Às jovens com pressa de serem mães, um alerta: esperar 15 anos ou mais após a primeira menstruação para ter filho pode reduzir o risco de câncer de mama do tipo agressivo, o triplo-negativo, em até 60%. A descoberta é do Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson, nos Estados Unidos. Os dados são da publicação Breast Cancer Research and Treatment.
Para chegar à conclusão, os cientistas analisaram dados de quase duas mil mulheres do estado de Seattle, com idades entre 20 e 44 anos, sendo que 1.021 delas tinham histórico de câncer de mama.
O estudo também confirmou que a amamentação confere um efeito protetor contra a doença. No entanto, o mecanismo pelo qual a amamentação e o parto mais tardio diminuem a probabilidade desse tipo de câncer ainda não é claro.
Pesquisas anteriores mostraram que o risco do subtipo mais comum de câncer de mama, o ER-positivo, é menor em mulheres que tiveram uma gravidez completa e amamentaram. Acredita-se que as razões para isso sejam os hormônios da gravidez, que induzem certas mudanças na estrutura celular da mama que parecem tornar o tecido menos susceptível à doença.
Relativamente incomum, o triplo-negativo, por sua vez, não depende de hormônios como o estrogênio para crescer e se espalhar.
O período reprodutivo da mulher é dos 15 aos 50 anos aproximadamente. Isto representa mais ou menos o início do ciclo menstrual até o período em que começa a menopausa. "Hoje, com o avanço da medicina e a mudança da sociedade que tende a postergar a gravidez em prol da vida profissional, as mulheres têm engravidado mais tarde. Após os 35 anos, a reserva ovariana da mulher tende a diminuir e algumas já têm dificuldade para engravidar. Após os 45 anos, os riscos durante uma gestação aumentam bastante", diz Julio Elito Júnior, professor livre docente do Departamento de Obstetrícia da Unifesp
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Segundo um levantamento do Hospital das Clínicas, em São Paulo, o número de gestações tardias triplicou. Era de 5% da década de 1970 e atualmente é de 16,6%
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Enquanto uma mulher em idade normal de engravidar tem cerca de 80% de chance, aos 40, esse número cai pela metade
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O risco de abortos salta de 10%, em mulheres de 20 anos, para 40%, aos 40 anos
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Aos 20 anos, o risco de anomalias genéticas é de 0,5%. O índice dobra aos 35 anos, passa para 2% aos 37 anos, chega a 5% aos 40 anos e alcança 10% aos 44 anos. A principal anomalia é a Síndrome de Down, mas há também as síndromes de Edwards e de Patau, entre outras
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A medicina considera uma gravidez acima de 40 anos como de risco, independentemente do quadro de saúde da mulher ou do feto. Isso porque pré-eclâmpsia, aumento da pressão arterial e de maior ganho de peso na gestação são riscos mais comuns nas mulheres após os 35 anos. A recomendação é a de engravidar dentro do peso ideal e garantir que as condições gerais de saúde estejam boas para minimizar os riscos
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O professor da Unifesp Julio Elito Júnior alerta que as técnicas de reprodução assistida, que ajudam muitos casais com dificuldade para engravidar, não garantem a gestação em etapas mais avançadas. "Com o passar da idade, o sucesso do tratamento de reprodução assistida vai diminuindo. Muitas mulheres com mais de 45 anos não conseguem engravidar mesmo com estas técnicas. Quando ocorre o insucesso do tratamento com seus próprios óvulos existe a possibilidade de gravidez com doação de óvulos de uma mulher mais jovem e o sêmen do marido pode ser utilizado", diz
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Segundo o especialista, as mulheres não devem se prender a casos de mulheres que conseguem ter filhos em idades avançadas, que geralmente ganham muita repercussão na mídia, pois são exceção
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Alguns médicos apontam a interrupção do ciclo menstrual como maneira de garantir um maior estoque de óvulos, que poderiam ser usados para as tentativas de gravidez em idades mais avançadas. Segundo Julio Elito Junior, professor da Unifesp, a interrupção do ciclo menstrual não funciona. "O único método é o congelamento de óvulos. O único problema desta técnica é que o ideal seria congelar os óvulos numa idade mais jovem, mas nesta fase poucas mulheres sentem a necessidade de fazer isto", afirma Julio
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Por outro lado, o médico Eliano Pellini, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), aconselha a interrupção da menstruação. Segundo ele, mulheres que pretendem adiar a gravidez, deveriam interromper a menstruação, como maneira de ter maior acervo de óvulos que podem ser usados em tentativas para engravidar, naturalmente ou por meio de procedimentos de reprodução assistida
