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Hospital das Forças Armadas usa contêiner como necrotério

Distrito Federal vive auge da pandemia; unidade é frequentemente usada por autoridades do governo federal

8 mar 2021 - 18h44
(atualizado às 19h03)
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O Hospital das Forças Armadas (HFA), localizado no Distrito Federal, atingiu 90% da ocupação da sua Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no momento em que a capital federal vive o auge da pandemia de covid-19. Desde o ano passado, a unidade utiliza um contêiner frigorífico alugado para ampliar o espaço de necrotério.

Vista da fachada do Hospital das Forças Armadas em Brasília
Vista da fachada do Hospital das Forças Armadas em Brasília
Foto: Wagner Pires / Futura Press

Ligada ao Ministério da Defesa, a unidade é referência no tratamento da covid-19. A taxa de ocupação de leitos deste hospital, no entanto, não é divulgada. Já outros hospitais públicos e privados do DF têm o número de leitos livres divulgados pela Secretaria de Saúde local.

O HFA é frequentemente utilizado por autoridades do governo federal. O presidente Jair Bolsonaro realizou exames e, em janeiro de 2020, uma cirurgia de vasectomia na unidade. Já o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, passou os últimos dias de seu tratamento da covid-19 internado no HFA.

O governo federal não responde se o HFA, em plena pandemia, reserva leitos de UTI para militares e seus familiares. Segundo dados da Secretaria de saúde do DF, a capital federal tem 150 pacientes na lista de espera por leitos de UTI, sendo que 83 tem suspeita de contaminação pela covid-19.

Em nota, a Defesa afirma que o necrotério do HFA foi desenhado para atender demandas da década de 1970 e já precisava de ampliação desde 2005, ou seja, antes da pandemia. O ministério também afirma que a contratação do contêiner exige atender a legislação, "que determina que os corpos de doenças infectocontagiosas sejam acondicionados em separado e com refrigeração adequada".

Toque de recolher

O DF vive o pior momento da pandemia. O governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou toque de recolher das 22h às 5h em todo o Distrito Federal para reduzir a circulação de pessoas e conter a disseminação do novo coronavírus. A medida começa a valer já a partir de hoje e segue até o dia 22 de março. O decreto também amplia em mais uma semana o fechamento de atividades não essenciais. Antes, o fechamento iria até dia 15 de março, agora se estenderá até dia 22. Ao mesmo tempo, escolas particulares e academias permanecem autorizadas a funcionar.

O decreto diz que a determinação de Ibaneis leva em conta "risco iminente de superlotação das UTIs e unidades hospitalares na fase aguda da pandemia". O Distrito Federal já registra 4.962 mortes por covid-19 e um total de 306.251 casos confirmados da infecção. Até esta manhã, segundo dados da Secretaria de Saúde local, 88,4% dos leitos de enfermaria e 96,25% dos leitos de UTI para adultos com covid-19 estavam ocupados no Distrito Federal.

Durante o toque de recolher, todos deverão permanecer em suas residências em período integral. Há exceção para deslocamento realizado, "em caráter excepcional", para tratamento de saúde ou compra de medicamentos e "desde que configurada a intenção de retorno à residência e seja realizado logo após o término de jornada de trabalho regular". O texto também permite o deslocamento de servidores públicos em serviço, agentes de segurança privado, profissionais de saúde e autoridades de diversos Poderes.

A determinação de hoje se junta a outras ações anunciadas pelo governo distrital na tentativa de conter a covid. O governador também disse que investirá R$ 36 milhões na construção de três novos hospitais de campanha para atender pacientes de covid-19 e, no fim de semana, já havia anunciado a abertura de 14 novos leitos de UTI e 88 leitos de enfermaria para pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Ibaneis foi o primeiro entre os 27 do País a adotar medidas de isolamento para restringir a circulação de pessoas. Antes mesmo da confirmação do primeiro caso da doença no Distrito Federal, Ibaneis decretou emergência, no dia 28 de fevereiro de 2020. No dia 11 de março, suspendeu aulas e proibiu eventos.

Em junho, porém, o governador mudou radicalmente de postura e antecipou, em entrevista ao Estadão, que faria ampla reabertura de serviços. À época ele disse que "restrições" já não serviam para nada, pois havia se esgotado o "limite" da população. "(A covid-19) Vai ser tratada como uma gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início."

Estadão
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