabólicos relacionados à Síndrome do Ovário Policístico - doença que acomete entre 5 e 10% das mulheres em idade fértil e que pode levar a problemas de fertilidade.
Além disso, a vitamina D pode estar associada a melhores resultados de fertilização
in vitro. A vitamina D estaria relacionada ainda ao crescimento do óvulo e à produção de hormônios sexuais. "Mas não há nada demonstrado", ressalta o especialista.
Nos homens, a localização dos receptores nos testículos ainda é incerta. O estudo aponta, no entanto, que a vitamina D poderia favorecer a maturação do espermatozoide e seu decréscimo reduziria a contagem e a mobilidade dessas células. Além disso, a vitamina D poderia aumentar a produção de testosterona, hormônio masculino importante para a produção de espermatozoides e para o desejo sexual.
Tratamento com vitamina D
Ainda que a influência da vitamina D na fertilidade não esteja comprovada, Jorge afirma que a utiliza em pacientes que apresentaram nível deficiente dela - a medição se dá por exame de sangue. "Do ponto de vista prático, eu dou. Não vai fazer mal ao paciente. Com isso, espero melhorar a taxa de gravidez", afirma. Segundo ele, casos como abortamento de repetição e falhas de implantação são aqueles nos quais a vitamina é mais receitada, embora não seja norma no meio médico.
O tratamento com vitamina D deve ser controlado por um médico. O excesso da vitamina pode ser prejudicial à saúde, causando problemas como danos ao coração e fragilidade nos ossos.
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