Lipoaspiração é perigosa? Em que circunstâncias se pode fazer a cirurgia?
A busca por um corpo esbelto é uma preocupação constante para muitas pessoas ao redor do mundo. Dados mais recentes da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) apontam que o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking dos países que mais realizam procedimentos estéticos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo o mesmo estudo, a lipoaspiração foi o procedimento mais realizados nos últimos anos.
O que torna a lipoaspiração tão popular é a possibilidade de remodelar a figura corporal, removendo gorduras localizadas e tornando o corpo mais "perfeito". No entanto, a crescente popularidade desse procedimento levou à sua banalização e à realização por profissionais muitas vezes inadequadamente capacitados, aumentando consideravelmente os riscos para os pacientes e, em casos extremos, colocando vidas em perigo.
Portanto, é fundamental entender sob quais circunstâncias a lipoaspiração pode ser realizada com segurança e quais os potenciais perigos do procedimento.
O que é a lipoaspiração e como funciona?
A lipoaspiração, é um procedimento cirúrgico que visa a remoção de depósitos de gordura indesejados de áreas específicas do corpo. É uma técnica amplamente usada na cirurgia plástica para melhorar a forma corporal e criar contornos mais harmoniosos.
Inicialmente, o paciente é anestesiado, com anestesia geral ou local, dependendo da extensão da intervenção. Em seguida, o cirurgião realiza pequenas incisões na área a ser tratada. Uma solução líquida é injetada para quebrar as células de gordura, tornando-as mais fáceis de remover. A gordura é então aspirada por uma cânula inserida pelas incisões.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking dos países que mais fazem procedimentos estéticos no mundo. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Por fim, as incisões são fechadas com suturas ou adesivos cirúrgicos, completando o procedimento. Após a cirurgia, o paciente deve ser monitorado de perto e, em seguida, encaminhado para o processo de recuperação.
Riscos e complicações da lipoaspiração: o que você deve saber
Segundo o dr. Guilherme Bersou, cirurgião plástico pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), nenhuma cirurgia é isenta de riscos. É preciso selecionar quem pode ser submetido a lipoaspiração, pois operar pacientes que não se encaixam no perfil da cirurgia aumenta a possibilidade de complicações.
Além disso, o especialista enfatiza a importância de preparar muito bem os pacientes, para que eles cheguem com a parte clínica bem condicionada, diminuindo os perigos associados ao procedimento. Entre os cenários desfavoráveis causados pela lipoaspiração, podemos citar:
- complicações anestésicas: o uso de anestesia geral ou local apresenta ameaças potenciais, como reações alérgicas, problemas respiratórios e até mesmo complicações graves;
- infecções: como em qualquer procedimento cirúrgico, há um risco de infecção na área tratada, o que pode exigir tratamento adicional;
- hematomas e hemorragias: o risco de hematomas e hemorragias é real, e esses problemas podem levar à necessidade de cirurgia de emergência;
- assimetria e irregularidades na pele: em alguns casos, a lipoaspiração pode resultar em uma aparência assimétrica ou irregular da área tratada;
- complicações pulmonares e cardiovasculares: alguns pacientes podem desenvolver complicações graves relacionadas ao coração e aos pulmões —como arritmias, pneumotórax e edema pulmonar —, durante ou após a cirurgia;
- trombose e embolia: a imobilização prolongada pode favorecer a formação de coágulos sanguíneos, que, se não tratados, podem levar a sérias complicações, como tromboses, podendo chegar a embolia pulmonar.
É importante destacar que os riscos da lipoaspiração podem variar conforme a experiência do cirurgião, a técnica utilizada, a saúde geral do paciente e a extensão da cirurgia. Portanto, é crucial escolher um cirurgião plástico qualificado e discutir todas as preocupações e expectativas antes de prosseguir com o procedimento.
Quando a lipoaspiração é a escolha certa?
A decisão de fazer uma cirurgia plástica deve ser cuidadosamente ponderada e baseada em circunstâncias individuais. Sobre o perfil ideal de paciente que pode ser submetido à lipoaspiração, dr. Guilherme destaca: "deve ser feita em pacientes que já possuem uma mudança comportamental. Os melhores resultados são nos pacientes que se alimentam bem, fazem exercícios regularmente, mas que possuem gorduras localizadas que não saem de jeito nenhum".
Desse modo, aqui estão algumas situações em que a lipoaspiração pode ser considerada apropriada e segura:
- pacientes saudáveis: indivíduos que gozam de boa saúde geral têm menor probabilidade de complicações durante e após o procedimento;
- estabilidade de peso: a lipoaspiração não é um substituto para a perda de peso adequada; idealmente, os candidatos devem estar próximos do seu peso ideal e manter um peso estável antes de considerar a cirurgia;
- áreas localizadas: a lipoaspiração é mais apropriada para remover depósitos de gordura localizados que não respondem à dieta e aos exercícios.
A lipoaspiração é uma opção eficaz para remodelar áreas específicas do corpo, mas não está isenta de complicações. É fundamental entender os perigos associados ao procedimento e considerar as circunstâncias em que a cirurgia pode ser realizada com segurança.
A escolha de um cirurgião qualificado e a comunicação aberta sobre expectativas e preocupações são essenciais para minimizar os riscos e obter os resultados desejados. Em última análise, a segurança da lipoaspiração depende de uma avaliação individualizada e de uma abordagem responsável para a cirurgia estética.
