Jovem diz que parte do seu crânio está na barriga; e há um motivo para isso
João Cris teve traumatismo cranioencefálico e precisou preservar parte do crânio no abdômen; especialista explica que prática é comum
O influenciador digital João Cris compartilhou um detalhe curioso do procedimento ao qual foi submetido após sofrer um traumatismo cranioencefálico e perder parte do crânio em um grave acidente.
“[Parte do] Meu crânio teve que ser serrado porque meu cérebro estava com edema e eu poderia ter morte cerebral ou ficar com sequelas graves para o resto da vida”, explicou João em seu perfil no Instagram.
No entanto, o detalhe que chamou a atenção dos seguidores do jovem, foi que a parte do crânio de João retirada pelo médicos, foi realocada em sua barriga até ser reposta em sua cabeça.
@mansao044 Olha so o nosso querido joao
♬ som original - Mansão044
Técnica de preservação temporária
Em entrevista ao Terra Você, o médico neurocirurgião Felipe Mendes explica que essa técnica é uma etapa do procedimento para tratamento de traumatismos cranianos chamado craniectomia ou craniotomia descompressiva.
No procedimento, parte do crânio é alojada na região subcutânea do abdômen para posteriormente ser utilizada na cirurgia de reconstrução do crânio, corrigindo a falha quando o cérebro não está mais inchado.
O médico explica que o cérebro está situado dentro de uma estrutura rígida - a calota craniana. Quando existem situações que causam um inchaço ou edema cerebral, como, por exemplo, traumatismos cranianos graves, parte da calota craniana é retirada para permitir que o cérebro tenha mais espaço para se expandir, reduzindo o risco de lesões secundárias que podem ser extremamente graves e até fatais.
“Manter o fragmento ósseo no abdômen do paciente é uma técnica de preservação temporária. O tecido subcutâneo abdominal é um ambiente estéril e com boa vascularização, ideal para manter o osso viável até que possa ser recolocado”, justifica o especialista.
Ou seja, o osso é mantido em um ambiente favorável e estéril, reduzindo o risco de rejeição ou infecção quando recolocado. A vantagem de preservar o próprio osso é garantir um tecido que mantém as características anatômicas, com menor risco de infecções comparativamente a próteses sintéticas.
De acordo com o médico, essa técnica é realizada para reduzir a pressão intracraniana em casos de traumatismo cranioencefálico grave, com edema cerebral que não responde a tratamentos clínicos. Também pode ser indicada em pacientes vítimas de acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico ou isquêmico, quando há risco de herniação cerebral devido ao inchaço.
“Sua aplicação é bem estabelecida em centros de trauma e neurocirurgia de alta complexidade, tornando-se relativamente comum nesses contextos específicos”, diz o neurocirurgião.
O profissional conta que uma outra possibilidade seria a preservação em bancos de ossos, porém isso não é uma realidade viável em grande parte das regiões do Brasil.