Lipedema: 10 curiosidades sobre o diagnóstico
Médica endocrinologista comenta 10 curiosidades sobre esta condição
O lipedema, uma condição crônica e progressiva que se caracteriza pelo acúmulo desproporcional de gordura nos membros, causando dor na região afetada, tem ganhado cada vez mais destaque na mídia, nas redes sociais e nos consultórios médicos.
O motivo principal é por ter sido um assunto discutido entre algumas influenciadoras e celebridades: a modelo Yasmin Brunet, a repórter Juliana Massaoka e a influenciadora Luana Andrade são alguns nomes. Luana morreu depois de se submeter à lipoaspiração no joelho, por um quadro de embolia em seu pós-operatório. Desde então muito se tem falado sobre o diagnóstico desta condição, que ganhou oficialmente um CID (Classificação Internacional de Doenças) apenas em 2022.
Marcela Rassi, médica endocrinologista e professora de pós-draduação em Endocrinologia da Sanar e Afya apresenta 10 curiosidades sobre o lipedema:
• Apesar de ser uma doença até então pouco conhecida, ela é mais comum do que se imagina: cerca de 11% das mulheres no mundo são diagnosticadas com lipedema, embora o número possa ser ainda maior. Os dados são ainda incertos por conta da demora ou do não-diagnóstico em muitos dos casos.
• Lipedema não é resultado de maus hábitos alimentares: muitos acreditam que o excesso de gordura seja proveniente da má alimentação, tal qual a obesidade. Não, o diagnóstico não está relacionado a hábitos alimentares inadequados. Mesmo mulheres que mantêm uma dieta saudável e praticam exercícios regularmente podem desenvolver a condição devido a fatores genéticos e hormonais.
• Lipedema e Linfedema não são a mesma doença: ainda que as duas doenças apresentem o inchaço como sintoma, lipedema e linfedema têm causas distintas. O lipedema envolve o acúmulo de gordura, enquanto o linfedema é causado pelo acúmulo de líquido linfático. Importante dizer que os dois podem acontecer simultaneamente, agravando sintomas e incômodos.
• Os hormônios femininos estão diretamente relacionados com a doença: períodos de grandes mudanças hormonais - puberdade, gravidez ou menopausa, podem ser cruciais no desenvolvimento do lipedema ou progressão do quadro, já que é direta a relação entre os hormônios femininos e o desenvolvimento da doença.
• Sinais e sintomas são bastante distintos: podem incluir dor e sensibilidade nas áreas afetadas, formação de hematomas, aparência desproporcional das pernas e braços em comparação com o resto do corpo, inchaço anormal, sensação de cansaço e peso nas pernas, perda de mobilidade. A pele também pode parecer mais fria ao toque e apresentar textura irregular.
• Além do impacto físico, lipedema causa impacto na saúde mental: o estado constante de dor crônica e as alterações físicas que trazem consigo o lipedema podem afetar diretamente a saúde mental. Não é incomum em pacientes diagnosticadas com lipedema o desenvolvimento de quadros de depressão, ansiedade e transtornos de imagem.
• O diagnóstico nem sempre é simples e pede conhecimento especializado: o diagnóstico pode não ser fácil e requer exame físico detalhado, avaliação do histórico familiar e de estilo de vida do paciente. Além disso, exames complementares podem ser solicitados como avaliação hormonal e exames de imagem.
• Terapias chamadas conservadoras são as primeiras linha de tratamento: mudanças no estilo de vida com dieta adequada, controle do peso e suplementação quando necessária associada a exercícios específicos, drenagem linfática manual, uso de roupas de compressão e fisioterapia ajudam a melhorar a circulação, reduzir o inchaço e aliviar a dor em pacientes acometidos pelo lipedema.
• Lipoaspiração Tumescente é a opção cirúrgica para casos mais avançados: remover o tecido adiposo anômalo pode aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pacientes que desenvolveram casos avançados do lipedema. Vale lembrar aqui que a cirurgia deve ser sempre recomendada por um profissional da saúde especializado para lidar com esta condição.
• O tratamento é sempre contínuo e pede dedicação e disciplina: o lipedema é uma condição que pede acompanhamento constante e multidisciplinar, sempre variando de caso a caso. Na maioria das vezes inclui acompanhamento com endocrinologista, fisioterapeuta, médico vascular e nutricionistas, sempre visando a melhoria dos sintomas e qualidade de vida do paciente.
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