Idosa que não sente dor é peça-chave para desenvolvimento de analgésicos
Escocesa de 74 anos vive livre de sensações como ansiedade, medo ou desconforto físico; condição rara foi diagnosticada após cirurgias
Já imaginou não ter sensações como ansiedade, medo ou desconforto físico? Pelo menos duas pessoas no mundo entendem bem a experiência e uma delas é considerada essencial para o desenvolvimento de analgésicos mais eficazes.
Trata-se da escocesa Jo Cameron, de 74 anos. Ela é portadora de um raro gene que a permite viver sem dor, segundo o blog Page Not Found, do portal "Extra".
"A descoberta inicial da raiz genética do fenótipo único de Jo Cameron foi um momento eureca e extremamente emocionante, mas essas descobertas atuais são onde as coisas realmente começam a ficar interessantes", declarou o professor James Cox, da University College London Medical School e principal responsável pelo estudo, em comunicado enviado à imprensa.
A expectativa dos pesquisadores é esclarecer o que ocorre a nível molecular para, então, compreender a biologia envolvida. A partir disso, surgiriam novas possibilidades para a descoberta de medicamentos aprimorados.
Quem é Jo Cameron
De acordo com a publicação, a idosa vive com o marido, na vila escocesa Whitebridge, e tem dois filhos. A descoberta de sua rara condição aconteceu 10 anos atrás depois que ela foi submetida a cirurgias no quadril - Jo sofreu uma degeneração articular grave na região - e em uma das mãos.
"Eu sabia que era uma pessoa despreocupada, mas não sabia que era diferente. Achei que era só eu", comentou Jo.
Com isso, a insensibilidade à dor foi diagnosticada por Devjit Srivastava, consultor do NHS, o serviço de saúde pública do Reino Unido. Na sequência, pesquisadores da University College London identificaram a variante do gene FAAH-OUT, que afeta vias moleculares ligadas à cicatrização de feridas e ao humor.