Fumaça das queimadas detona saúde: o que fazer para aliviar respiração e sinais para buscar ajuda
Tosse persistente, sensação de opressão no peito e cansaço excessivo são sinais que necessitam ajuda médica, alerta pneumologista
Na última sexta-feira (23), o céu da capital e de várias cidades do estado de São Paulo foi tingido de um vermelho intenso durante o pôr do sol, um efeito causado pelos incêndios devastadores de queimadas no interior do estado e também em outras regiões, como a Amazônia, que estão se espalhando de Norte a Sul. Esses incêndios agravaram a qualidade do ar na região e também em outras capitais do país como Goiânia, Brasília e Belo Horizonte.
Com os registros de ar contaminado, muitas pessoas adotaram medidas caseiras para proporcionar algum conforto respiratório, como o uso de máscaras de proteção molhadas ou copos de água perto da cama para molhar nariz e o rosto.
Em entrevista ao Terra Você, a pneumologista Michele Andreata, da Saúde no Lar, explica que essas máscaras molhadas podem oferecer alívio temporário, mas infelizmente não são eficazes em filtrar partículas finas presentes na fumaça e na fuligem. Nesses casos, o mais apropriado é usar máscaras N95 secas, que oferecem melhor proteção contra partículas inaláveis.
Quanto a molhar o rosto, a prática pode aliviar temporariamente a irritação, mas também não resolve o problema subjacente, além de não prevenir os danos causados pela inalação dos poluentes.
A pneumologista conta que a exposição ao ar poluído por fumaça e fuligem, especialmente em períodos prolongados, pode causar uma série de problemas na saúde, entre elas:
- Irritação das vias aéreas;
- Exacerbação de doenças respiratórias pré-existentes, como asma e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica);
- Aumento do risco de infecções respiratórias;
- Tosse;
- Dificuldade para respirar;
- Irritação nos olhos e garganta.
Para pessoas com condições respiratórias pré-existentes, como asma e DPOC, os efeitos da poluição por fumaça e fuligem são ainda mais intensos. A exposição prolongada pode desencadear crises asmáticas, exacerbações da DPOC, aumento da necessidade de uso de medicamentos de resgate e, em casos graves, pode levar a hospitalizações.
“Esses pacientes podem experimentar uma diminuição significativa da função pulmonar e um agravamento de seus sintomas crônicos”, alerta a especialista.
Teve contato com ar poluído? Fique atento!
Para quem teve contato com o ar poluído neste fim de semana, vale ficar atento a alguns sintomas iniciais podem indicar problemas pulmonares causados pela exposição constante a esses poluentes, entre eles:
- Tosse persistente;
- Sensação de opressão no peito;
- Falta de ar;
- Sibilância (chiado no peito);
- Irritação nas mucosas, como olhos e garganta.
Em casos de exposição prolongada, pode haver também cansaço extremo, agravamento de condições respiratórias crônicas e aumento da frequência de infecções respiratórias.
A exposição contínua à fumaça e fuligem ainda pode levar ao desenvolvimento de bronquite aguda, exacerbação de asma e DPOC, pneumonite química e, a longo prazo, pode aumentar o risco de doenças respiratórias crônicas e até mesmo doenças cardiovasculares.
“Além disso, há uma correlação entre a exposição a poluentes atmosféricos e o aumento do risco de câncer de pulmão”, completa a médica.
O que fazer?
Algumas medidas preventivas podem ajudar a reduzir a exposição aos poluentes e minimizar os danos causados pela exposição contínua à fumaça e fuligem, entre eles estão:
- Manter as janelas fechadas;
- Usar purificadores de ar com filtros HEPA;
- Manter a casa bem ventilada assim que a qualidade do ar melhorar;
- Evitar o uso de ventiladores que possam movimentar partículas de fuligem no ar interno.
- Evitar atividades físicas intensas ao ar livre durante períodos de alta poluição.
A médica explica que o organismo pode eliminar algumas das partículas inaladas, especialmente em indivíduos saudáveis, através de mecanismos naturais de defesa, como a tosse e a depuração mucociliar.
No entanto, danos a longo prazo, especialmente em pessoas com condições respiratórias crônicas, podem persistir. "Se os sintomas respiratórios continuarem após o fim da exposição ou se houver agravamento de uma condição pré-existente, é essencial procurar ajuda médica o mais rápido possível para uma avaliação adequada e possível tratamento", conclui.