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Lotados, hospitais no interior de SP já recusam internações

Cidades como Campinas, Sorocaba e Ribeirão Preto têm ocupação de leitos de UTI para pacientes com covid-19 acima da média; em alguns, a lotação chega a 100%

18 jun 2020 - 11h09
(atualizado às 11h15)
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SOROCABA - A taxa de ocupação dos leitos hospitalares por pacientes com o novo coronavírus atinge níveis preocupantes no interior de São Paulo. Alguns hospitais que são referência no tratamento da doença estão lotados, são obrigados a recusar novas internações e prefeitos já cogitam transferir pacientes para a capital. Conforme a Secretaria da Saúde, a média de ocupação dos leitos de UTI no Estado atingiu 70,6% nesta quarta-feira,17, mas há sobrecargas pontuais que estão sendo atendidas com a abertura de novos leitos. Algumas das maiores cidades do interior, como Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, estão com lotação de leitos da covid-19 acima da média - em alguns casos com 100% de lotação.

Respiradores são descarregados com escolta policial, em hospital de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Respiradores são descarregados com escolta policial, em hospital de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
Foto: Divulgação/PM Ribeirão Preto / Estadão Conteúdo

Em Campinas, a rede municipal que atende o Sistema Único de Saúde (SUS) estava com os 120 leitos destinados a pacientes da covid-19 totalmente ocupados. Em toda rede pública e privada, a taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para a doença chegou a 87%, o percentual mais alto até agora. Dos 328 leitos, 284 tinham pacientes, mas a maior parte dos leitos desocupados estava na rede particular. No SUS estadual, que inclui o Ambulatório Médico de Especialidades e o Hospital das Clínicas da Unicamp, 50 dos 57 leitos estavam ocupados - taxa de 88%. Na rede privada, a ocupação era de 77%.

Diante desse cenário, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), não descarta transferir doentes para a capital ou cidades da região, se não houver alívio na pressão sobre a rede hospitalar local. "Quero lembrar que, quando São Paulo estava no sufoco, nós recebemos pacientes de lá. Estamos conversando, mas há uma situação logística a ser considerada. Se houver necessidade, o que ainda não aconteceu, preferimos transferir para cidades de médio porte da nossa própria região metropolitana, que receberam respiradores do Estado. Ainda não estamos fazendo, mas não é descartado", disse.

A prefeitura de Campinas informou que, a partir desta quinta-feira, 18, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Carlos Lourenço passará a ser exclusiva para internação de pacientes com a covid-19. A unidade terá 28 leitos, sendo três para estabilização de pacientes que precisam ser transferidos para UTI.

Ao anunciar um novo recorde de mortes em um dia, nesta quarta - mais 21 mortes, elevando o total para 185, além de 334 novos casos - o secretário de Saúde de Campinas, Cármino de Souza, disse que a situação é grave. "Estamos vivendo o pior momento da epidemia e o que nós podemos fazer é dar a melhor estrutura, a melhor atenção aos pacientes. Só temos uma arma eficiente neste momento: isolamento social", disse.

Em Sorocaba, a taxa de ocupação de leitos de UTI para a covid-19 nos três hospitais públicos subiu de 70% no dia 1.º de junho para 95% nesta quarta-feira, 17, quando foram confirmados 219 casos de coronavírus. A Santa Casa, com maior número de leitos de tratamento intensivo na rede municipal, estava com lotação total. De acordo com o administrador, padre Flávio Miguel Junior, houve um crescimento acentuado nas internações de pacientes com o vírus nos últimos dias. "Estamos conseguindo controlar, mas estamos no limite", disse.

O Conjunto Hospitalar de Sorocaba, com dez leitos, tinha 100% de ocupação. No Hospital Regional Adib Jatene, o índice era de 90%. Na cidade, desde o início de junho, a ocupação dos leitos de enfermaria subiu de 59% para 64%. O número de pessoas internadas com covid-19 ou suspeita subiu de 62 para 149, incluindo a rede privada.

Em São José do Rio Preto, com 142 casos positivos nas últimas 24 horas - recorde de infectados em um único dia -, a pressão sobre a rede hospitalar também aumentou. Segundo a prefeitura, 178 pessoas estavam internadas nesta quarta-feira com síndrome respiratória grave, sendo 70 em UTI. "No meio de maio, tínhamos 277 casos notificados de síndrome gripal leve por dia e agora, do dia 6 de junho para cá, tivemos aumento com um pico de 617 notificações em um dia. As pessoas estão procurando o serviço de saúde com sintomas", afirmou a gerente da vigilância epidemiológica Andréia Negri.

Em Ribeirão Preto, a taxa de ocupação de leitos de UTI que era de 85% caiu para 79% após a chegada de 32 respiradores, mas ainda está acima da média estadual. Os equipamentos chegaram na segunda-feira, 15, com escolta policial. O prefeito Duarte Nogueira (PSDB) disse que os respiradores permitiram ampliar o número de leitos para tratamento exclusivo de pacientes com covid-19 na cidade. "Saímos de 121 leitos para 131 e chegaremos a 154 apenas em Ribeirão Preto. Isso significa retaguarda para os novos casos de internação e redução no percentual relativo de leitos ocupados".

A Santa Casa de Sorocaba informou ter recebido dez respiradores e está em diálogo com a prefeitura para ampliar os leitos de UTI. A direção do Conjunto Hospitalar informou que mais dez leitos devem entrar em operação este mês.

O secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, disse que o governo estadual já distribuiu cerca de 2.800 respiradores para ampliar a oferta de leitos para pacientes graves da covid-19 no Estado. Outros 350 equipamentos estão para chegar e serão distribuídos às regiões que ainda precisam de suporte. Segundo ele, todas as regiões de São Paulo estão com leitos suficientes para atender à demanda atual e, se alguma região ultrapassar o limite de segurança, o Estado tem condições de mobilizar uma estrutura de apoio.

Estadão
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