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Gagueira é um distúrbio da fluência da fala que pode ter múltiplas causas

11 out 2024 - 02h56
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Especialista diz que o problema pode ser genético, neurológico ou psicológico

A neuropediatra Estéfani Ortiz (CRM-RS 40.870 e RQE 40.131) comenta que a gagueira ocorre quando há uma disfunção no controle motor da fala, envolvendo a coordenação entre a respiração, fonação e articulação das palavras. Fatores como hereditariedade, diferenças no desenvolvimento neurológico e influências ambientais (como estresse ou pressão social) podem contribuir para o seu desenvolvimento.

Os atores Murilo Benício e Samuel L. Jackson são duas personalidades famosas que já declararam publicamente que sofreram com a gagueira durante a infância e adolescência. Segundo Estéfani, o problema é mais comum em meninos. Ela explica que a razão para essa diferença de gênero não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja devido a diferenças no desenvolvimento cerebral entre meninos e meninas, especialmente no que diz respeito à área da fala e linguagem, que tende a se desenvolver mais cedo e de maneira mais eficaz nas meninas. "A gagueira aparece entre os dois e seis anos, o período em que as crianças estão aprendendo a falar e desenvolver suas habilidades linguísticas", aponta.

Sintomas e diagnóstico

A médica conta que os sinais característicos da gagueira incluem repetição de sons, sílabas ou palavras (como "pa-pa-pa-pato"); prolongamento de sons (como "fffffffala"); bloqueios ou pausas inapropriadas durante a fala, onde a pessoa tenta falar, mas não consegue emitir o som; tensão muscular ou esforço visível ao tentar falar, como apertar os lábios ou piscar os olhos excessivamente; certas palavras ou situações de fala são evitadas por medo de gaguejar. "Esses sintomas podem variar em frequência e intensidade, dependendo da situação e do grau de ansiedade da pessoa", observa.

Foto: Márcia Piovesan

Dra. Estéfani Ortiz - Foto divulgação

Conforme a especialista, o diagnóstico da gagueira é feito por um fonoaudiólogo, que avalia o padrão de fala da criança ou adulto, observando a fluência e os tipos de interrupções na fala. O histórico familiar, o ambiente em que se vive e os comportamentos associados à fala também são considerados.

Estéfani lembra que o neuropediatra também auxilia no diagnóstico por ser importante que a avaliação seja completa para descartar outras condições que podem afetar a fala, como problemas neurológicos ou outros distúrbios da linguagem.

Tratamentos

Fonoaudiologia: a terapia com fonoaudiólogos é o tratamento mais comum, focando em técnicas de fluência, controle da fala e redução da ansiedade associada à fala. Ajuda a desenvolver estratégias para melhorar a fluência e a autoconfiança.

Terapia comportamental:  alguns  casos  podem  envolver  a  terapia cognitivo-comportamental (TCC) para auxiliar a lidar com o estresse, ansiedade ou medo associados à gagueira.

Medicamentos: embora raramente sejam a primeira escolha, em alguns casos específicos, eles podem ser usados para reduzir a ansiedade que piora a gagueira.

Apoio emocional e social: grupos de apoio podem ser importantes para que as pessoas com gagueira compartilhem suas experiências e aprendam a lidar com os desafios.

Orientação da especialista

Não interrompa ou corrija a criança constantemente: interromper a fala ou pressionar a criança pode aumentar sua ansiedade e agravar a gagueira.

Seja paciente e ouça a criança: dê tempo à criança para expressar o que deseja dizer sem pressa ou pressão.

Crie um ambiente tranquilo e de apoio: reduzir o estresse e a pressão em casa pode ajudar a melhorar a fluência da criança.

Procure ajuda: o acompanhamento com um fonoaudiólogo especializado em gagueira é essencial para ajudar a criança a desenvolver estratégias para lidar com a condição.

Valorize a comunicação: encoraje a comunicação positivamente, independentemente da fluência da fala, para que a criança se sinta confiante e valorizada.

Pessoas que são gagas, mas cantam e declamam com dicção sem falhas: qual é a explicação?

A neuropediatra esclarece que a fala espontânea, o canto e a declamação são controlados por áreas diferentes do cérebro. Ela reforça que o ritmo e a entonação são mais contidos e previsíveis, facilitando o processo de articulação e fluência. No canto, por exemplo, a melodia, o ritmo e a respiração ocorrem sincronizadamente, o que ajuda a evitar os bloqueios e interrupções característicos da gagueira.

Além disso, durante o canto ou declamação, o indivíduo pode se sentir menos pressionado social ou emocionalmente, reduzindo a ansiedade e permitindo uma fala mais fluente. "Isso mostra por que muitos gagos conseguem falar sem interrupções ao cantar, ler em voz alta ou participar de atividades com padrões previsíveis de fala", finaliza.

Márcia Piovesan
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