Insônia? Remédio para dormir deve ser última alternativa; entenda
Remédios para dormir, como o Zolpidem, trazem graves consequências à saúde. O ideal é antes optar pela higiene do sono
Cerca de 72% dos brasileiros sofrem de doenças do sono, como a insônia, indica um levantamento recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Essa pode ser a explicação para a popularização do Zolpidem, remédio para dormir indicado para o tratamento de curta duração da insônia aguda ou transitória (curta duração) em pacientes que têm dificuldade para adormecer e/ou manter o sono.
O medicamento se tornou uma das opções mais comuns para melhorar a qualidade do sono do brasileiro. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que, entre 2011 e 2018, a venda cresceu 560% no Brasil. Aliás, só em 2020 foram comercializadas 8,73 milhões de caixas em todo o país.
Automedicação
Especialmente quando falamos de controle do sono, a automedicação é uma alternativa comum para muitas pessoas. De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), 77% das pessoas usam medicamentos para diversos fins sem prescrição médica, sendo que quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês e um quarto (25%), todo dia ou pelo menos uma vez por semana.
A prática é desestimulada pelo Ministério da Saúde, pois pode trazer consequências como o agravamento de uma doença, uma vez que a utilização inadequada pode esconder determinados sintomas, causar reações alérgicas, dependência e até a morte.
Por que é melhor evitar o uso de remédios para dormir?
O Dr. Rizzieri Gomes, médico cardiologista focado na mudança do estilo de vida (MEV) de seus pacientes, é enfático ao recomendar que se evite os medicamentos para dormir. Além disso, ele pede que jamais se faça uso deles sem a devida orientação de um profissional de saúde. Segundo o profissional, existem dois grandes riscos de quem toma remédio para insônia.
"O primeiro deles é a dependência, que pode ser química ou emocional. Quando ela acontece, a pessoa passa a acreditar que não vai conseguir dormir sem a ajuda do remédio. O que começa com a necessidade devido a um evento específico, muitas vezes uma situação traumática, e pode acabar se perpetuando por muito tempo", detalha o médico.
"E o segundo é o efeito da tolerância, quando o usuário sente a necessidade de aumentar gradativamente a dosagem, às vezes chega a trocar por um com ação mais intensa, ou mesmo a usar mais de um, e não consegue deixar de usar", alerta.
Transtorno de Insônia Crônica
Caso haja suspeita de Transtorno de Insônia Crônica, o especialista recomenda acionar um médico para realizar o diagnóstico. A 3ª edição da Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD) define esse transtorno a partir dos seguintes sintomas:
- Dificuldade em iniciar o sono;
- Dificuldade em manter o sono;
- Despertar antes do desejado;
- Resistência em ir para a cama no horário apropriado;
- Dificuldade para dormir sem a intervenção dos pais/cuidadores.
Além disso, o paciente pode sentir ainda:
- Fadiga;
- Déficit de atenção, concentração ou memória;
- Prejuízo do funcionamento social, familiar, ocupacional ou acadêmico;
- Alteração do humor/irritabilidade;
- Sonolência diurna;
- Alterações comportamentais (ex. hiperatividade, impulsividade, agressividade);
- Perda de motivação;
- Propensão para acidentes e erros;
- Preocupação ou insatisfação com o sono.
Higiene do sono: como colocá-la em prática
Pensando nos problemas que os remédios para dormir podem acarretar à saúde, o Dr. Rizzieri lista 5 ações que podem melhorar o descanso noturno, colocando em prática a higiene do sono. Confira:
1 - Rotina Relaxante: crie uma rotina noturna tranquila e relaxante, como ler um livro, tomar um chá de camomila ou meditar, por exemplo, para preparar corpo e mente para dormir.
2 - Ambiente Aconchegante: garanta que o quarto seja um santuário do sono, com temperatura adequada, escuro e livre de ruídos perturbadores.
3 - Horários Regulares: tente estabelecer horários regulares para dormir e acordar, inclusive nos finais de semana. Isso ajuda a sincronizar o relógio biológico e melhorar a qualidade do sono.
4 - Atividade Física: pratique exercícios regularmente, mas evitando atividades intensas próximo à hora de dormir. Isso porque o exercício físico ajuda a reduzir o estresse e melhora o sono.
5 - Cuidado com a Alimentação: evite refeições pesadas e estimulantes, como cafeína e bebidas alcoólicas, antes de dormir. Opte por alimentos leves que não perturbem o sono.