Conheça doença de Kate Middleton, que afetou Ivete e F. Lima
A hiperêmese gravídica é uma doença que causa excesso de vômitos e acomete de 1% a 3% das grávidas
A família real britânica confirmou ontem que a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, está grávida do segundo filho com o príncipe William. É tradição da Clarence House só anunciar este tipo de notícia após os três meses de gestação, mas Kate decidiu quebrar o protocolo porque não estava mais conseguindo cumprir seus compromissos devido à hiperêmese gravídica, doença que causa excesso de vômitos e acomete de 1% a 3% das grávidas. A gravidez ainda não ultrapassou as 12 semanas.
Personalidades brasileiras também já sofreram com o distúrbio. Em 2008, Ivete Sangalo chegou a perder um bebê na sexta semana de gestação. Mas no ano seguinte engravidou novamente e deu à luz Marcelo, filho de Daniel Cady. Já a modelo e apresentadora Fernanda Lima, que teve os gêmeos João e Francisco, só recuperou o apetite com quatro meses de gravidez.
Se mal controlada, a hiperêmese pode causar perda de peso, desidratação e até parto prematuro. Na primeira gestação, enquanto esperava o nascimento do príncipe George, a duquesa de Cambridge já havia passado parte do tempo no hospital. Mas, afinal, o que causa essa doença? Como é o tratamento? E quais os riscos que ela oferece à mãe e ao segundo herdeiro do casal? Para esclarecer essas e outras dúvidas, o Terra entrevistou o Dr. Jurandir Passos, ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal do Delboni Medicina Diagnóstica. Confira.
O que é hiperêmese gravídica?
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É uma exacerbação dos sintomas de náusea e vômitos que normalmente ocorrem durante a gravidez. Cerca de 70% das gestantes têm enjoos, mas apenas 1% a 3% acabam desenvolvendo esse quadro mais sério, em que a paciente tem dificuldade até de se manter hidratada, porque nem líquido para em seu estômago.
Quais os sintomas?
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Vai depender do grau da doença. Se for muito acentuado, poderá resultar em desnutrição, desidratação, acidez e demais problemas gástricos. Outros sintomas estão relacionados ao controle ou não da hiperêmese. Em situações mais graves, é necessário intervir com soro na veia e medicação – que podem ser remédios simples ou de uso restrito. A continuidade do tratamento vai depender de como a paciente responde a essas medicações e se consegue controlar os sintomas de outra maneira, como fracionando as refeições, por exemplo.
Isso afeta o bebê?
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Depende da gravidade. Se chegar ao ponto de desidratação e desnutrição da mãe, pode acarretar riscos para o nenê. O mais comum é ela ganhar pouco peso. Se a gestante engordar menos que 7 kg ao longo de toda a gestação, aumentará o risco de o bebê nascer antes do tempo e com baixo peso. Há pouquíssimos relatos na medicina de casos de morte do bebê decorrente da hiperêmese. Mas o risco de prematuridade é considerável. Se isso ocorrer, a criança terá mais chance de desenvolver problemas pulmonares, cardiopatias, diabete tipo 2 e síndrome metabólica na vida adulta.
Quem tem mais chance de desenvolver o quadro?
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Uma das teorias relacionadas à ocorrência da hiperêmese está associada ao nível de hormônio HCG no sangue: quanto maior o nível, maior será a predisposição da grávida para desenvolver o problema. Mas também há fatores genéticos (quem já teve uma irmã com hiperêmese tende a desenvolvê-la também) e outros que são da própria natureza do organismo. Às vezes, a mulher já tem um quadro de gastrite ou acidez do estômago e aí a náusea acaba se agravando. Também existe a questão de fatores psicossomáticos, principalmente quando se trata de uma gravidez indesejada, seja lá por qual motivo for.
Existem formas de prevenção ou tratamento?
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Quando começam os sintomas, sugere-se a ingestão de seis pequenas refeições ao longo do dia. Mas tomando cuidado para que a gestante não coma demais e acabe engordando muito no final da gravidez. Os alimentos devem ser de fácil digestão porque o tempo de relaxamento do estômago demora mais na gravidez. E se a mulher consumir alimentos muito gordurosos, esse tempo vai aumentar ainda mais.
Quais os alimentos mais indicados para o controle dos sintomas?
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Para não piorar a gastrite, é importante evitar comidas muito ácidas, como molho de tomate; chás preto, mate ou ban-chá; café e, principalmente, chocolate, que além de ser doce e rico em gordura, tem o poder de relaxar a musculatura do esfíncter esofágico, fazendo a sensação de queimação piorar e ainda vir acompanhada de refluxo, em alguns casos. Por isso, o ideal é ingerir alimentos de PH neutro. O gengibre, junto com a comida, também é um grande aliado no combate às náuseas: tem o mesmo efeito de remédios como o Dramin, mas com a vantagem de ser natural. Mas é importante ressaltar que a gastrite não leva à hiperêmese. A causa geralmente é hormonal, psicossomática ou genética.
O diagnóstico é clínico?
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Sim, mas o tratamento pode depender de análises laboratoriais para se definir as quantidades de sódio e potássio no organismo, por exemplo, além de outras substâncias que deverão ser repostas através de medicamentos aplicados na veia da paciente. Em alguns casos, a gestante tem de ser internada para fazer o tratamento.
Além da alimentação já citada, dá para controlar os sintomas por meio de exercícios físicos?
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Eles não exercem muito efeito, mas podem ajudar a restabelecer o equilíbrio se for uma atividade de relaxamento, como ioga, alongamento ou meditação.
Há uma estatística que aponte qual o tipo de mulher que tem mais chance de sofrer desse mal?
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A hiperêmese é mais comum em pacientes jovens, que estão na primeira gestação, ocidentais e obesas. As afrodescendentes têm menor risco. Mulheres grávidas de meninas também têm maior propensão de desenvolver esse quadro por causa da maior concentração do hormônio feminino HCG na corrente sanguínea. E o risco também aumenta quando se está esperando gêmeos.
Na primeira gravidez, enquanto esperava o nascimento do príncipe George, Kate Middleton passou parte do tempo no hospital. Desta vez, tem recebido cuidados e tratamento em casa. A intensidade dos enjoos tende a diminuir em uma segunda gravidez?
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Sim. A expectativa é de que os sintomas não sejam tão graves quanto na primeira vez, mas há outros fatores que podem agravar o quadro, como uma possível pressão da família real e da própria opinião pública em relação ao herdeiro, além de inúmeros outros eventuais agravantes de fundo psicossomático.