Hospitais privados de SP têm 84% de taxa de ocupação em UTIs
Sindicato do setor constatou ainda um crescimento nas internações pela doença em 79% dos hospitais na rede particular
A taxa média de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 é de 84% nos hospitais privados, segundo levantamento do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) divulgado nesta segunda-feira, 30. O aumento das internações tem sido apontado por especialistas como um reflexo da piora da pandemia e o governo João Doria (PSDB) decidiu retomar restrições de bares, restaurantes a lojas para conter a alta de infecções.
A entidade constatou ainda crescimento nas internações pela doença em 79% dos hospitais na rede particular. Os dados são de uma pesquisa realizada com 20% dos hospitais privados, totalizando 76 unidades, dos 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do Estado."Nitidamente, a gente percebe que houve um aumento de ocupação, seja nos leitos de internação normais quanto nos de UTI", diz Francisco Balestrin, presidente do SindHosp. A amostra do levantamento, segundo ele, e representativa reúne 20% dos 383 hospitais do Estado. Segundo Balestrin, os 76 hospitais que participaram do levantamento têm, juntos, 7.760, dos quais 1.777 são de UTI.
"Desses, 40% são os leitos que os hospitais colocam à disposição da covid-19. É nesse grupo que encontramos 84% de ocupação." Os dados foram coletados entre 23 e 26 de novembro e, de acordo com a entidade, o aumento de unidades que relataram incremento nas internações foi em relação ao período de 16 a 19 de novembro, quando 44,5% dos hospitais registraram crescimento.
Segundo a pesquisa, 65% dos hospitais estão mantendo procedimentos eletivos, incluindo cirurgias. O objetivo é evitar o agravamento de doenças crônicas, como câncer e doenças cardiovasculares. No dia 19, o governo estadual recomendou o cancelamento de cirurgias eletivas, para evitar a sobrecarga do sistema hospitalar.
O levantamento mostrou ainda que 67% dos hospitais consultados afirmaram que têm capacidade de aumentar o número de leitos para o novo coronavírus caso seja necessário. "Os hospitais ainda têm espaço para aumentar o seu atendimento, mas, na realidade, a gente precisa de espaço para atender os outros pacientes, fazer as cirurgias eletivas, receber os pacientes que precisam ter o diagnóstico. Pacientes com problemas cardiológicos, neurológicos e câncer se desconectaram dos seus médicos por causa da pandemia."
O presidente do SindHosp diz que a população e os governos municipais e estadual precisam trabalhar para evitar que mais pessoas continuem se infectando.
"Os casos não podem aumentar alucinadamente. Governo e cidadãos precisam fazer a sua parte para não ter uma 2ª onda. Houve afrouxamento, que não deveria ter acontecido, com baladas clandestinas, pancadões, restaurantes lotados, festas de aniversário e de casamento com 500 pessoas, como se a covid tivesse ido embora. O período eleitoral também teve aglomeração. São conjuntos de aglomerações em espaços fechados e basta uma pessoa doente para ter um aumento do número de casos."
Na rede pública, menos da metade das vagas está disponível
No Estado de São Paulo, a taxa de ocupação em UTI para covid-19 é de 52,7%. Em leitos de enfermaria, esse índice é de 42%. Já na capital paulista, a taxa de ocupação em UTI nos hospitais municipais é de 50%.
"A situação em internações e casos é equivalente à que tivemos entre setembro e outubro, época em que tivemos regiões variando entre amarelo e verde (dois dos cinco níveis do plano estadual de flexibilização da quarentena), quando começamos a ter mais estabilização, mas com números mais elevados", disse a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, nesta segunda, na coletiva de imprensa