Julho Laranja alerta: a atenção com a saúde bucal começa ainda na infância
Para evitar problemas de saúde e também de autoestima durante a fase adulta, é preciso cuidar da saúde bucal desde cedo
Estamos no Julho Laranja, campanha que promove cuidados preventivos com a saúde bucal para crianças a partir de 6 anos. Com isso, as ações que ocorrem durante todo o mês são uma oportunidade para alertar: a preocupação com a ortodontia deve começar desde cedo.
Para a Dra. Carolina Alexandre, ortodontista na clínica IGM Odontopediatria, a higiene bucal adequada desempenha um papel vital na saúde e no bem-estar geral das crianças. "É fundamental ensinar e incentivar bons hábitos desde cedo, pois isso certamente terá um impacto positivo na saúde bucal ao longo da vida", diz.
Mantendo as doenças orais bem longe
A especialista destaca que uma boa higiene bucal pode prevenir a cárie dentária, que é uma das doenças mais comuns na infância. Além disso, bons hábitos com a saúde oral também auxiliam na prevenção de doenças nas gengivas, como a gengivite e a periodontite.
Essas doenças, não afetam apenas a saúde bucal, mas repercutem com efeitos na saúde geral, alerta Carolina. A doença periodontal, por exemplo, tem sido associada a condições sistêmicas, como doenças cardíacas, diabetes e complicações durante a gravidez.
"Sem falar nos casos de dor intensa e depois a perda dentária, teremos não só o desequilíbrio da mordida mas isso afetará a autoestima, a confiança e a qualidade de vida das crianças na infância e depois na vida adulta", adverte a ortodontista.
Além disso, essas doenças podem acarretar ainda problemas estéticos, que podem afetar a autoestima da criança por toda a vida. É o caso de dentes manchados, cáries visíveis e mau hálito, que podem causar constrangimento e insegurança.
O dente de leite também merece atenção
Não é porque vai cair que o dente de leite merece menos atenção do que a dentição permanente, destaca Carolina. Isso porque a saúde de um está diretamente relacionada à saúde do outro, e muito além.
"Os dentes de leite desempenham um papel crucial no desenvolvimento da fala, da mastigação adequada e na posição correta dos dentes permanentes", explica a especialista.
Problemas que mais atingem a saúde bucal das crianças
Além das enfermidades já citadas, Carolina aponta quais as doenças orais mais frequentes entre os pequenos. Confira:
Má-oclusão: um desvio da normalidade da oclusão, que é o engrenamento dos dentes.
Distoclusão: deficiência no crescimento do queixo, ou seja, quando a mandíbula, parte de baixo da boca, não cresce proporcionalmente. Esse tipo de problema confere à face do indivíduo um queixo pequeno.
Mesioclusão: crescimento desregulado da mandíbula para frente, deixando o indivíduo queixudo, prognata.
Mordida aberta: acontece quando os dentes da frente, preferencialmente, não se tocam. O indivíduo não consegue morder um sanduíche, por exemplo. Não consegue rasgar os alimentos com os dentes da frente.
Mordida cruzada: a parte de cima da boca não encaixa adequadamente com a arcada de baixo. Geralmente esse tipo de má-oclusão pode deixar o rosto torto.
Mordida profunda: é identificada quando os dentes cima cobrem muito os dentes de baixo podendo atrapalhar a mastigação, causando distúrbios na ATM (articulação temporo mandibular).
O modo como as arcadas dentárias se conectam e podem se desenvolver está ligado a fatores genéticos, ou uma combinação dos fatores genéticos com hábitos deletérios. É o caso, por exemplo, da respiração bucal, ou sucção não nutritiva de dedo, chupeta ou bico da mamadeira - fatores que influenciam diretamente na saúde bucal.
"Alguns tipos de má-oclusão devem ser tratados precocemente, enquanto outros podem esperar até a fase de puberdade. Isso porque o desenvolvimento dos nossos ossos dá-se principalmente antes da fase de puberdade, dificultando assim o tratamento de algumas má-oclusões", explica a profissional.
Como prevenir esses problemas
Para prevenir as má-oclusões é preciso começar bem cedo, adverte. "O melhor estímulo para o crescimento ideal da mordida e da face é a amamentação, que deve ser exclusiva até 6 meses e complementar até 2 anos", indica.
Depois dessa fase, vem a alimentação estimulante. "Devemos ofertar aos bebês durante a introdução alimentar alimentos de preferência consistentes, coloridos de texturas diversas para aprimorar os movimentos da boca, que dessa maneira terá condições de crescer e desenvolver dentro dos parâmetros de normalidade", orienta a profissional.
Além disso, é de suma importância também a saúde respiratória. Isso porque a respiração pelo nariz estimula a plenitude do desenvolvimento dos ossos da boca e consequentemente da oclusão, explica a ortodontista.
Carolina dá algumas dicas que podem ajudar os pais e responsáveis a cuidar da saúde bucal dos pequenos. Confira:
- Iniciar a higiene bucal desde bebê;
- Fazer consultas regulares ao odontopediatra, com intervalos de no mínimo 6 meses;
- Supervisionar a higiene na infância pelo menos até a criança ter autonomia para fazer bem feito sozinha, sempre priorizando as 3 escovações diárias e o fio dental pelo menos 1 vez ao dia;
- Manter na rotina alimentar da criança alimentos consistentes e nutritivos;
- Evitar ao máximo a oferta de alimentos ricos em açúcares e pegajosos.