Mãe denuncia Hospital Santa Joana por fraude e negligência médica em morte de bebê
Apesar de ter nascido saudável, Davi morreu dois dias depois; Marília Panontin diz que a maternidade tentou esconder real motivo da morte
A médica Marília Panontin iniciou uma campanha contra o Hospital e Maternidade Santa Joana, uma das mais conhecidas de São Paulo, após a morte de seu filho Davi, ainda recém-nascido. Ela e o marido, o delegado Victor Melo, denunciaram o hospital ao Ministério Público de São Paulo por negligência médica e por fraude no atestado de óbito.
A informação dada inicialmente para os pais era que a criança tinha morrido por causa de uma parada cardíaca. A mãe, porém, diz ter tido acesso aos prontuários médicos e ali estaria escrito que o bebê havia sofrido "engasgo e regurgitação", tendo aspirado "grande quantidade de secreção branca de aspecto leitoso".
Davi morreu no dia 3 de julho, dois dias depois de nascido. Segundo a mãe, apesar de prematuro - o bebê era gêmeo e nasceu com 35 semanas de gestação, e o ideal é a partir de 37 -, ele veio ao mundo saudável. Ele e a irmã, Lara, foram levados para a UTI neonatal para ganhar peso e serem monitorados.
Na noite do dia 2, Marília lembra de ter estado na UTI com os filhos até tarde, próximo das 23h, horário em que retornou ao quarto com o marido para descansar. Já por volta das 4h, ela foi acordada com a notícia de falecimento do menino.
"Ainda sem acreditar fui levada até a UTI e me deparei com o corpo do Davi já sem vida, gelado. Desesperada e incrédula, comecei a questionar e a gritar o porquê, o que havia acontecido, sendo que eu tinha visto o Davi bem poucas horas antes. Em resposta a tais questionamentos, as doutoras alegaram que meu filho havia sofrido uma parada cardíaca, uma morte súbita", relembrou Marília, em um desabafo.
Ela diz que começou a questionar também a demora em chamar os pais, já que o menino teria morrido duas horas antes. "O corpo do meu filho já estava com a pele bem pálida, arroxeada e com o corpo frio. Estava claro que não havia acabado de falecer. Fiquei completamente destruída com aquela cena", disse.
Continuando com as acusações, Marília também afirma que o hospital errou ao liberar o corpo sem que passasse pelo Instituto Médico Legal (IML) para realização de necrópsia.
Em outro momento, a mãe chora ao relembrar que Davi era planejado e nasceu fruto de uma fertilização in vitro. "Eu gostaria que os responsáveis soubessem que o Davi foi um bebê muito planejado, muito querido, muito amado. E eu, como mãe, como médica, estava disposta a cuidar integralmente dos meus filhos, mas eu acabei sendo enganada e confiei numa maternidade que se afirmava ser muito mais capacitada do que eu naquele momento."
O que diz a maternidade
Em nota, o Hospital e Maternidade Santa Joana diz que não pode comentar detalhes sobre o caso por sigilo médico, mas que não detectou "descumprimento de protocolos assistenciais".
"O Hospital e Maternidade Santa Joana é uma Instituição séria e há mais de 75 anos se dedica à saúde materna e do neonato. Por questão de sigilo médico, esclarece que não pode compartilhar mais detalhes sobre o caso. A Instituição não detectou qualquer descumprimento de protocolos assistenciais e reitera que está à disposição das autoridades competentes para apuração cabal dos fatos", diz a nota completa.