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Segundo o médico da Unifesp, o congelamento também é controverso, pois não é garantia de sucesso. "O congelamento de óvulos é uma alternativa, mas não a solução para o problema. Um exemplo: uma paciente de 33 anos congela 10 óvulos e decide engravidar aos 42 anos. Descongela estes óvulos e 8 sobrevivem. Estes são fertilizados e 4 embriões são formados. A taxa de implantação do embrião é de aproximadamente 40%. Pode ser que ela não engravide (60% de chance). Desta forma, precisa ter cautela e a paciente precisa compreender esses dados para não se iludir e depois ficar arrependida", explica Julio Elito Júnior
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A American Society for Reproductive Medicine divulgou em outubro que a inseminação com óvulos congelados é tão eficiente quanto a feita com óvulos frescos. Mas não oferece a técnica como certeira para garantir uma gravidez tardia. "Não está claro quais mulheres seriam boas candidatas e se as que congelam óvulos recebem uma falsa sensação de segurança. A regra geral é a de que não há garantias. Muitas mulheres interessadas na técnica estão com mais de 30 anos ou já nos 40, e podem não ser bem-sucedidas", disse a médica Samantha Pfeifer, da Universidade da Pennsylvania
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Para o médico da Unifesp, uma das principais dificuldades está no planejamento da gravidez tardia, pois muitas mulheres não têm certeza de quando vão decidir ser mães. "Estas decisões são muito complexas. Depende da estabilidade profissional, da segurança no relacionamento e do desejo da maternidade. No entanto, o relógio biológico não para e muitas vezes quando o desejo da maternidade chega existe dificuldade para engravidar", disse Julio Elito Júnior
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Para se considerar um casal infértil é necessário o prazo de um a dois anos tentando engravidar sem sucesso. Os exames que devem ser feitos na mulher com dificuldade para engravidar são exames de hormônios para avaliar a reserva ovariana e checar se está ovulando adequadamente, ultrassonografia e exame para avaliar se as tubas uterinas estão desobstruídas. No homem, é realizada a análise do sêmen
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Uma mulher que decide engravidar após os 35, 40 anos, deve ser aconselhada sobre as dificuldades que pode enfrentar e, se precisar de um tratamento de reprodução assistida, ter noção dos riscos. Como por exemplo, as taxas de insucesso, a chance maior de gravidez de gêmeos, além dos riscos de síndromes fetais que surgem nas mulheres com mais idade
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Diversas doenças podem surgir ou serem adquiridas com o passar do tempo. Infecções ginecológicas podem causar obstruções das tubas, ovários policísticos podem dificultar a ovulação, doenças como endometriose podem acarretar dificuldades para concepção
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A obesidade também é um fator que pode atrapalhar a gravidez, pois acarreta alterações hormonais e interfere na ovulação
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Um levantamento feito pela Organisation for Economic Co-operation and Development mostra que, na Europa, a idade média da chegada do primeiro filho é 27,8 anos. Na Inglaterra e na Alemanha, a média é de 30 anos. Nos Estados Unidos, a idade é 25 anos, e no México, 21
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Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), a idade máxima recomendada para procedimentos de reprodução assistida é 50 anos
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Uma técnica usada pode ser a da inseminação artificial, quando o sêmen é inserido no colo do útero. Esse método é ideal para casais que não apresentam problemas graves de infertilidade, mas que têm dificuldade de ovulação ou baixa quantidade de espermatozóide
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A outra é a da fertilização in vitro o óvulo feminino é retirado do corpo da mulher e fecundado por um espermatozoide em laboratório. O processo começa com o estímulo da ovulação, seguido da retirada do óvulo com uma agulha introduzida no canal vaginal, da coleta dos espermatozoides e, finalmente, da fertilização. Se esta for bem-sucedida, o embrião é transferido para o útero. Essa técnica é indicada para mulheres com problemas nas trompas, sequelas de infecções e endometriose
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É possível identificar riscos de anomalias genéticas antes do embrião ser implantado
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Existem outros exames que podem identificar anomalias, por meio da retirada de um pedaço da placenta, pela análise do líquido amniótico ou pela investigação do sangue do cordão umbilical
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Há ainda uma outra versão da fertilização in vitro, chamada de ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides). A diferença está na largura da agulha usada, muito mais fina, o que causa menos desconforto na retirada dos óvulos