Fungos, caspa e bactérias: saiba os riscos de adicionar alecrim no shampoo
Dermatologista alerta que, no geral, nunca é uma boa ideia utilizar alimentos no cabelo, como o caso do alecrim no shampoo
Recentemente, viralizou nas redes sociais uma receita que recomenda adicionar alecrim no shampoo - o que promoveria benefícios como controle da caspa, da queda dos fios e do excesso da oleosidade no couro cabeludo. No entanto, é preciso levar alguns riscos em consideração.
Segundo o dermatologista Dr. Gustavo Martins, embora o óleo essencial de alecrim possa ter certos benefícios, o alecrim bruto por si só não libera esses óleos efetivamente sem equipamento especializado. Além disso, utilizar a planta de forma incorreta pode potencialmente prejudicar o couro cabeludo.
Alecrim no shampoo funciona mesmo?
De acordo com o especialista, a ciência ainda não forneceu evidências sólidas que apoiem o uso de alecrim no shampoo. Ele destaca que a possível "eficácia" do alecrim no shampoo compartilhada nas redes sociais pode variar de pessoa para pessoa.
"Nesse sentido, é crucial entender que melhorias podem ser graças a vários fatores, como redução do estresse, melhoria na dieta ou melhores práticas de cuidados com os cabelos, incluindo o uso consistente de qualquer shampoo e cremes de tratamento", afirma o dermatologista.
Portanto, é importante abordar esses remédios caseiros com cautela para evitar possíveis problemas, como o crescimento de fungos, que poderiam piorar a queda de cabelo ou levar a outros problemas de pele.
O médico frisa que químicos e formuladores trabalham diligentemente para desenvolver produtos com ingredientes comprovados. "Criar uma fórmula mágica para salvar o cabelo é desafiador, uma vez que os shampoos têm tempo de contato limitado com o couro cabeludo", ressalta Gustavo.
Por que não é uma boa ideia usar comida no cabelo?
O dermatologista lembra que, no geral, nunca é recomendável utilizar alimentos para tratar o cabelo. Isso porque embora os tratamentos capilares com receitas caseiras possam conferir benefícios momentâneos, como brilho e maciez, eles não estão realmente tratando os fios.
"Ao aplicar alimentos nos cabelos sem passarem por um processamento adequado, podemos até obter alguns resultados superficiais. Porém, o cabelo não está recebendo um tratamento tão efetivo quanto quando usamos cosméticos", explica o especialista.
O profissional ressalta ainda que a utilização de alimentos nos cabelos pode trazer riscos à saúde capilar. Por exemplo, o vinagre, amplamente utilizado para dar brilho aos fios, pode ressecá-los e causar dermatite devido à sua acidez.
Além disso, o acúmulo de resíduos de alimentos não removidos completamente durante a lavagem pode deixar os cabelos opacos. Ingredientes comuns, como mel e abacate, podem até promover a proliferação de bactérias e fungos nos cabelos, uma vez que eles são difíceis de remover completamente durante a lavagem.
Há ainda o tamanho das moléculas, que é diferente entre um alimento e um cosmético. Por serem grandes demais, as moléculas dos alimentos não penetram os fios da mesma maneira. Conforme o profissional, é mais recomendado ingerir esses alimentos, aproveitando seus benefícios nutricionais, em vez de desperdiçá-los aplicando diretamente nos fios.
"Afinal, a beleza capilar vem do que ingerimos e é refletida através de uma alimentação equilibrada e de um cuidado capilar adequado, com produtos desenvolvidos especificamente para tratar os fios de maneira efetiva", finaliza.