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Maduro autoriza e empresa vai buscar oxigênio para hospitais do Amazonas na Venezuela

Bolsonaro considera presidente venezuelano como um rival. Chanceler chavista Jorge Arreaza disse que conversou nesta quinta-feira com o governador do Amazonas após o sistema público entrar em colapso no Estado

14 jan 2021 - 22h12
(atualizado em 20/1/2021 às 13h49)
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BRASÍLIA - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, orientou que sua diplomacia atendesse ao pedido do governo do Amazonas para liberar uma carga de oxigênio hospitalar da White Martins produzida no país. O chanceler chavista Jorge Arreaza disse que conversou nesta quinta-feira, 14, com o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), após o sistema público entrar em colapso no Estado.

"Por instruções de Maduro conversei com o governador do Amazonas, Wilson Lima, para colocar imediatamente à disposição o oxigênio necessário para atender a contingência sanitária em Manaus. Solidariedade latino-americana antes de tudo!", expressou o ministro Arreaza. Lima agradeceu em nome do povo amazonense.

Principal fornecedora do oxigênio hospitalar no Amazonas, a empresa White Martins comunicou que buscaria o estoque disponível em suas operações na Venezuela e que tentaria viabilizar a importação para abastecer o Estado. "A White Martins já identificou a disponibilidade de oxigênio em suas operações na Venezuela e, neste momento, está atuando para viabilizar a importação do produto para a região", disse a empresa em nota.

Segundo o Ministério Público, a White Martins alegou "não possuir logística suficiente para atender a demanda" no País. A companhia disse que a demanda do Amazonas chegou a 70 mil metros cúbicos por dia, após aumentar cinco vezes nos últimos 15 dias.

Ao mesmo tempo, a empresa disse que realiza uma "grande operação por vias fluvial e aérea" para trazer oxigênio de fábricas localizadas em outros Estados no Brasil, com apoio das Forças Armadas e governos.

Oxigênio para hospitais do Amazonas pode vir da Venezuela
Oxigênio para hospitais do Amazonas pode vir da Venezuela
Foto: Reprodução / Estadão

Desde o ano passado, a diplomacia bolivariana tem tentado uma trégua com Brasília. Em agosto de 2019, por exemplo, a chancelaria chavista ofereceu ajuda durante as queimadas na Amazônia. No ano passado, sugeriu o arquivamento das diferenças políticas e ideológicas em prol de um esforço continental sanitário para lidar com a pandemia do novo coronavírus. O próprio Maduro chegou a dizer, em julho, que gostaria de ter uma "coordenação efetiva com autoridades governamentais e de saúde". O Itamaraty ignorou.

Brasília e Caracas começaram um processo de afastamento no fim do governo Dilma Rousseff. Hoje, os países mantêm relações mínimas. Bolsonaro determinou o fechamento das representações diplomáticas em Caracas e no restante do País. Além disso, cassou o status diplomático dos representantes de Maduro em Brasília. Eles são agora "personae non gratae".

Em tese, o governo Maduro poderia barrar a exportação para o Brasil administrativamente. Desde o início da pandemia, o governo Bolsonaro já usou do expediente de controlar a exportação de insumos hospitalares com alta demanda, como o comércio de respiradores pulmonares, álcool em gel e máscaras.

Estadão
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