Lipedema: alimentação pode agravar e também tratar a doença
A dieta não é capaz de prevenir o surgimento do lipedema, mas está diretamente associada com a gravidade e extensão do problema
Muitas vezes confundido com a obesidade, o lipedema é uma doença vascular crônica, de origem hormonal, que acomete principalmente as mulheres. O quadro se caracteriza pelo depósito de gordura e inchaço localizado nas pernas e braços, com exclusão das mãos e pés. É comum que a paciente sinta dores nas áreas afetadas, indica a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).
Segundo a entidade, alguns estágios da vida são mais propícios ao seu desenvolvimento. É o caso da puberdade, gravidez e menopausa, justamente por se tratar de um problema que tem sua origem no sistema endócrino. A alimentação também é um fator de grande influência para sua evolução - e, da mesma forma, para prevenir a doença.
Alimentos que agravam o lipedema
De acordo com a Dra. Camila Helena, cirurgiã vascular e angiologista da Venous, pessoas com lipedema podem se beneficiar ao evitar certos alimentos e hábitos alimentares. Isso porque determinadas opções contribuem para o ganho de peso e pioram a inflamação. Por isso, a médica recomenda evitar produtos como:
- Alimentos processados e fast food;
- Açúcares refinados, como doces, bolos e refrigerantes, por exemplo;
- Gorduras saturadas e trans, presentes em alimentos fritos, produtos de panificação, margarina e carnes processadas;
- Álcool;
- Sal em excesso, o que contribui para a retenção de líquidos e inchaço.
- Alimentos ricos em sódio, como processados e enlatados;
- Alimentos inflamatórios, como aqueles ricos em glúten, laticínios, carboidratos simples e carne vermelha, por exemplo.
Além disso, a profissional orienta evitar abusar das porções no prato. "Evite comer em excesso, pois o consumo excessivo de calorias pode levar ao ganho de peso, o que pode agravar os sintomas do lipedema", justifica.
Como tratar a condição através da dieta
Por outro lado, a alimentação e o estilo de vida saudáveis, com a prática regular de atividade física são os pilares do tratamento do lipedema. Conforme Camila, alguns alimentos com ação anti-inflamatória podem ajudar a melhorar a gestão dos sintomas e a qualidade de vida das pessoas com essa condição.
Pensando nisso, a cirurgiã vascular listou algumas opções alimentares que podem ser benéficas para pessoas com lipedema. Confira:
- Alimentos ricos em fibras: opções como frutas, vegetais, grãos integrais e leguminosas podem ajudar a promover a saciedade e controlar o apetite, contribuindo para o controle do peso;
- Proteínas magras: incluir proteínas magras na dieta, como peito de frango, peixe, ovos e carne magra, pode ajudar a manter a massa muscular e apoiar o metabolismo;
- Gorduras saudáveis: são fontes de gorduras saudáveis alimentos como abacate, nozes, sementes de chia e azeite de oliva extra virgem;
- Ômega-3: são alimentos ricos em ácidos graxos e ômega-3 o salmão, a sardinha e a linhaça;
- Alimentos antioxidantes: alimentos ricos em antioxidantes, como frutas vermelhas, vegetais de folhas verdes, mirtilos e chá verde;
- Alimentos diuréticos: alimentos com propriedades diuréticas, como pepino, melancia e chá de dente-de-leão, podem ajudar a reduzir a retenção de líquidos;
- Água: manter-se bem hidratado é importante para apoiar a circulação e a função linfática. Por isso, beba água regularmente ao longo do dia.
Além disso, a Dra. Camila destaca a importância da atividade física regular. "Práticas como caminhadas, natação ou exercícios de baixo impacto podem ajudar a melhorar a circulação e a função linfática, além de apoiar o controle de peso", afirma a especialista.
"É importante lembrar que cada pessoa com lipedema pode responder de forma diferente a diferentes alimentos, e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. Portanto, é aconselhável trabalhar com um nutricionista que vai executar um plano alimentar adequado às necessidades individuais e monitorar os resultados ao longo do tempo", destaca a médica.
Tratamento do lipedema
A profissional revela que não é possível prevenir o lipedema através da alimentação ou de outras estratégias de estilo de vida. Isso porque esta é uma condição médica que tem um forte componente genético, o que significa que a predisposição para desenvolvê-lo está ligada aos seus genes.
No entanto, é importante entender que a alimentação e o estilo de vida saudáveis podem desempenhar um papel na gestão dos sintomas e no controle do peso, o que pode ser benéfico para as pessoas que já têm lipedema.
"Lembre-se de que o lipedema é uma condição médica crônica, e o controle dos sintomas muitas vezes requer abordagens multidisciplinares que envolvem o cirurgião vascular, cirurgião plástico, nutricionista, educador físico e fisioterapeuta. Eles podem incluir terapias físicas, tratamentos médicos e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos", afirma Camila.
Além disso, existe também o lado psicossocial afetado pela dificuldade no diagnóstico e pela forma como a paciente se enxerga, ressalta a médica. "Portanto, o acompanhamento psicológico com psicoterapia é fundamental. É fundamental também trabalhar com profissionais de saúde para desenvolver uma abordagem personalizada para cada caso", reforça.