Infertilidade masculina: como avaliar a capacidade reprodutiva do homem
É comum atribuir os casos de infertilidade à saúde da mulher, mas o homem desempenha um papel importante no não sucesso reprodutivo
De acordo com o último relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas tem ou terá dificuldade para ter filhos naturalmente. Homens e mulheres são responsáveis, cada um, por 50% dos casos de infertilidade. Portanto, a investigação da infertilidade deve ser feita também por eles, por meio de exames específicos.
Vale destacar que o machismo cultural e a falta de informação sobre o tema levam os homens a não procurarem avaliar sua fertilidade no momento em que decidem ser pais, deixando esse papel apenas para a mulher. "No imaginário popular, a infertilidade é, geralmente, ligada às mulheres, mas a realidade é diferente", afirma a ginecologista e especialista em reprodução humana Dra. Maria do Carmo Borges de Souza, diretora médica da FERTIPRAXIS Centro de Reprodução Humana
De acordo com estudos recentes, em até 50% dos casos, esse problema tem relação com a saúde dos homens. "Nem todos os espermatozoides conseguem fecundar o óvulo devido a alterações de forma e motilidade", explica médica, que também é membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA).
No entanto, atualmente existem exames e tratamentos de reprodução assistida que podem ajudar a investigar e solucionar questões de infertilidade masculina.
Exames para identificar a capacidade reprodutiva masculina
Segundo o ginecologista especialista em reprodução humana Dr. Roberto de Azevedo Antunes, diretor médico da FERTIPRAXIS e diretor da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), é importante que os homens façam o exame de espermograma. Entre outras informações, o exame consegue avaliar a quantidade e qualidade dos espermatozoides presentes, além de possíveis fatores infecciosos e inflamatórios, por exemplo.
Além do espermograma, hoje pode-se dispor de outro exame, complementar àquele, que é o teste de fragmentação de DNA de espermatozoides, aponta Roberto. Esse teste pode ser uma opção em alguns casos, como a infertilidade sem causa aparente e perdas ou falhas de implantação, de repetição em casos de reprodução assistida.
"Esse procedimento médico consegue avaliar o dano oxidativo ao qual os espermatozoides estão sendo submetidos, que pode ser causado por consumo excessivo de álcool, cafeína, alimentação desregrada, obesidade, entre outros fatores", afirma o médico.
Causas de infertilidade
De acordo com os especialistas, a qualidade do sêmen diminui com a idade, principalmente após os 45 anos, o que impacta, portanto, na fertilidade masculina. Além disso, nos homens, as principais causas de infertilidade incluem:
- Varicocele;
- Criptorquidia na infância;
- Diminuição e baixa mobilidade de espermatozoides;
- Ausência da produção de espermatozoides;
- Vasectomia prévia;
- Dificuldade na relação sexual;
- Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
- Trabalho com produtos químicos, entre outros.
Congelar o sêmen é uma alternativa para a infertilidade
O congelamento de sêmen é uma importante alternativa de prevenção e preservação da sua capacidade reprodutiva. "Com o surgimento da técnica de vitrificação, em 2006, a eficiência do processo aumentou drasticamente. Hoje, por exemplo, contamos com elevadas taxas de sobrevida pós-descongelamento", explica o Dr. Marcelo Marinho de Souza, médico especialista em Reprodução Humana e também diretor da FERTIPRAXIS.
O especialista destaca algumas situações em que existe a indicação do congelamento do sêmen:
- Indivíduos que serão submetidos à vasectomia, preservando a fertilidade futura;
- Antes de tratamentos relacionados ao câncer (leucemia, câncer de testículo etc…), sejam cirurgia, quimio ou radioterapia;
- Prévio à cirurgia do testículo ou da próstata;
- Criopreservação dos espermatozoides obtidos por aspiração do epidídimo ou de cirurgias dos testículos;
- Indivíduos que trabalham em profissões de risco;
- Homens sem filhos e sem planejamento para tal, devido ao passar do tempo e envelhecimento, etc.
Marcelo destaca que a idade mais recomendada é abaixo de 45 anos. Isso porque, assim como os óvulos e embriões, o sêmen também não tem 'prazo de validade'. Apesar disso, não há um limite de tempo para se manter congelado para uso futuro.
Como funciona o processo de congelamento de sêmen?
Inicialmente, o sêmen é obtido por masturbação, devendo ser criopreservado em prazo máximo de 1 hora após a coleta. A amostra deve permanecer com temperatura próxima a 37ºC durante alguns minutos para a sua completa liquefação. Depois disso, o sêmen vai para análise em câmara especial.
O próximo passo é adicionar a um meio crioprotetor para a devida proteção da célula durante todo o processo de congelamento. Posteriormente, é feita a deposição em palhetas especiais adequadas para o congelamento em nitrogênio líquido.
Além disso, deve-se manter uma alíquota pequena para a análise pós-descongelamento para segurança e controle de qualidade do processo como um todo. As amostras são armazenadas em contêineres de nitrogênio líquido devidamente identificadas à temperatura de - 196ºC.
O caso é analisado pelo médico assistente e devidamente planejado para que seja descongelado exatamente no dia de sua utilização. Este dia deve ser individualizado de acordo com o perfil e estratégia de cada casal.
"Importante ressaltar a necessidade de se assinar termos próprios de informação e esclarecimento, o que torna o processo todo mais seguro. Igualmente, é obrigatória a realização prévia de exames de sangue, que atestam a inexistência de doenças infecciosas do paciente. Como um todo, trata-se de um procedimento muito seguro, em que podemos oferecer ótimos resultados para a preservação da fertilidade masculina", finaliza o médico.