Jovens são mais vulneráveis a mortes por calor extremo do que idosos
Nos próximos anos, mudanças climáticas e o aumento das temperaturas globais deve intensificar a preocupação com o bem-estar humano.
Embora o calor extremo seja tradicionalmente visto como uma ameaça mais significativa para as populações mais velhas, recentes estudos sugerem que os jovens poderiam se tornar as principais vítimas desses fenômenos até o final deste século. Os cientistas têm explorado esses efeitos ressaltando reviravoltas inesperadas nas tendências de mortalidade relacionadas ao calor.
De acordo com um estudo publicado na Science Advances, as temperaturas médias globais podem subir mais de 2,8º C em comparação aos níveis pré-industriais até 2100. Este cenário criaria um ambiente onde pessoas com menos de 35 anos estariam sob um risco maior de morte devido a ondas de calor do que os mais velhos. Esta pesquisa se concentrou nas condições climáticas e seus efeitos na mortalidade no México, revelando mudanças no padrão das fatalidades atribuídas ao calor.
Por que os jovens estão sob maior risco do calor?
A relação entre juventude e exposição ao calor extremo é complexa e envolve diversas variáveis sociais e comportamentais. Historicamente, acreditava-se que os idosos, devido à sua menor capacidade de regular a temperatura corporal e à presença de problemas de saúde subjacentes, seriam mais vulneráveis. No entanto, dados recentes mostram um quadro diferente.
Entre 1998 e 2019, a maioria das mortes relacionadas ao calor no México ocorreu em indivíduos abaixo dos 35 anos. Em contrapartida, os eventos de mortalidade causados por climas frios afetavam mais a população idosa. Esses dados indicam que, com o aumento das emissões de carbono e o crescimento populacional, mais jovens enfrentarão desafios fatais devido a temperaturas elevadas.
Um fator crucial mencionado pelos pesquisadores é o comportamento e o estilo de vida dos jovens. Eles estão mais propensos a passar tempo ao ar livre e, muitas vezes, em locais de trabalho não climatizados, aumentando sua exposição ao calor. Além disso, condições adversas, como alta umidade e calor extremo, foram identificadas como mais letais do que se pensava anteriormente. Mesmo temperaturas de cerca de 25º C já podem ser fatais, especialmente para esta faixa etária, que tende a ser mais ativa.
Como os países podem se preparar?
Os especialistas afirmam que, para mitigar o impacto do calor extremo, é vital que as nações globais tomem medidas proativas. Isso inclui regulamentações para limitar o trabalho ao ar livre durante os períodos mais quentes do dia, provisão de áreas de descanso refrigeradas, e campanhas de conscientização sobre os riscos associados ao calor. Além disso, o investimento em infraestrutura para resistir a temperaturas mais elevadas pode reduzir significativamente o número de mortes relacionadas ao calor.
Embora este estudo tenha sido realizado no México, suas conclusões refletem desafios que podem afetar de maneira desproporcional países de rendas baixa e média em um mundo em aquecimento. Muitos desses países já enfrentam problemas econômicos que podem ser intensificados por catástrofes climáticas. Países mais afluentes, que geralmente têm melhores recursos para se adaptar às mudanças, podem experimentar uma queda nas mortes relacionadas ao frio, mas não estão isentos dos efeitos das mudanças climáticas.