Fim do Outubro Rosa não encerra a prevenção contra o câncer de mama
Mês é marco simbólico de conscientização. No entanto, os cuidados e a atenção com a doença devem durar o ano todo
Hoje, dia 31, é o último dia do Outubro Rosa, mês da campanha de conscientização sobre a prevenção e os cuidados necessários contra o câncer de mama - tumor responsável pela morte de milhares de brasileiras todos os anos. Segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), mais de 60 mil casos da doença já foram registrados no Brasil, apenas em 2021. Já no planeta, a última estimativa é de que o problema tenha acometido cerca de 2 milhões de pessoas no ano passado.
Apesar de não existir uma causa única para o desenvolvimento do câncer de mama, sabe-se que hábitos ruins, como má alimentação, sedentarismo e uso de drogas podem favorecer o aparecimento de todos os tipos de tumores. No entanto, especialmente para o câncer de mama, condições genéticas, hormonais e imunológicas também podem influenciar no surgimento da doença.
Por isso, o acompanhamento e o diagnóstico precoce são fundamentais para evitar que o problema se agrave e tenha consequências graves, como a morte, por exemplo. Quanto antes a doença for identificada, mais eficaz será o tratamento. Porém, a realização da mamografia - principal exame de rastreio do câncer de mama - sofreu uma importante queda durante a pandemia de Covid-19.
Queda do número de mamografias preocupa especialistas
Segundo dados do SIA (Sistema de Informações Ambulatoriais do Ministério da Saúde), o número de exames realizados na rede pública, em 2020, foi 20% menor quando comparado com 2019. Já no sistema particular, o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), aponta queda de 28% das mamografias realizadas por beneficiários de planos de saúde.
"A tendência de queda na realização de mamografias nos últimos anos acende um sinal de alerta preocupante, sobretudo porque, em paralelo, houve crescimento do número de óbitos em decorrência de complicações causadas pelo câncer de mama em praticamente todas as faixas etárias", avalia José Cechin, superintendente do IESS.
A análise do executivo, de acordo com especialistas médicos, faz todo sentido. "Não há dúvidas que a pandemia atrasou uma série de diagnósticos oncológicos. Isso vai ter um impacto importante nos próximos anos, já que com o diagnóstico tardio o tratamento tende a ser mais mórbido e menos resolutivo", conta o Dr. Felipe Moraes, oncologista do Hospital Nove de Julho.
"A Covid-19 tem reflexos em nossos consultórios e passamos a atender e diagnosticar pacientes com câncer de mama em estágios mais avançados, principalmente no SUS. Nossa percepção é que a demanda está voltando a regularizar nas clínicas e hospitais particulares, porém, no SUS ainda temos uma demanda reprimida muito alta. Por isso, a campanha Outubro Rosa tem um papel fundamental, para chamar a atenção e ratificar a importância da realização da mamografia", completa o mastologista, Dr. Sérgio Calmon.
A melhor maneira de detectar o câncer de mama no início
A recomendação do Ministério da Saúde é de que a mamografia deve ser realizada por mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois anos. No entanto, é fundamental que o público feminino, de todas as idades, realize consultas anuais com um médico ginecologista, para avaliar as necessidades do rastreamento do câncer de mama. Além disso, o autoexame também deve ser feito constantemente.
"Inicie fazendo uma observação em frente ao espelho, levante e abaixe os braços e depois coloque as mãos na cintura para verificar se apresenta alguma alteração visual. A segunda etapa pode ser realizada em pé ou deitada, muitas mulheres gostam de fazer o autoexame durante o banho. Com o braço atrás da nuca, você irá palpar a mama e as axilas com a mão contrária e pressionar suavemente os mamilos. Observe se ocorre saída de secreção. Repita o processo na outra mama", recomenda a Dra. Juliana De Biagi, médica ginecologista, obstetra e professora do Mackenzie.
ONG Orientavida
A ONG Orientavida vem promovendo a campanha Pense Rosa, que ajuda mulheres que estão na fila de espera do SUS (Sistema Único de Saúde) a realizarem mamografias. A cada 12 pulseiras vendidas no site da ONG, a venda é revertida em um combo de diagnóstico de câncer de mama. Até agosto deste ano, 11 mil mamografias foram realizadas. A meta da ONG Orientavida é atingir 15 mil até dezembro de 2021. Participe!